segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

sem título.

Foi dos melhores fins de semana,
revivi sensações.
vivi antigas e novas caras, já todas tão estranhas.
neguei a mim mesma a ideia de chorar
de me olhar ao espelho e comparar, alturas.


Caminhei ainda devagar ao longo do salão
tão antigo, de chão gasto das solas dos sapatos
que o percorrem e em tempos,
das danças que lá se dançaram.
Sim, é isso.
Cheirava-me a musica e antepassados
(mortos?) estou louca.


Lá no fundo, bem á vista embora
o negro piano de cauda.
pouco mas tinha pó
com aparência de artigo esquecido
numa casa enorme, tão mal aproveitada
diga-se de passagem.


Mas mesmo assim insisti,
ignorei as conversas paralelas
o choro do bebé no corredor mais adiante.
sentei-me no banco estreito, igualmente preto...
chamaria-lhe o contras-te ideal, sendo a sala
toda ela em tons tão claros
ser preto, só lhe ofereceria destaque.


Levantei a tampa que protegia o teclado
(do pó?) que má língua...
a sensação era a do costume: naturalidade. é tudo tão normal
tão normalmente natural.
acho seriamente que nunca aprendi a tocar piano,
nasci a saber.


Tocaria qualquer coisa. digam-me musicas, estilos, cantores,
até filmes ou toques de telemóvel
(ridículo, embora seja realmente verdade).


A primeira tecla foi a única difícil,
não fez som. e eu, confesso, assustei-me.
Perdera a firmeza? impossível.
não poderia ter desaprendido
mesmo após anos sem tocar, aquilo era o meu dom
(chamemos-lhe assim.)


Mas logo sorri, ao ver um pequeno dedinho na outra ponta do piano
tão imaturo, tão simpático
a premir-me uma tecla. e o som, fez o dono do dedinho sorrir
e com isso, a mim também.

Tudo o resto, deixo-o em vosso critério ...
apenas digo que aos poucos
silenciei a sala,

e as memorias da casa que tanto pesavam a vasta sala
foram esquecidas nos minutos, a cada nota que libertava.

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