segunda-feira, 20 de maio de 2013

o desemprego

Eu tenho tentado, não está a dar mais para aguentar esta tristeza que tenho sentido todos os dias no ultimo mês. Está-se apoderar de mim e a transformar-se em amargura e frustração... Por o simples facto de: eu não sei o que fazer da minha vida.
Eu trabalhei 9 meses numa das maiores industrias de moda deste país. Eu trabalhei com prestigiados profissionais, passaram-me peças de desfile pelas mãos, eu aprendi a destingir um vestido Prada de um vestido Gucci. Eu, ainda que mal paga, percebi ainda mais que era aquilo a minha casa profissional. Vesti a camisola, lutei com os meus colegas por aquilo como se fosse nosso. Eu estava a fazer o que ambicionava para a minha carreira. Até ao dia em que fui despedida. 
Hoje em dia ser-se despedido não significa que não somos bons o suficiente, tal como o facto de não arranjarmos emprego seja por esse mesmo motivo. Isso já passou. Já passou o tempo em que nos rescindiam o contrato por não "reunirmos as condições necessárias para as funções". Agora somos despedidos porque somos 1 em mil. Tal como não arranjamos emprego porque para uma oferta, há cem candidaturas. E no meio dessa candidatura existe alguém que, desesperado, já se candidata para um estágio curricular não-remunerado - porque é "currículo, que se lixe" - e nós não conseguimos competir com isso. Não se compete com mão de obra à borla. Não se compete com alguém de 22 anos, recém-licenciado que se oferece para trabalhar sem pedir nada em troca.
As empresas não têm dinheiro, ou têm pouco, ou até têm e fingem que não para poderem também usufruir desta situação. E vivem esta ideia iludida de tal forma que acabam por acreditar nela e enquanto deitam a cabeça na almofada porque deixaram de ter problemas de consciência - se alguma vez os houve - nós não deitamos a nossa porque continuamos sem emprego e sem saber o que fazer.
E é por isso que não aceito o "se fores mesmo boa naquilo que fazes, consegues", porque nós somos todos muito bons, e quem diz isso é porque não tem fé nas capacidades dos portugueses. Nós somos todos bons, cada um da sua maneira, cada um com as suas manias, mas nós somos mesmo todos bons quando gostamos do que fazemos.

Sem comentários: