quinta-feira, 9 de julho de 2009

E olha, eu também quero falar da crise !

A crise tem piada. Tem piada pelo seu ridículo geral. Há menos dinheiro. Ai há? "E os preços sobem." Há! Então se há menos dinheiro, vamos mas é subir os preços! Pois claro. Pergunto-me é para quê. Para se comprar ainda menos? E se se comprar ainda menos... os preços vão subir mais (?) E se deixarmos simplesmente de comprar, espera, não me digam que vão meter o pacote de leite da "É" ao preço de um ipod? Ridículo por ridículo, eu até me ria disso. Ok, se calhar estou a exagerar. Vai na volta sou eu que sou uma má língua e venho para aqui falar do que não sei. Mas aí é que vocês se enganam! Sei muito bem o que é a crise. Agora que venha a derradeira pergunta tão ouvida: Mafalda, tu "sentes" a crise? E eu vou responder: Eu não, o meu ego sim. Aliás, o meu ego está cada vez mais numa depressão exaustiva que nem se lhe aguenta. A mim não me falta nada, verdade seja dita. (e faz confusão dizer isto) Tenho, como se costuma dizer, "comida e roupa lavada"! Mas a minha vaidade anda transbordante de sede de pagar aquilo que não tem. E o meu corpinho e organismo sedento das suas futilidades das marcas. Eu até meto em causa que eu seja um pouco picuinhas, mas as coisas são diferentes! Falo de qualidade do material, nem falo do «giro» ou não. Não me venham dizer que um casaco cor de rosa da Primark (por exemplo) e um casaco cor de rosa da Mango (por exemplo) é a mesmíssima coisa. Não é. O tecido, a qualidade do tecido é diferente. Paga-se mais, mas por algo melhor e mais duradouro. Dou outro exemplo banal: eu paguei três euros por uns óculos de sol verdes ás riscas na Primark, onze euros por uns óculos amarelos a aviador na C&A e quinze euros por uns óculos brancos e rosa de massa da Claire's, tudo mais ou menos num espaço de 3 meses. Quais são os que ainda existem? Os da Claire's. Não quero fazer propaganda a porra de marca nenhuma, nem incentivar a comprarem as ditas marcas boas em vez da feirinha ou da loja baratucha (que agora até essas deixam de o ser). Mas, não compensa comprar mais caro? Os meus óculos verdes duraram duas semanas e pouco! Os rosa e branco ainda estão como novos. "Oh Mafalda, tu não tens é cuidado com as coisas." Bem visto, é verdade, não tenho lá muito. Mas trato-os todos por igual, o pouco cuidado que tenho com uns óculos tenho com os outros dois também. Portanto, caro governo, ministro da economia, vendedores e afins, vamos a baixar os preços. As minhas mãos já suam só de entrar na Desigual, ver aquela roupa que é cem por cento a minha cara, vestir uma camisola de oitenta euros e ter de a deixar por lá porque o meu cartão de crédito está fraquinho. "Talvez nem sempre, mas maioritariamente todos nós temos oitenta euros na carteira por mês." Têm? E quem o dá? Os meus papás a mim não me dão dinheiro. E mesmo que mo dessem, não posso gastar tudo numa só peça de roupa. Sou capaz de "armazenar" dinheiro. Se for preciso sei ir juntando. O problema é que eu preciso sempre de qualquer coisa - o único sitio onde não gasto dinheiro é em sustento para o meu peso - e na verdade o meu ego precisa. A minha mãe diz que eu vivo noutro planeta. Mas vejam, alimentos! Não tem um sabor diferente de marca para marca? De superfície comercial para lojinha de esquina? Eu tenho culpa de haver coisas que gosto compradas num sitio e outras noutro? Háde calhar alguns serem mais caros e as outros mais baratos. Eu cada vez como menos! Menos variedade (e por acaso isso anda-me a preocupar). Eu não como peixe, para mim peixe é intragável. Há quem não como carne e seja vegetariano. Eu não como peixe, olha, também sou gente. Não gosto de legumes, acho que devem muito ao sabor, portanto não como. Nem doces nem toda uma montra de pastelaria (tirando a preciosidade do chocolate e do mil-folhas). Em relação á carne também estou a deixar de comer algumas coisas. Sou contra a alimentação á base de animais, e isso sobe-me tanto ao cérebro que pouco a pouco vou excluindo alguma variedade da minha ementa. Mas não como verduras, portanto não posso ser vegetariana. Solução: não como. E se como pouco da tão imensa roda dos alimentos, ao menos que me deixem comer daquilo que gosto. Estou farta da crise e do seu grande escândalo nos media. Dou uma sugestão em relação a roupa: Façam uma loja do estilo Primark ou C&A/Clock House, mas com material bom e uma variedade de bom gosto estético. As pessoas gastavam em mais coisas o mesmo que gastam numa só peça numa outra loja. Em vez de comprarmos umas calças a quarenta e cinco euros compram duas e uma t-shirt, por exemplo. Isto também em relação á tecnologia. Preciso de um flash para interiores, de uma lenta mais ampla e de um tripé médio para a minha bichinha e ainda não tenho nenhum dos três. Eu não me governo com uma lente de 35-70mm e outra de macro! Tenho a mania das grandezas se calhar. O meu avô diz que um dia vou cair do cavalo. Mas eu não consigo tolerar o baixar de braços e aceitar o que este país tem que nos fazer engolir. Talvez eu me chateei para nada, porque no fim das contas andei revoltada para continuar tudo na mesma. Mas nessa altura logo se verá. Hei de ter as coisas como acho que não só eu, mas todos devíamos ter. E não será o passo do país pelo corredor da morte, epidemias financeiras ou crises mundiais que me vão tirar esta ideia da cabeça. O mundo só está assim porque as pessoas o quiseram. Sempre fomos livres, se estamos no purgatório foi por opção nossa (nós o mundo) ninguém nos obrigou a nada.

