quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

sem passo seguinte.

Eu recuei bem no tempo, numa viagem angustiante e dolorosa, voei mais rápido que flechas índias a sobrevoarem os céus até se cravarem no peito dos inimigos. Larguei as mentiras, as promessas, as marcas da vida-brincadeira, meti álcool nas feridas que ainda sangram, fechei os olhos ás acções traiçoeiras, apaguei desilusões e decepções. Amaldiçoei aqueles que me mandaram abaixo nos piores momentos, os que jurando a pés juntos que aquilo seria eterno e há ultima da hora pregaram um final humilhante. Apanhei do chão pedra por pedra, para não voltar a tropeçar, deixando de olhar para o caminho em frente como deveria fazer sempre. Arrisquei atravessar rios profundos sem qualquer ajuda, tudo para mostrar que sou capaz. Evitei ciumes, vinganças, sentimentos revolucionários, ódios e maus olhados alheios. Eu afastei-me dos palpitares impossíveis, das paixões platónicas, dos amores impossíveis, da esperança sofredora e das ilusões fantasiosas. Eu recolhi-me do bem e do mal, do óptimo e do muito mau, da alegria da tristeza, da melancolia e da agitação. Impedi-me que soubesse o que é uma vida, e afinal, sempre consegui. Porque este recuou no tempo saberia que o faria um dia, e tudo estaria de estar igual. Mas agora penso, e, valerá a pena?

3 comentários:

maria miguel disse...

identeifiquei-me tanto com este texto. estava capaz de escrever a mesma ideia também.

beijinho

Anónimo disse...

míuda... you rock !

David Pimenta disse...

que texto **. fiquei mesmo impressionado!
obrigado por teres tirado um bocadinho de tempo para leres os nossos textos mais antigos, são bastante puros mas ao olhar para eles parece que nem fui eu que os escrevi por 'relatarem' fases tão diferentes na minha vida e da minha companheira (:
um dia, também vou ler os teus mais antigos. hoje, o cansaço já começa a pesar.
beijinho Mafalda :*