quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

"No castelo ponho um cotovelo, em Alfama descanso o olhar"

17.30h
Um murmúrio baixinho, e na escuridão do meu quarto por reflexo abri um olho a custo. Como um gato experiente, concentrei-me em captar o barulhinho que se escutava ao de longe, forte e vivo porém. espreguicei-me e em passos curiosos desloquei-me até a porta do pequeno quarto que eventualmente em dias de festa servia também de arrecadação. a porta estava fechada, e num movimento cuidadoso e demorado abri-a, e pela porta entre-aberta, fui encadeada pelo calor, pelo som tanto ténue como voraz do canto, do fado. O som lambeu-me os lábios provocando que as palavras da música que tanto sei apaixonadamente a letra saírem. Havia fervor, garra, dor nas vozes que a cada pequena actuação enchiam o coração dos nossos habituais fregueses, da nossa imortal casa de fados. Recuei e vesti o meu camisolão vermelho de lã por cima da t-shirt que tinha vestido antes de adormecer, e voando na excitação e paixão saí do quarto e recostei-me na coluna aos fundos da aconchegada sala e com um sorriso desenhado nos lábios por lá me deixei ficar, aplaudindo e chorando por dentro de tamanho fascínio.

1 comentário:

Anónimo disse...

"O som lambeu-me os lábios provocando que as palavras da música que tanto sei apaixonadamente a letra saírem" *.*