quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

degostando.

É vasto este lamaçal que nos separa, que nos coloca em margens diferentes e, devido a isso, em mundos diferentes. É insustentável e suportável ao mesmo tempo, se é que percebes a relação. Após moer muito, uma pessoa habituasse a ter réstias, mas também não é capaz de perder ou de se deixar ganhar. É a característica humana em primeira-mão. O primitivo que é o nosso olhar de esguelha ao próprio umbigo, como se fosse um grande direito nosso quando no fundo não é mais que uma forma infantil de nos protegemos. De criar mais um escudo, dos inúmeros já temos a fazer de muralhas da China em nosso redor, que impedem que os outros nos vejam - tal como achamos querer - mas morremos se não virmos os outros mexer. Acreditamos, por ignorância, que não precisamos de ninguém, nem ninguém precisa de nós. Mas a solidão é nostálgica e logo nos colocamos em pontas-dos-pés para alcançarmos o olhar, por cima da nossa própria muralha, para podermos ver os outros e lhes dizer «ainda estou aqui, e no fundo, preciso muito que me venhas buscar».

2 comentários:

carina gonçalves disse...

está lindo, óh! :o
vou seguir!

nnie disse...

Ora eu gostei, em parte.
É um filme romântico mas não de todo, no final. Mas aconselho :)