terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

home sweet home

Não te quero ver. A casa já está cheia o suficiente, transborda calor humano, fotografias, quotidianos. Não cabes. Não consegues entrar mesmo que porventura estivesse louca e o quisesse. Ver-te só pioraria esta minha (tremula) decisão - não posso correr o risco de pensar em expulsar alguém desta casa-coração, só para te voltar a meter cá dentro. Estás demasiado anafado, espaçoso, de peito cheio para um local tão medíocre mas tão genuíno. Esta casa, cheia de tudo e de nada, foi a que construí quando saíste porta fora. E voltar a deixar-te entrar só iria desarrumar tudo. Não limpo mais as tuas pegadas, porque elas não trazem só a lama da rua para a minha vida, trazem exactamente aquelas memorias e sentimentos que não quero mais. Entranhei em mim uma espinha de peixe inteira e perfeita. Em que cada um dos filamentos tem o seu novo objectivo, valor e missão. Como uma grande empresa, ou no fundo, como referi, como uma grande casa de família - onde sou eu que vou ao leme e decido as direcções. Não tu. Nunca mais tu.

5 comentários:

Jane disse...

Ás vezes temos mesmo de ser assim. Fortes.
Adorei *

anne disse...

há sempre quem não merece voltar.
amei!

diana alba disse...

Por vezes, é necessário saber dizer não (:
gosto tanto da tua forma de escrever :')

Criis disse...

muita força *

Anónimo disse...

Gostei como explicas que a casa não está vazia, está seja. Seja de lama ou de água, não bebas se sede não tens. *