sábado, 10 de outubro de 2009

where?

Há noites que esgotam. Há viveres que sufocam os olhos e os vicia em verter aguaceiros. Há ainda tanta bagagem para tirar das costas... É como um sol que um dia nasceu e nunca mais se pôs. Há sempre uma luz demasiado intensa. Que ao inicio sabe tão bem, saber que nunca mais se virá o escuro, mas depois começa a cegar, a fundir os olhos e a queimar a alma. Um saco sem fundo, pesa muito mas nunca rompe. Nunca cansa realmente o peso, porque se gosta de o carregar. E vai-se sempre gostar, por mais inexplicável que seja.
Ela já não tem o teu cheiro, está manchada da maquilhagem que borra quando me agarro a ela e choro. É um abraço ao vazio, à saudade que tenho do que em tempos a preencheu. É o que mais falta faz, o cheiro que ela tinha quando ma deste e o corpo lá dentro. Mas percebo a fuga, há sentimentos que não duram para sempre como em tempos disseste. O teu não durou. E por isso montaste-te a cavalo e galopas-te fora do meu fairy tale. O meu ficou, e ficará, sempre, a espera do teu regresso e dos sentimentos que me iludiste um dia existirem.

4 comentários:

N R disse...

Afinal o passado ainda aí está.

N R disse...

Sim, percebo-te. Essa chave é tão complicada de encontrar que quase por mero acaso se encontra. È como se fosse uma pequena semente, embora necessitada duma base suficientemente grande para conseguir crescer a partir daí.
Mas também, às vezes, parece-me que nem quero usar arames que dariam para arrombar a porta, ainda que por momentos, como se preferisse ficar no corredor à espera que alguém chegue ao mesmo tempo dum outro corredor para abrirmos uma porta de duas chaves.

N R disse...

Acho que quando tratares definitavemente, refiro-me às feridas que ficaram em céu aberto, serás capaz de olhar mais para o dia de amanhã de maneira diferente. Sei que é difícil, mas também me parece a única maneira.

Mara disse...

Sentimos tão igual...
E eu queria tanto que não houvesse ninguém a sentir dores destas como eu.