segunda-feira, 7 de março de 2011

de um lado da muralha.

Eu sempre fui sereia das que se agarram ao rochedo. Que olham, sonham, mas que não têm a ousadia de arriscar e alcançar a areia seca. Eu sempre aceitei a salgada agua marítima como o meu único elemento, de hoje e do resto da minha vida. Sempre houve a pequena curiosidade de saber como é o mundo fora da imensidão azul, mas o receio e o medo sempre foram os meus (maiores e piores) aliados. E eu aceitei-os. Porque me ensinaram que o desconhecido é imprivisível e pode falhar nas nossas expectativas. Quanto que aquilo que conhecemos é precisamente aquilo com que podemos contar. Está assente debaixo dos nossos pés, debaixo das escamas, e não nos surpreende à última da hora. Quem sabe se não perco um pequeno mundo por ser assim, mas não prefiro a aventura para ver o meu coração rasgado, ardente e magoado pelo sal que o entranha. (...)

1 comentário:

Anónimo disse...

Talvez descubras novas espécies em maré alta, mesmo agarrada ao rochedo. E, ainda assim, talvez nenhuma seja tão arrebatadora como se, simplesmente, te deixasses ir com a corrente.. sanguínea, antes de tudo.