
Ela nunca olhou para ti como uma bóia de salvamento, ainda que de certa forma o tenhas sido, ela estava carente de colo e tu pegaste-lhe sem pedir nada em troca. Ou pelo menos, no inicio não exigias nada. Só os sorrisos simples, as caricias, os passeios. Sinceramente, ainda hoje não percebi o que fez com que mudasses. Tiraste-lhe do poço onde se afogava, mas enfiaste-a noutro quase parecido. Tiraste-lhe a liberdade, e ela que nunca foi de grandes esperanças para ela própria percebeu que havia limites, que tu não podias simplesmente proibir. Quantas noites foste o motivo para quedas dela? Quantas manhãs lhe iluminaram o rosto e os olhos inchados do choro? Ela daria a vida por ti. Deu-te tudo o que tinha e não tinha. Mas tomaste-a como certa, como um robot que recebia as tuas ordens e as cumpria sem vacilar. E agora estás aí, sozinho, a fazer sabe-se lá o quê e em que estado. (...)
8 comentários:
«Tiraste-lhe do poço onde se afogava, mas enfiaste-a noutro quase parecido.»
e não dá para entender
Bem está perfeito, identifiquei me imenso com este texto . Escreves tãoo bem.
eu sei bem o que é isso
"Ou talvez ate te tenhas esquecido que ela ainda era praticamente uma miúda"
Gostei. :)
não a deixou falar, mal dele que já não a ouve.
Esse "(...)" no final ficou muito bem. Ainda há que falar, ainda há mãos para pegar, sabes disso.
* Mesmo que ele não saiba, ou teime em ignorar.
Gostei mesmo muito :)
Enviar um comentário