sábado, 26 de junho de 2010

dona do mundo.

Há primeira vista ninguém daria nada por ela. Alma quieta e calada, é o supremo do comum. Aparência fria como a noite que cai, de olhos castanhos banais. Mas quando poderosamente sai com suas vestes transparentes e fluídas e a música se escuta penetrar no silêncio - ao inicio tão leve e depois com tanta garra. Mel salgado a sua voz, pedras encadescentes o seu corpo ao movimentar-se. Debaixo do luar que a abriga noite após noite, deitada nas pedras irregulares do chão. Quebra qualquer paz ao seu chegar e por vezes parece voar nessa brisa, nesse crepúsculo austero. A vida não lhe poderia pulsar mais. Mulher da rua que não é de ninguém, serra o olhar ao dançar, chora quando não pode mais. Ri-se dos elogios, não houve os insultos gerais. Ganha asas nua, frente a um publico pudico. É dona do mundo. É senhora das noites carnais. Enlouquece quando se abana e remexe, imploram por mais música no seu coração e nos seus pés.

3 comentários:

diana alba disse...

adorei :)

N R disse...

E a mim parece-me muito bem em ser como é, como gosta de ser. :)

Mara disse...

Achei lindo...
Venho sempre cá ler-te.
É viciante.