quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Demónio das Águas

Demónio das águas
Em mim bate o teu coração
Águas negras em que navegas
Sem rumo, sem direcção
Sinto por ti, estas só
Águas que tornas-te silenciosas
Que calas-te para sempre
Um dia, estarei também eu nelas
Em paz e bem longe
Demónio, não tens alma
Os teus olhos outrora brilhavam
Agora são negros como a noite
Cegas-te, porque achas-te que assim deveria ser
Nada em teu redor merecia
O pouco de bom que havia nos teus olhos.
Tanto estás, como desapareces
Ninguém te vê
Alguns em ti acreditam
Raros te sentem
Apenas aqueles que dor louca possuem
O bater do teu coração no meu
Eu sinto-o e no cruel dia que deixe de acontecer
A trovoada violenta no céu
Libertará sangue
O sangue de todos os que sofreram ao partir
Lágrimas dos que em vida ficaram
E juraram vingança.
Tuas águas sussurram
Melancólicas melodias
Acompanhadas por tristes poemas
Entre gemidos inconscientes.
No dia em que deixar de sentir o que me fazes sentir
Ficaras fraco, perderás força!
A força é te dada pelos que vivem o mesmo
Ou sentem algo idêntico, que tu.
Desde o infeliz dia em que nasceste
Gritas a cada passo
« Dor Dor Dor Dor Dor »
Morrerei no dia em que não mais te escutar,
A minha alma fugirá
E para a eternidade ficara a navegar
Nas tuas águas profundas.
Raros sentem por ti
Talvez porque no fundo
Raros foram aquele que escutaram
Algumas vez, nas suas miseras vidas
O grito silencioso do sofrimento.
E tu, Demónio das águas
Continuarás a exprimir
Para aqueles que o queiram ouvir ..
« Dor Dor Dor »
10.Março.2008

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