domingo, 27 de dezembro de 2009

me&u

E tudo isto perde sentido quando fujo das minhas próprias iniciativas. Acções tomadas de cabeça fria e coração quente. Eu nunca quis que isto levasse este rumo, nunca desejei esta direcção, nunca pensei que não tivesse força suficiente para alcançar o travão enquanto tudo descia descontrolado ravina abaixo. Não imaginei que o início da minha liberdade, fosse o final da tua. E curioso é que por isso mesmo, também a minha se tornou limitada. Cheguei a não saber sequer o que ela era. Lamento também não ser tão capaz de enfrentar e preferir o silêncio quando me são exigidos dialectos. Eu achava realmente que nem todos os ciclos tinham de ter um fim. Eu achava que este nunca acabaria. Eu achava que ia ser para sempre. Mas não foi, e acho que por estas alturas não é culpar alguém que realmente importa, é perdoar. Pegar na agulha fina com linha transparente e cozer os rasgões e feridas abertas. É travar as memórias más que surgem importunamente. Haverá força para isso? Não gosto das situações «sim ou não». Eu acabo sempre por não escolher nenhuma e ir embora, fico somente a perder, mas ao menos não tive que escolher entre a felicidade e a miséria. Nunca direi Adeus, nunca direi Olá. Espero sempre por um Até já. O tempo navega tão veloz que o futuro é já amanhã. Não vale a pena dizer-mos que mais tarde se discute certo assunto, se esse mais tarde chega mais rápido que a noite aos corações. Eu nunca quis nada disto. Odeio com todas as minhas forças esta situação, este desamparo comum. E ainda mais odeio a escolha que tenho de ter. Porque é injusta. Mas reconheço que não é só para mim que o é. Tenho evitado divagar sobre tudo isto, sobre o tempo que passou que pareceu décadas. É difícil chegar e admitir por alto a situação penosa em que estamos. Ainda te lembras do meu cheiro? Eu já esqueci o teu. E não o queria, porque não quero lembrar só o pior que vi de ti, que recebi de ti. Nada se compara ao melhor que recebi na vida, mas a verdade é que cada vez é mais difícil lembrar. Só choro, só desamparo e muitas, muitas escolhas. Sabes tão bem quanto eu que o nosso tempo acabou. Que por mais que custe, e que eu saiba que não sou feliz sem ti, seria um erro arriscar. Não acredito que fossemos capaz, por mais sentimento que exista. Amar só não basta. Mas para o bem e para o mal, guarda para ti somente uma coisa: eu irei sempre buscar-te. Mesmo que me agridas, mesmo que me berres, que me insultes, eu atravessarei o mundo para te puxar para mim. Um dia, quando me perdoar a mim mesma e esquecer tudo. E com sorte, também tu me desculparás as escolhas erradas que tomei. Até logo

7 comentários:

Anónimo disse...

Está tão, tão forte!
DL

N R disse...

Este texto nota-se que veio com os nervos bem em cima, com os primeiros impulsos. Está cheio de frases marcantes, mas nem parece assim tanto os teu, pareces estar a implorar por algo, que imagino ser paz com essa pessoa, e perdão. Força, tenta aguentar todos os ataques, pois eles agora são o que terás de passar para um dia chegares a essa paz, e a felicidade de serem os dois livres, um ao pé do outro.

Espero que estejas bem. *

Unknown disse...

Está tão forte.
Desculpa, nao resisti a comentar.

N R disse...

Hum... sua rebarbada. :P
E eu a pensar que as pessoas iriam logo notar a excelente interpretação do Edward Norton, aparece o Bloom e é o que se vê. :D

Mara disse...

Há coisas que simplesmente não resultam. Seja por que razão for. E quando é assim o melhor mesmo é aceitar porque, mesmo que com essa aceitação venha dor, ela será sempre maior se apostarmos num amor furado.

adoro ler-te*

Dani disse...

escreves tanto
e tão fundo :')

Filipa disse...

Está tão agressivo e tão forte, mas ao mesmo tempo dá gosteo em ler. Percebo perfeitamente esse teu texto, mas sabes uma coisa? Nunca desistas do que queres. força ;)