E quando se sente que talvez o melhor é desistir, o coração aperta como nunca antes. Engole-nos os suspiros, quebra-nos os ossos e fraquejamos perante a nuvem negra do óbvio. É uma imensidão sangrenta esta que me acompanha. Esta mesma que nos trespassa - uma mão sem futuro e um peito sem pulmões para gritar.
Não há amparos para este vazio que sinto hoje dentro de mim, esta dor insólita de solidão e luta pela necessidade de expressão. Se eu nunca mais for a mesma, amar-me-ás mesmo assim? O barco naufragado do meu passado já passou por estas ondas turbulentas, já levou muitas pancadas - já abandonou e já foi abandonado. Qual é a voz que nos faz ter aquela vontade de sair da sombra das flores e gritar? Mesmo sem pulmões, mesmo sozinha no mundo; que voz é essa que as pessoas têm em si que eu não tenho? Quem é que lhes lambe as feridas quando elas são interiores?
Não ter emprego faz com que nos seja fácil trocar as voltas aos horários do sono, mas se o motivo for a escrita, então não me importo de nunca mais voltar a dormir.
domingo, 31 de março de 2013
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