Porque ele pode ter-me feito um mal enorme, pode suportar de bom grado todos os defeitos possíveis e imaginários nos ombros... Mas a verdade está nua; o amor não escolhe ...
sábado, 14 de março de 2009
coragem.
Eu sabia que seria mais uma desilusão. Mais um desapontamento para os meus amigos, conhecidos, inimigos e até desconhecidos. Sabia que seria um decepção para um dos meus melhores amigos que tanto me apoiou neste assunto, sabia que seria o atestado de óbito oficial ao meu ex-namorado que num canto desconfortável estava sentado, sabia que seria uma pontada no coração e no orgulho daquele rapaz que há dois anos tem um amor enorme por mim, sabia que seria uma sobremesa perfeita para a amiga da minha amiga que tanto me odeia - e assim sim, me poderia chamar puta como chama, mas com motivos. Sabia que segunda-feira, ao entrar no liceu, o murmúrio seria a banda sonora do inicio da semana e das semanas seguintes também (até o assunto pelo caminho morrer), que os olhos desdenhosos seriam triplicados e as opiniões indiferentes á minha pessoa se tornariam cruéis e precipitadas. Na minha turma seria metida de parte, e o meu colega de mesa que tanto lhe gosto e ele a mim reduziria - mesmo assim - as vezes a falar comigo, e as brincadeiras seriam cortadas. Sabia que uma amiga cuja moral é nula viria ter comigo perguntar o que foi aquele "teatro" todo, e afirmar aos meus olhos que «tu não és assim». Que uma certa namorada entraria em desespero, e que por uma vez ocasional me deu um sorriso, agora me "mataria" pelos seus olhos frios e enraivecidos de ódio e traição. Sabia que seria uma acção que ninguém esperava, e a consideração e admiração de alguns por mim desceria a pique nos seus pequenos gráficos sociais, sabia que o espaço ficaria em silêncio ao ver a cena e a música que não iria parar tornava-se muda aos ouvidos adormecidos para que o único sentido corporal importante fosse a visão; somente para contemplar a imagem. Eu sabia ... sabia porque é tudo um poço sem fundo de situações e pessoas á minha volta previsíveis, muitas que adoro incondicionalmente, mas previsíveis. Sabia tudo isto e muito mais, que estava a ser invejosa (?) até, mas fiz-lo. Arranquei-te do meio da multidão puxando-te pela mão suada de tanto dançares e parei ao aproximar das escadas míseras. Respirei fundo, e tu, que insistentemente me perguntavas o que é que eu ia fazer, calaste-te e só olhas-te para essas mesmas escadas. E juntos subimos para o palco, e exactamente no seu centro puxei-te para mim e beijei-te como á dolorosos meses não fazia. E com isto afirmei perante todos o meu maior segredo. Que estava apaixonada pelo rapaz comprometido com quem estive durante um mês e meio ás escondidas. Aquele que me usou, enganou e depois me mandou fora sem uma justificação na algibeira.
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9 comentários:
Continuas com estes textos mesmo bonitos (:
beijinho :*
é verdade, há coisas que temos vontade de fazer. eu também tenho uma assim, mas pensar nas consequências apaga maior parte da força.
beijo, Mafalda.
este está tão forte que acho que é dos melhores que escreveste.
fantástico, sem qualquer dúvida.
fantástico, mesmo. para mim é sem dúvida uns dos melhores! :)
muitos beijinhos Mafalda
*um
peço desculpa pelo erro :)
Coragem sem duvida, mas no amor e na
des(ilusão) tudo é válido.
Valeu pela cena, inventada ou não, porque mesmo no imaginário a "vingança ser-se fria".
Valeu pela classificação dos mais ou menos amigos, pela aurea de suspense, drama e
amor/ódio revelados por quem se sente usado e posto de lado.
D´UM DETALHE se faz um jogo de palavras que não sabemos ler com certezas, mas sabemos sentir no coração, por ser imortal.
Parabéns querida, seja vivênciado ou não o PALCO FOI TEU!
Beijinho.
Nely.
Coragem. Admiro-a. Tiveste coragem para fazer aquilo que muitos de nós ansiamos por fazer e não conseguimos com medo das consequencias. Conseguiste dar corpo ao que te atormentava. Fantástico *
Bom texto cachopa, apesar de muito duro , mas por vezes a vida é mesmo assim .
beijinhos
está maravilha. maravilha, ñão, isso soa aqueles textos bonitinhos de amor inocente. está puro e duro, forte. eish!
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