18.Julho.2008
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
Querido Hope II
" Não tenhas medo! Eu estou aqui. " diziam-me os olhos de Hope. Mais uma noite, só eu e ele. Trancados no meu quarto, enquanto os meus pais discutem. Senti um arrepio, e o Hope chegou-se mais para ao pé de mim. Meteu-me a mão no ombro, não a senti, mas reconfortou-me e eu sorri. O meu corpo tremia, precisava de escrever, peguei no meu caderno e na caneta preta que o papá meu deu. E fui com o Hope para baixo da secretaria ... O Hope conhecia-me bem demais, é tão bom, faz-me sentir que alguém se interessa verdadeiramente por mim, mesmo que esse alguém, na verdade, não exista. O barulho desconcentrava-me, berros e coisas caiam lá fora, fora do meu quarto, do meu mundo que é o Hope. A caneta caiu-me da mão, e as dores de cabeça surgiram. Assim não, assim não conseguiria escrever um único verso. Olhei para o Hope, e viu cantar. A sua boca abria e fechava, tal como a língua soletrava palavras enquanto o seu corpinho balançava, dançando. O Hope sabia que a musica me fazia absorver o resto dos sons, mas também sabia que eu não o escutava. Então imaginei a melodia da musica que cantava. Canção após canção, fizemos disso uma brincadeira, o Hope dizia que «sim» e que «não» com a cabeça, conforme a minha resposta. O caderno caiu-me do colo, e eu nem dei por nada. Nessa noite não escrevi, mas mais uma vez percebi que foi o meu querido Hope que não me fez sentir sozinha, e não os meus pais ou os amigos de carne e osso.
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