segunda-feira, 7 de novembro de 2011

chegada?

Não estivemos contigo neste momento mais doloroso - é verdade. Mas verdade também é que, lá no fundo, nós já não sabemos estar contigo. Por mais que doa, por mais memórias conjuntas que tenhamos tido, a realidade é que já não nos conhecemos umas às outras. Tu foste, tal como Camões "para mares nunca antes navegados" e nós ficamos em porto, a ver-te afastares-te sem uma palavra de despedida. Mas também não fomos os teus velhos do Restelo. Nós calámos magoadas as nossas almas e não levantamos suposições quanto às tuas acções (ou talvez ao inicio o tenhamos feito um pouco - porque a verdade é que nos custou bastante perceber o porquê. Porque é que nos deixas-te, porquê a nós que sempre te demos tudo o que podíamos e o que não podíamos). Chorámos cada uma para si as suas lágrimas em Belém, com sentimentos revoltosos naquela Praia das Lágrimas que outrora foi história na vida de alguém - tal como tu. Porque nós éramos nós, e tu não eras mais um navegador português, tu eras o nosso Vasco da Gama. O barco não se afundou, porque também não deixámos que nos perdêssemos da mira. Lutámos contra o Adamastor e contra Baco e procurámos a nossa salva Ilha dos Amores. O sebastianismo ficou até ao dia, em que perdemos a fé. Dói tanto dizer, mas devias ter chegado mais cedo, com o nevoeiro.

1 comentário:

Helena disse...

Adorei!!!
Fantástico post :)

XOXO
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