Ás vezes julgo que a felicidade me tira a capacidade de escrever. Me afasta da ternura das palavras, me faz regredir naquilo que mais gosto de fazer. E isso não deixa me deixar apreensiva. A felicidade não é um bem adquirido, ela conquista-se por nossas mãos mas também corrói pelas nossas e pelas de terceiros. Por isso mesmo, quase que me faz desejar nunca ser completamente feliz. Porque não deixar nunca de escrever, de acreditar na intensidade e garra que cada letra tem a ponto de todas juntas formarem as mais maravilhosas palavras, frases, contos, romances, histórias de vida. Lamento os que padecem de surdez, que não podem escutar o voraz barulho do mar. Lamento os que não distinguem sabores, que não conseguem provar o requintado sabor do chocolate. Lamento ainda os que são desprovidos de olfacto, que nunca sentiram a brisa das flores na primavera. Mas lamento sobretudo, com todo o coração, aqueles que não vêm. Que nunca puderam vislumbrar um livro, sentir a vibração das letras pequeninas a brincar com os nossos olhos que as lêem e com o nosso coração que se enche quando estas são das bonitas.
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