Era jovem até, 19 anos, quando se lançou nas agências de manequins fotográficas e de passagens de modelos de pequenas marcas de roupa. Mas a determinação e um perfeito rosto fez dela a boneca sensação, e em meses teve tudo, alcançou aquilo que desde criança pretendia, quando calçava os saltos altos da mãe e passava tardes infinitas a procurar poses novas ou a ver o seu corpo mudar, tão depressa. A adolescência foi-lhe generosa, os traços perfeitos já lhe marcavam o rosto, os peitos cheios e salientes sem exageros ou desproporcionais ao resto do corpo. Era alta, de pernas firmes e ventre liso. Parecia trabalhada á mão, de tanto cuidado aparentar ter proporcionado. Foi ganhando popularidade na escola, participava em tudo o que era espectáculos e festas escolares. Tudo por amor á exposição, ás palmas, à admiração que pudesse causar nos outros. Não queria inveja, queria fama, dinheiro, ser a estrela mais brilhante de Hollywood. Abençoada com um gosto divinal, e a lealdade e simpatia eram pontos da sua personalidade. Ainda me lembro dos seus caracóis loiros, do brilho que emitiam sob as luzes fortes dos holofotes, do flash das câmaras e dos brilhantes dos seus vestidos. Maior ainda era o brilho dos seus olhos, um perigoso e absorvente cinzento, a alegria que transbordavam quando pousava ou se perdia no êxtase das passerelles. O tudo, parecia-lhe tão pouco. Não era invejosa ou insatisfeita por natureza, mas a consciência total das suas capacidades, a ambição de ser o centro do mundo, o reconhecimento da sua beleza infinita, faziam-na sonhar. Sonhar alto; alto demais - disse-lhe eu tantas, tantas vezes. Sem se dar sequer ao luxo de provocar, adquiria olhares loucos, desejosos, sexuais e famintos dos homens. Tinha os amantes que queria, companheiros de uma noite apenas, não se atrevia a responsabilidades de algo que fosse para além disso. A sua vida era a fama, o glamour, o carrocel-vivo de uma agenda lotada sem 5 minutos livres.
Mas a sua sorte mudara de direcção sem aviso prévio. A má sorte cambaleou para os seus braços, e inevitável foi mudar esse rumo. Deixou Andorra, Milão, Nice e Nova Iorque, voltou para o país natal. Para a família que não visitara á mais de 10 anos. De rosto pálido bateu há porta de casa, e para sua sua surpresa, a mão fora-lhe estendida. Perguntaram porque voltara, mas uma resposta jamais foi-lhes dada, quando era tão fácil adivinhar ...
envelhecera.
E alguém mais novo a substituíra.
6 comentários:
A vida corre para todos, mas corre mais depressa para uns que para outros .
tem de se ter cabeça para receber a velhice.
beijo
a beleza e o corpo não são tudo, porque tudo esse mundo desaparece e é "subsituido". a alma mantém-se e essa sim, precisa de ser bela e calma! (:
Gostei bastante. É só mais uma prova que o que importa é o nosso interior, pois o exterior é só mais um complemento da vida.. *
quem gosta de nós apoia-nos sempre, estende-nos sempre a mão : ) . não se preocupam só se temos um corpo perfeito . a beleza exterior não é tudo.
gostei!
beijinho*
obrigado pelo comentário, também gostei bastante, excelente descrição, parabéns. ainda bem que a beleza interior nunca envelhece :) vou cá voltar. *
Adorei, está muito bem concebido, não haja dúvida alguma. *
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