domingo, 10 de maio de 2009

Foi no dia 8, á uma e cinquenta da madrugada.

Era a noite. E foi a noite. O coração estava sempre impaciente, amargo, tremido e tristonho. Pensava que não vinhas, julgou que fosse uma noite sem ti, e ele tanto que precisava de ti nela. Era a noite. E foi a noite. O coração parou, quando os olhos leram a mensagem no telemóvel que virias, por mim e para mim. Fiz do álcool meu aliado, com o seu excesso, infantilmente para ganhar mais coragem para me tocares passados tantos meses. Era um tremendo impasse, ansiedade no olhar que era disfarçado pelo dançar do corpo sentado em cima da coluna da discoteca à tua espera, à tua procura ferozmente, como leoa ansiosa pela presa após dias a fios sem alimento. Queria essa tua carne, bem cerrada nos meus dentes. Era a noite. E foi a noite. De visão ligeiramente turva, de mãos a deixar de tremer de nervoso devido ao álcool a bater a sua auto-pulsação descoordenada e divertida, a tirar partido desta cabeça oca e deste corpo faminto. Como eu queria que fizesses comigo, só naquela noite, sem arrependimentos ou problemas de consciência. Olhando de esgueira vi-te, com o teu estilo bonequinho, lindo com os olhos cor de mel que nunca me deixas contemplar - por não seres capaz de me olhar nos olhos tempo suficiente para tal - e levada pelas bebidas já algumas e pelo amor, subi com duas amigas para o cimo das colunas que vibravam, não tanto como o meu corpo, de tamanha provocação que queria fazer-te assistir. E aí viste-me tu, e sorris-te ainda firme no teu lugar distante do meu. Queria-te meu cada vez mais, e fiz fermentar a mistura do ciume e do prazer, que te fez voar até mim. Arrancando-me dali, e ao encontro de rostos a união de duas bocas de encaixe perfeito. Joguei-me a mim mesma contra a parede negra atrás de mim, e dançamos encaixados noite fora. Contigo puxando pelo meu lado mais sexual, selvagem, prazeroso, sensualmente atrevido e deliciado perante tal ser vivo à minha frente. Era a noite. E foi a noite. Em que foste só meu e me prometes-te ser eu a única daquela noite longa que acabou cedo, por ter de ir embora. Despedi-me de ti, depois de todo aquele envolver de atracção no ar, como se aquela pudesse ser a ultima vez que estaria contigo e tu comigo. Não prestas, e eu ainda não aprendi a não gostar de ti.
- mas tu tens namorada.
- e agora é que te preocupas com isso?

2 comentários:

disse...

"Não prestas, e eu ainda não aprendi a não gostar de ti."

sentido. texto coberto de sentimento. pôh. tão real. uma história igual a muitas outras... que desejo, que vontade, que raiva. Suplicam-se os aliados...

Mara disse...

Forte, um dos melhores teus que li até hoje.
Fiquei de boca aberta.

«Não prestas, e eu ainda não aprendi a não gostar de ti.»