quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Quotidiano vivendo.

Saí de casa lá para o finalzinho da tarde e sentei-me num muro frio de um prédio de cor clara umas quantas ruas abaixo da minha. Era fim de semana, e eu queria ver o mundo a viver! Queria olhar, sentir, apreciar e cheirar cada momento do que constitui quase mais de metade do mundo, as pessoas. Pode reparar em tudo, bom ou mau é o que faz o mundo girar. Vi o rapazinho feio de mão dada a moça bonita, um grupo de velhinhas a meter a conversa em dia, um bando de miúdos a correr a jogar a bola, a dona de casa a descer a escadaria com as compras na mão, dois velhotes num banco de jardim a ler um jornal desportivo, uma multidão de jovens sentados no chão do jardim a rir, a prostituta na esquina, o homem solitário a fumar o seu cigarro, um homenzinho que berra dentro do carro chateado com o transito, a dona do cabeleireiro a fechar a porta, o jovem executivo de pasta na mão apressado a entrar num restaurante, o sem abrigo a dormir no chão a porta de uma loja, uma menina triste á janela do prédio a chorar... Tirei da mala o meu caderno de escrita habitual, era a ultima folha, a ultima folha de um caderno recheado de coisas minhas, tão pessoais e tão perfeitas a meu ver. Olhei uma vez mais para tudo aquele quotidiano, escrevi: « Tanta diferença, tanta vida. Mas a verdade é que não somos todos felizes. »
27.Novembro.2007

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