segunda-feira, 9 de março de 2009

bilhete ida e volta.

Abri a porta, e acho que por segundos transitei de galáxia. Estavas na minha frente, com uma mala, a mesma mala que tão apressadamente arrumas-te antes de partires. Sorriste-me, e eu sem expressão encostei a cabeça á porta e fechei os olhos. Fechei-os por exaustão, pela ausência do espanto que deveria correr-me nas veias quando te visse e igualmente a ausência da felicidade salgada em todo o meu corpo. Estares à minha porta, significa o esperado: que queres, mais uma vez, voltar a trás. Mais uma vez, tentar unir as nossas vidas involuntárias. Voltas-te, como eu esperava. E agora, que queres ao certo que faça? .. Puxei-te a mala de rodinhas da mão, coloquei-a a custo em cima do sofá vermelho e com lágrimas raquíticas nos olhos subi as escadas para o nosso quarto. Já nem consigo chorar, tamanho o hábito. E neste pensamento conclusivo e fácil surgis-te tu, sentando-te ao meu lado na cama espaçosa. Recostaste-te no meu peito: «Ainda bate...» engolis-te em seco «...por mim?». Era uma resposta óbvia, e por isso mesmo queria abanar-te e sacudir-te a alma juvenil até perceberes que sim, e que isso nunca mudará. Mas não sou uma pessoa de explosões nervosas, já tive as suficientes quando sais-te de mim da primeira vez. Portanto, somente te beijei e o envolvimento levou ao amor físico.
De corpo nu, mal coberto com o lençol depois de mais uma prova que sou tudo aquilo que tu precisas... pergunto-me: quanto tempo, até a tua próxima ida (com regresso)?

3 comentários:

João disse...

Sedento de curiosidades procurei por um experientes nas matérias da língua lusitana e do saber promiscuo, encontrei o blog da mente palpitante da Mafalda Macedo, que por caminhos fora das dos demais mortais expandiu a sua fonte rejubilante para outros campos da cultura adolescente. Admiro as suas obras e anseio pelo fruir de uma inteligência que surge todos os meses num fútil blog, uma arte interactiva.

Assinado: o novo rapaz que acompanha as suas subidas mais o Vitor Hugo, aquele cómico...

U disse...

É sempre assim, tudo o que é verdadeiro volta, mas magoa sempre. essa ida com regresso inevitável. Espectacular como sempre Mafalda *

Anónimo disse...

Tudo o que desejamos pelas melhores ou pelas piores razões, volta ...e nem sempre isso fará do nosso futuro um sitio mais risonho, espero que aproveites. brilhante :D