Os dias são arquitectados por vagões de calafrios, tempestades revolucionarias a pingar das paredes. Chama-lhe dor. Mas a mim, no auge da verdade, doer doí-me pouco. Não conheço assim tantos sentimentos para lhes dar nome. Não sou infeliz então, sou somente só. Sem manhãs. Sem sol exaustivo. Com furacões epidérmicos desregulados. Sem amor, só saudade.
terça-feira, 7 de julho de 2009
sem sol
Eu nunca esperei que a manhã chegasse. Para mim, apenas a lua se punha no varão do horizonte. Era iluditório que o sol espreitasse, seria demasiada fantasia para a pele arrepiada, gretada, com varizes e rugas da velhice. Mas chegou. E mentia se não admitisse que me esquentou o sangue gélido. Já não sou menina, nem sequer esposa. Sou viuvá e mulher velha. Moro em arredores da Amareleja, a dita terra em que o sol se exprime tão forte, e eu, nunca vi o sol. Não o da minha alma. Da minha própria alma.
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6 comentários:
o sol há-de nascer com todo o seu explendor bem dentro de ti*
Sinto-me muito assim neste momento.
Adoro seu blog, venho sempre aqui, parabéns! bjinhuu
Ninguém mente quando diz que se sente só, admitir isso revela coragem e uma estranha espécie de força. Eu ando sempre com rodeios, mas deste vez vi-me aqui, só como me conheço.
Parabéns, excelente texto.
é como se fosses um nada vazio de tudo.
«Chama-lhe dor. Mas a mim, no auge da verdade, doer doí-me pouco. Não conheço assim tantos sentimentos para lhes dar nome».
Gostei.
«Não sou infeliz então, sou somente só. Sem manhãs. Sem sol exaustivo. Com furacões epidérmicos desregulados. Sem amor, só saudade.»
eu sei bem como é estar só de saudade.. *
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