sexta-feira, 6 de março de 2009

uma amiga.

Anotei cada pormenor do teu rosto no meu bloquinho de notas. Sublinhei por duas vezes os teus defeitos a olhos vistos, e as virtudes mais escondidas. Dediquei-me dias e semanas a estudá-los, sempre concentrada aos detalhes, para acrescentar á lista qualquer facto relevante. Decidi fazer um p.s, escrevendo a caneta que eras minha amiga de verdade. Porque isso era a única certeza que tinha, e por isso mesmo não necessitava de estar a lápis para mais tarde se fosse uma suspeita mal fundamentada, apagar. Não. Tu és realmente uma das melhores amigas que tenho e se espreguiça no colo do meu coração. Como um majestoso e elegante, cuidadoso e engraçado felino. Eu sabia que estavas a morrer. Eu sabia que amanha de manhã eu poderia ter a caixa de mensagens do telemóvel coberta de sms's do teu irmão, a dizer que precisava de falar comigo urgentemente, e pessoalmente. Julgando que eu não perceberia o motivo até ele me dizer a derradeira palavra. E o irónico, é que foi tal e qual assim, que tudo aconteceu. Agora, todos os dias leio o que ao longo das semanas finais eu escrevi, relembrando aquilo que realmente eras. Que é no fundo aquilo que todos nós somos e temos: amigos, com defeitos e virtudes. Que juntos fazem a composição química do amor, como aquele que serviu de raiz para agora existir esta saudade eterna que infelizmente não me será permitida ser saciada...

2 comentários:

U disse...

Tens as palavras, os momentos e todas as recordações, isso ninguém te tira. *

Joana M. disse...

doeu-me ler isto..
o sentimento, esse, não se perde.