terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Dear city,
Há dias em que sentimos que nos falta algo, que nos esquecemos de certo objecto ou que perdemos alguma coisa. Até aí tudo bem, são só sensações que entretanto passam com o desenrolar do quotidiano. O problema é quando chega o dia em que isso acontece. Que realmente alguém nos escapa por entre os dedos que não soubemos pressionar bem. Nem dá para sentir a textura do tecido das roupas, o cheiro do perfume, recordar uma ultima vez o brilho dos olhos. É um arranhar profundo na alma miudinha no nosso interior, é como cortar a sangue frio uma parte do corpo sem nos pedir sequer autorização, sem dar anestesia. Sem nos colocar a dormir longas horas, e com sorte o coração esquecer entretanto essa perda. Porque é algo que não nos ensinam desde crianças, a manter uma segunda vida junto da nossa eternamente. Eu queria tudo calculado, tudo expresso nas manchas de texto dos jornais, todas as teorias certas que levariam ao retardar dos magoares, dos bolsares de impurezas e desamores.

8 comentários:

Margarida disse...

assim nao haviam surpresas, tao pouco sentias o coraçao. as vezes mais vale senti-lo a cair aos bocados, e as vezes a cidade ajuda a disfarçar. disfarçar...

maria gabriella disse...

Está lindooo :p

Maria Ana Castello-Branco disse...

eu, simplesmente, identifico-me com cada texto teu, é assustador. exprimes-te na escrita mto bem e, por isso, parabéns

beijinho

Unknown disse...

bonito :)
gostei daqui

Unknown disse...

A vida é mesmo isso, sem calculos, nem planos.

adorei, mais uma vez ;)

joana disse...

não nos ensinam, da mesma maneira que não nascemos ensinados. não conheceríamos o sabor de sentimentos que, apesar de alguns não serem os que mais gosto nos dão sentir, são os únicos que realmente têm algo para nos ensinar...

Mara disse...

«Que realmente alguém nos escapa por entre os dedos que não soubemos pressionar bem. Nem dá para sentir a textura do tecido das roupas, o cheiro do perfume, recordar uma ultima vez o brilho dos olhos. É um arranhar profundo na alma miudinha no nosso interior, é como cortar a sangue frio uma parte do corpo sem nos pedir sequer autorização, sem dar anestesia»

Perder alguém é a pior sensação do mundo. Especialmente se esse alguém nos diz muito. É como se nos roubassem o chão. E depois do chão não há mais nada.

N R disse...

Nem imaginas o quanto me identifico com esse texto, agora também eu me procuro.
Sim, era tão mais fácil haver algo que nos ensinassem desde crianças e que nos permitesse dar resposta a tudo. Mas também acredito que se assim fosse, então seríamos todos muito mais iguais, previsíveis, e isso seria um preço muito alto, eu pelo menos não o quereria pagar. Assim sendo, não sei como há-de ser, apenas acho que vale a pena lutar para preservar o que somos e nos torna único, de que maneira é que já cabe a cada um procurar.