segunda-feira, 3 de agosto de 2009

letters. VII

Querido mar,
não sei como te sentes mas prevejo uma tempestade agreste para este final de tarde. Ele voltará com ela.
(Ainda) não sei até que ponto estará disposto a intervir no sal que me cobre a pele, mas só o seu re-aparecimento destabilizou a minha atmosfera envolvente. Eu sabia que ele viria, no seu avontade natural. Como peixe a nadar dentro de agua até mim, procurar a sereia de quem o coração nunca parte. Sabe a estrela mais bonita que te cobre com a noite em como ele não se apercebe de meus sentimentos. Sinto-me vulnerável, saturada destas marés de peixe podre a dar à costa. Anseio por um tornado no teu centro, que se alonga-se até ao mais fundo local do oceano, e que ele fosse sugado para lá. Está apoderar-se de mim um sentimento de vingança insustentável - eu que nunca fui dessas coisas. Como num filme, como num mar revolto em dias de calor, ando abrir caminho com o inimigo, apenas para o pressionar. É cruel, mas não mais do quanto fui usada. Coloquei-me numa encruzilhada sem saída, nadei demais e agora estou sem forças para nadar de regresso... e é fundo demais para meter os pés no chão e correr.
ainda que sem barbatanas,
Mafalda

4 comentários:

N R disse...

O mar é tão grande para estar sem barbatanas, nadar fica tão difícil. E se é para ir ao fundo, o melhor é deixar uma mensagem numa garrafa, mas com a certeza de ser entregue, para pedir ajuda. Se, antes de ir ao fundo, a ajuda chega ou não, só se sabe depois. Mas pelo menos chegas-te avisar. Não é fácil encontrar uma garrafa resistente o suficiente, as de vidro partem-se tanto e são frias, mas até agora ainda não há melhor, e o que conta mesmo é a mensagem.

Joana M. disse...

Que doce.
Atiro-te as barbatanas, para que te safes sem problemas, Mafalda.

Anónimo disse...

Já li o mail, nao tive tempo para responder isto de tar sem net é uma treta!
Podes mandar novidades respondo na quarta, sem falta.
Está tudo a ir abaixo, preciso mesmo de falar.

Beijinhos, Diana

MafaldaMacedo disse...

Diana, não se já escreves-te mas leio amanha. Fiquei preocupada. Nem sonhas o que me aconteçeu hoje, nem me consigo olhar ao espelho. Beijinhos