segunda-feira, 27 de abril de 2009

eu, cinza cinzenta.

Nasci de um cinzeiro, formei-me de cinzas acinzentadas pigmentadas por pintinhas brancas de lascas dos vários restos partidos do cigarro-mãe. Usei a mistura arquitectónica da pedra com marfim africano do material do cinzeiro, como chão de pegar pé. Criei raízes e deixei que o uso e lavagem me fizessem crescer. Por vezes a tresandar a nicotina, outras a especiarias extra depositadas no conteúdo mor. Balançando-me ao sabor das brisas breves do respirar e suspirar dos de maior suporte, que embora estranho tenho-lhes certo respeito mas porventura também medo. Cresço porque me deixam, aprendo porque tento. Agora, pré-adulta, lembro-me do deslumbre natural de todo um meio de incógnitas e chuviscos de novas texturas e odores. Por vezes guerreando com o impasse da vida num cinzeiro, por ervas daninhas maldosas e cansativas no meu corpo minúsculo e farinhento, esquivando do lume do líder, que me queima e desfaz a ausência de coração. Um dia partirei para Oz, como no conto (...)

4 comentários:

David Pimenta disse...

tenho um prémio para ti, no meu blog :D

Por entre o luar disse...

Lindo...*

beijinho*=)

disse...

"Por vezes guerreando com o impasse da vida num cinzeiro, por ervas daninhas maldosas e cansativas no meu corpo minúsculo e farinhento, esquivando do lume do líder, que me queima e desfaz a ausência de coração."

Gostei. Que matizes cinzentas de inspiração te continuem a acompanhar. Escreves muito bem mesmo.(:

Joana M. disse...

Partirei contigo.