quarta-feira, 30 de junho de 2010

um fosso em mim.


Tenho um vácuo no meu peito. Um buraco seco e estagnado. Cheira a podre, a bolor, a lixo. É uma cratera funda, tão profunda que não se vê o seu fim. É escura, negra, preta. Expele rancor, ódio, uma mágoa profunda e angustiante. Um vale em que ninguém mergulharia, de tão gélido, de tanta solidão que transmite. Sai do seu interior doente envolveres tristes, auras malévolas, brisas que gemem o seu desconsolo. Há uma insatisfação, uma agonia medrosa, um pânico que tremelica o seu odor insuportável. Em sua volta uma atmosfera intragável, desconsolada, desamparada. É um silêncio bruto que lhe sai do interior. Daqueles que arrepiam, daqueles que doem. Que magoam de tão profundos e inquebráveis serem. Tenho uma fenda no meu peito. É grande e cresce à velocidade da luz do sol - ainda que sol nunca ela tenha sentido. É melancólica, é sombria. É um arrasto para a morte. A morte da pele. A morte daquilo que de melhor há em mim.

1 comentário:

N R disse...

Sabes que não podes deixar esse vazio alastrar-se, por pena do que podes perder de ti. Se ao menos fosse fácil... :(