quinta-feira, 23 de julho de 2009
Diário.
Saí do carro de expressão carrancuda e fechada. Nem olhei para ela. Dirigi-me à traseira do Agila e abri o porta-bagagens. Tirei o meu saco da Fnac com a minha mala para a maquina fotográfica e o saco do continente com as minhas ultimas duas aquisições de cremes Nivea e Garnie. Fechei-a com força. Ela disse-me "Adeus, até amanha". Não olhei para ela mesmo assim, atravessei a estrada e desci com dificuldade a escadaria escorregadia. Ouvi o carro arrancar, e muito baixinho soava Adriana Calcanhoto do rádio dela. Apetecia-me gritar, alto para que todos me ouvissem, e mandar os sacos das compras fora, sentar-me na escada e deixar as lágrimas avermelharem-me os olhos. Mas não o fiz. Tenho demasiado a mania para o fazer ao pé de pessoas que não conheço de banda nenhuma. Por isso deixei-me só olhar o carro desaparecer na curva logo a frente, e como pontapé violento na consciência imaginei se ela tivesse um acidente. Arregalei os olhos e chamei-me nomes «Estúpida, para que é que estás a pensar assim?». Desci o ultimo degrau da escada e andei pelo passeio. Tinha a cabeça cheia. Mais que o meu saco da Fnac com aquela mala preta enorme. Tenho a porcaria da maquina a tanto tempo e ainda não tinha comprado a porcaria de uma mala para a levar e guardar mais protegida. Devia estar a espera que ela se estraga-se ou assim «Estúpida, já tens a mala porque é que estás a pensar nisso?». Lembrei-me então de novo dela. Há muita coisa que nunca lhe disse. Ao contrario dela, que me diz tudo sempre que o tema é ofender. Eu ao menos calo-me. Se abro a boca é para discutir. Naquele momento apeteceu-me dizer-lhe coisas. Dizer que apesar de ela não me perceber, de não aceitar a minha forma de ver as coisas, não compreender os meus sonhos, as minhas ambições, achar que sou fútil e feita á base da imagem, que embora ela pouco fizesse por mim, o não me dar o valor devido e importância suficiente para tomar decisões de maior porte para além de a ajudar a comprar camisolas, o eu travar autenticas batalhas para a tornar mais importada com a aparência e feminina ela achar que a estou a chamar de feia e gorda, que apesar de ela não confiar muito em mim, não gostar dos meus amigos, me achar influente e uma miúda pequena despreocupada com o futuro, me deitar constantemente a baixo, e achar que sou diferente deles todos por imbirrância e achar que tenho vergonha de poder vir a ser as pessoas que eles são, e achar que o caminho que estou a seguir me vai levar ao fundo do poço... que ela é minha mãe. E que há quem tenha uma pior que ela, que apesar de tudo aquilo não deixo de gostar dela e que ela tem muitas qualidades. Que não aceito certos pontos das suas personalidades porque podem ter boas virtudes mas têm imensos defeitos. Que não tenho vergonha deles, apenas quero ser o melhor que puder e á minha maneira. Que gosto muito dela, mas que nunca mudaria por ela.
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3 comentários:
acho qe fazes bem!
nao se deve mudar por ninguem.
pois nao aprendemos com os erros dos outros mas sim com os nossos.
porqe por mais qe os outros nos digam qe tamos errados vamos qerer continuar a faze.lo mesmo qe depois caiamos do precipicio.
porqe somos todos diferentes i a mesma situaçao pode acontecer de maneira diferent isso dependendo da maneira de ser de cada pessoa.
so qd caimos do tal precipicio percebemos o qt os outros tinham razao.
mas la ta, errar e humano e nao podemos ser julgados por nao sermos perfeitos, pois ningem e perfeito, certo? =)
Hoje, e por mais de uma vez, deu-me vontade de bater no meu pai. Tive de contentar-me em chamar-lhe umas quantas coisas às escondidas, sei que se me chateia não é por mal (embora as vezes parece que gosta de embirrar). "Não é necessariamente meu amigo, é meu pai."
Mas elas só querem o nosso bem, embora façam de uma maneira um pouco absurda. Tudo a seu tempo se resolve.
Beijinho
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