9 comentários:

AF disse...

tens razão.

Poppins disse...

Estou encantada com este cantinho!

N R disse...

"Eu não como peixe, olha, também sou gente." - :D
Acho que tens muita razão. Devia haver mais diversidade e acesso, mas parece-me ímpossível por as pessoas serem o que são. E como bem dizes, a culpa é nossa.
E mesmo muitas das pessoas que se dizem livres após se terem excluído das comidades da civilização, também mentem um pouco. Podem até sentir-se assim, mas conseguiram-no fugindo. Embora eu seja um grande adepto desta escolha, sou um adepto do Into The Wild.

C. disse...

pois mafalda, é tudo bastante mais complexo do que as lojas de roupa às quais te referes. e se tu, que tens "comida e roupa lavada" estás farta da crise, imagina os milhares de desempregados que, coitados, não se podem dar ao luxo de entrar nestas manias comtemporâneas de rebentos de soja e afins.
não falemos do que não sabemos, por favor, para isso basta-nos os políticos e os sociólogos.

Diogo disse...

Então ela está no blog dela e não pode escrever o que lhe apetece? A perspectiva pode ser a das marcas, lojas de roupa e papinhas preferidas de uma rapariga de 17 anos, mas não deixa de ter o mesmo peso que qualquer outra opinião, se for bem fundamentada e fizer sentido. E este texto faz bastante sentido. Até porquê a crise não são só os desempregados e os pobres. Longe disso. Quem chega a essa conclusão sozinho percebe praticamente toda a base desta crise, ao contrário de quem se limita a esta percentagem de população menos beneficiada, que ainda lhe falta um longo caminho para perceber em que situação é que estamos x)

C. disse...

acha portanto, diogo, que a resolução da crise é vestir roupa de marca mais barata? ou que a dimensão da mesma passa por esta perspectiva, como a própria mafalda afirma, "fútil e piquinhas"? eu apenas teci a minha opinião (se reparar a autora coloca no local destinado aos comentários "críticas") e cabe à mafalda aceita-la ou não, ficando aqui claro que não era minha intensão ferir susceptibilidades, mas apenas dar o meu contributo para aquilo que acho ser o mais importante nos blogs , a troca de opiniões.

Diogo disse...

Não, acho é que cada pessoa sente a crise de forma diferente, de acordo com os seus interesses e necessidades. Não sou contra as criticas, aliás, pessoalmente acho que são a melhor forma de aprendermos e nos melhorarmos a nós próprios, e a crítica em si estava interessante, mas quando se entra na parte do "não falemos do que não sabemos", já não é uma critica ao texto, que é o que se pretende, mas sim à autora, o que desaprovo, tenha sido essa a intenção ou não.
Não estou a defender ninguém, apenas a minha opinião. Sendo ambos escritores, tenho a certeza que nenhum de nós gostava de receber um comentário a dizer que não temos conhecimento do tema sobre o qual estamos a tentar exprimir a nossa opinião ;). Beijinho ^^

C. disse...

a isso chama-se uma crítica construtiva, no sentido de repensarmos e nos informarmos devidamente sobre o tema que, de uma forma ou de outra, nos incomoda.
cumprimentos,
rita.

Diiaz disse...

Após uma looonga conversa sobre este assunto com uma senhora (completamente desconhecida) de uma loja no Cascaishoping (passo à publicidade) fiquei a ver as coisas de uma prespectiva um pouco diferente...

Essa mesma senhora tal como outros trabalhadores que aí estão não podem queixar-se da vida que têm neste momento... A crise está aí, é verdade, mas quem conseguiu manter o seu trabalho (esses sortudos) não se pode queixar... Continua a receber o mesmo ao fim do mês o unico impacto que esses trabalhadores dizem ter é não se poderem meter em "luxos"...

Eu próprio sinto isto na minha familia... Enquanto antes ia todos os fins de semana ao shoping e acabava sempre por comprar qualquer coisa e comprava dvd's todas as semanas, telemovel novo, mp3 novo, LCD etc etc. Agora simplesmente não nos damos a esses luxos e não vivemos pior por isso...

E se dizem que sim, aí pensem naqueles cujos donos das fábricas onde trabalhavam os despediram e neste momento podem dizer que realmente foram afectados pela crise.

Muita Paz,

Diiaz