sábado, 16 de abril de 2011

janela entreaberta.

O meu soluçar choroso foi apaziguado pelo aconchego do teu corpo quente, como uma chávena escaldante de café numa manhã de Outubro. Chegaste-te a mim, pé ante pé, como se lá bem no fundo ainda tivesses medo que eu te pudesse fugir. O conhecimento nunca é uma totalidade, é um processo que decorre ao longo de toda uma vida, e tu sabes melhor do que ninguém que nunca me conhecerás como a palma da tua mão. Apenas sabes fragrâncias minhas, como o que me faz rir, o nome do meu perfume, a cor da minha pele tostada pelo sol, o nome dos meus pais... Mas desconheces o quão eu já amei alguém antes de ti. O meu maior medo. A minha maior tristeza. O quanto já foi o meu coração magoado. Desconheces a verdade crua de mim, que se houvesse nem que fosse uma mínima oportunidade de voltar atrás no tempo, eu iria, e viveria de novo a felicidade e a tristeza por que passei. Porque são essas pequenas coisas que fazem de mim o que sou hoje. As saudades, as paixões, as melodias, as estações... E acredito plenamente nessa tua ingenuidade quanto a um futuro comigo. Tal como acredito que, independentemente de minha vontade, as rosas puderam continuar sem florir. E mesmo que caminhes pé ante pé até mim e me agarres com força, eu porventura poderei, mesmo assim, fugir de ti.

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