terça-feira, 26 de maio de 2009

letters. I

Querido mar,
hoje inicio com um pedido desamparado e de alma desesperadora. Trás-me o meu amor de volta. Enrolado nas tuas ondas de agua mornas devido ao sol colado como ponto amarelo no imenso céu. Ele está-me a escorregar por entre os dedos como agua cristalina tua, e eu não estou a conseguir mais agarra-lo. O meu coração inundou e morre lentamente afogado. Trás-me o meu oxigénio. Trás-mo com areia nos lábios para que eu limpe e o beijo nos saiba a sal. Começo a ficar com a pele escamada de tanto remexer em ti, à sua procura. Eu sinto a falta dele, não só fisicamente como dos seus sentimentos. Faz-lo querer-me tanto ou mais como eu o quero a ele. Dá-nos barbatanas e une-nos as mãos engelhadas para que fiquemos para sempre ligados. Acabariam as guerras, as traições e os segredos. O mundo precisa de saber qual os meus sentimentos. Não quero ter guelras que espoliem mentiras constantes como as que tenho de prenunciar para que o segredo-mor se mantenha. Tenho constantemente a cabeça a fabricar bolhinhas de sabão, já nada mais cá entra realmente durante aquelas fases largas em que o telefone não toca ou ele não me olha ao passar por mim. Penetra-lhe amor por mim e trás-lo à costa. Estarei sentada no areal, ansiosa, pelos seus olhos de mel a guerrearem por beleza com o teu imenso azul.
com amor,
Mafalda

2 comentários:

Tani disse...

Penetra-lhe amor por mim e trás-lo à costa.


Estou num espirito muito maritimo, tambem *

Mónica disse...

«Faz-lo querer-me tanto ou mais como eu o quero a ele.»

adoro adoro :)