sábado, 18 de julho de 2009

detalhes da tua ausência VIII

O desconhecido sempre foi algo que me dizia que me defendesse e protegesse a minha intimidade com toda a força e garra que tinha. Quebras-te o meu escudo. Furas-te de punho cerrado a placa nublada em minha volta que me afastava dos curiosos ou interessados. Nunca percebi se gostava de assim ser, era mais o habito e o medo que me tomavam as acções de me resguardar do resto. Melhoraste-me, e este meu instinto manteve-se em stand-bye.
Crias-te um mostro. Aprendi muito contigo, mas desaprendi também. Tornei-me exigente - ainda mais - insatisfeita, sedenta e depois, por loucura minha, sozinha. Ver-me só de novo fez com que o instinto e o meu estrago pessoal se sentissem como uma criança que aprende a falar e depois ficasse de seguida anos sem o fazer. Misturou-se tudo mas eu julguei-me adulta suficiente para saber lidar com qualquer situação que viesse dali para a frente. Mas tenho feito tantas asneiras que agora tenho certezas de que não o sou assim tanto. Não me estou a desculpar, muito menos a culpar-te. Só a constatar factos. Não sou tão madura como pensei e tu, queiras ou não admitir, formaste-me como se eu fosse depender de ti a vida toda. E sabes de longe que não era o que eu queria de todo. Não o ficar contigo para sempre, mas a parte da dependência. Lembro-me de quando gozava contigo e dizia que não eras meu namorado mas sim a minha minha melhor amiga. Porque verdade seja dita, e por mais que as minhas duas meninas agora me venham dar nas orelhas, era a mais pura das verdades. De todos os amigos de antes, hoje ou que viram. Tu eras o melhor. E, mesmo de orgulho ferido, digo que o serás sempre. O melhor amigo que algum dia tive em mãos. Dizeres-me agora que já não me amas. Não sei descrever a sensação. Foi como um género de alivio por ti. Porque se acabaram as dores esgotantes, os choros nocturnos, os pensamentos de te perguntares em que é que falhas-te e porque é que eu te deixei. Agora tens o coração solto, e mesmo sabendo que difícilmente o abrirás de novo para alguém, ao menos já não sou mais um tema em que ocupas a cabeça e esse coração tão admirável. Estejas em casa ou realmente numa cama de hospital, fale bem ou não contigo, quero mais que tudo neste mundo que sejas forte. Tanto ou mais como pensas-te eu ser quando me conheceste.

Eu não me queria começar a expor tanto, mas merda, há outra maneira de tu me ouvires sem mal escutes me venhas com a tua argumentação nata para cima?!

2 comentários:

Mara disse...

«Eu não me queria começar a expor tanto, mas merda, há outra maneira de tu me ouvires sem mal escutes me venhas com a tua argumentação nata para cima?!»


não, não há
po vezes questiono se também lhe devia dizer para ler o meu blog, para se rever naquilo que escrevo e descarrego
não sei
fico sempre pelo silêncio
ainda não decidi se é melhor ou pior ele saber tudo aquilo que vai aqui dentro, se é melhor sentir-me ainda mais desprotegida a seu lado

a ausência mata

N R disse...

Eu não conheço a argumentação dele, mas a tua - embora não seja bem argumentação, é aquilo que sentes - é incrível.
Mostras tudo sem fazeres juízos, sem te repetires, apenas o que é, - e não é nada pouco - além de estar muito bem escrito. È de louvar.