sexta-feira, 30 de outubro de 2009

23:48

Acho que não imaginas o quanto difícil é escrever para ti. Não sei se será de mim ou se o amor nos faz perder a imaginação - quero demais a realidade que tu és, para me permitir iludir por algo que só há na minha cabeça. Não compreendo porque me é trabalhoso expor-te aqui assim, em letras, em descreveres meus, e saberá deus se quero realmente perceber, ou não serei eu uma apaixonada desassumida pelas incógnitas dos meus dias, dos meus sentimentos mais fundos (que agora são somente teus). És um progressivo devaneio, um desassossego prazeroso, uma linha fina que teço todos os dias com dedos de tesoura - e tenho o cuidado do mundo nas minhas pontas afiadas, pois serei eternamente mulher nua sem o teu cordão de tecido presente. Puxas de mim um algoritmo invulgar, partículas no ar de um céu que era uma coisa, e contigo, quer ser sempre mais, alcançar as estrelas e não somente um céu visível aos olhos de ver. És o tempero principal do meu som, do meu paladar. Quem adoça as minhas papilas gustativas e vislumbra os meus olhos castanhos. Não me cegues. Poderia não sentir mais o teu cabelo entre os meus dedos esguios, mas jamais me permitiria não ter visão que alcance o todo que és. Tão natural, tão meu.

-"quero a minha Mafalda."

2 comentários:

. disse...

Adorei o texto, as palavras utilizadas, tudo. transborda emoção e identifico-me muito com ele!

N R disse...

"quero demais a realidade que tu és, para me permitir iludir por algo que só há na minha cabeça." - esta frase está muito boa, gostei mesmo muito.
Ainda bem que os sentimentos do presente inundaram os do passado, pelo menos nas tais feridas abertas. :)