domingo, 11 de abril de 2010

queima, não queima?

Que a chama branca me queime os cabelos e me arrepanhe a pele até ela desfigurar. Que a angustia sistemática de um pulmão negro me faça tossir sangue e respirar fumo tóxico. Que mãos sem dedos se esfreguem sexualmente em minhas pernas e eu nem pestaneje. Que nas feridas que tenho no peito seja esguichado álcool e a carne borbulhe com um tremor incontrolável. Que me esbofeteiem a cara com anéis pontiagudos nos dedos fechados em punhos serrados violentos. Que me lancem ao mar já morta e descomposta. Nua, magra, fria e branca e eu mesmo assim vos sorria com o sarcasmo que me ensinaram.

5 comentários:

Margarida disse...

EISH.

Sophie disse...

Aaai, tás forte!
Que se passou...?

Joana disse...

Este texto arrepia mesmo.

Mara disse...

És a maior do mundo :O

N R disse...

Ès forte. Tudo passa por ti e não negas nada, nem a mais ínfima dor, e tens sempre a capacidade de seguir em frente, inteira naquilo que és. Espantosa.