Ultimamente escrevo menos. Não sei se por estar feliz, e como sempre que ando em fazes felizes escrevo menos; se pelo contrário acho que estou feliz e não falo daquilo que me atormenta. Acho que é um pouco das duas. Porque sim, estou feliz, e sim, não exteriorizo os meus tremores. A verdade é que há muita coisa que me preocupa, que me dificulta a respiração, que me domina o sono. Mas não o digo porque, como muitas outras pessoas, as vezes acho que senão as disser elas perdem importância - como senão soubesse perfeitamente que ao invés disso, tudo se torna mais forte. As vezes o meu problema é começar, e a quem contar tudo o que me corrói. Guardo tanto para mim que as vezes já nem sei o que fazer com tanta informação. É a guerra interior do precisar de soltar tudo isto e o querer o bem dos outros acima de tudo. E por isso ensopo, guardo, recolho, interiorizo, para que doa mais a mim do que aos outros. É uma decisão estupida. Mas depois olho para aqueles que não o fazem, e fico contente por alguém neste mundo tentar fazer sempre o melhor possível. E aí, todo este sufoco, volta a valer mas do que a pena. Porque prefiro ser assim, do que ao contrário.
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
domingo, 15 de janeiro de 2012
sábado, 14 de janeiro de 2012
busca.
Cavei cada buraco necessário para me encontrar a mim mesma: olhei com precaução cada vez que atravessei a estrada da vida. Esperei sempre pelas luzes verdes, pelas passagens apropriadas. Não li em voz alta por ter medo que não gostassem de me ouvir e cantei apenas no duche quando estava sozinha em casa. Plantei uma arvore, adotei um cão, alimentei os sem-abrigo no natal e rezei todos os domingos pela minha alma e pela dos demais. Estudei muito, porque me educaram que só dessa forma eu seria alguém na vida. Eu contei pelos dedos das mãos os bons amigos e por uma as relações de amor e entrega. Precavi-me da fome, da crise, da vida esmagadora que poderia um dia, quem sabe, afundar o planeta. E no fim, nada disto evitou que me perdesse. Nada disto evitou a minha infelicidade interior, a minha agonia de noites sem dormir. Vivi segura a todos os níveis, ou pelo menos, aparentei viver segura. Mas, curiosamente, nem por um segundo o senti.
you, only you.
As penas que caíram da árvore contaram-me os teus segredos. Disseram-me, cheias de medo, toda a falta que te fiz ao longo destes anos. O quão a minha presença te teria salvado a vida desse triste rumo que levou. Que teria abafado os ventos que te entraram na mente e te embalaram para marés que me doem mais do que feridas. Eu escutei-as, como sempre escutei tudo o que vem de ti. E chorei. Chorei como choro sempre. Chorei e perguntei-me porque ainda o fazia sempre que o tema és tu. Mas sabes? No fundo não quero deixar nunca de deixar cair cada uma destas lagrimas, porque enquanto chorar por ti, significa que ainda há em mim algo de muito valioso de ti. Significa que ainda és memória dominante no meu ser, significa que, por mais que os anos passem te amo duma forma inigualável e arrebatadora. E amores destes nunca desaparecem. Estejamos na vida um do outro ou não.
domingo, 8 de janeiro de 2012
"if you are a bird..."
Naquele dia morri contigo. Morri também porque sempre disse que a minha vida eras tu. E, no momento em que tu perdeste a tua, eu acabei por perder a minha também. Não existem palavras no mundo que descrevam o que é morrer em vida. Tu estavas lá e de um momento para o outro desapareceste, nunca mais te vi. E eu, ainda que também tenha morrido, continuo aqui. E invejo-te por isso. Não tiveste que lidar com a tua própria morte - talvez nem te tenhas apercebido dela. Mas eu tive, fui obrigada a encarar a minha e a tua. Perder-nos ao mesmo tempo foi alucinante. Uma dor tenebrosa a dobrar. Porque nós sempre fomos um só, e fomo-lo realmente até ao fim. Levaste a minha alma contigo, o meu coração e o meu sorriso. Por cá ficou apenas o meu corpo - sem alma, sem coração, sem nada, apenas tristeza, amargura e uma saudade arrepiante tua.
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