4.Junho.2008
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
no café.
Saí de casa, não me preocupei muito com o que tinha vestido, ia ao café. Como sempre tinha os óculos de sol postos e o caderno a balançar na mão direita. Apetecia-me ouvir som, não musica, não a televisão, era murmúrios. Aquele barulhinho inigualável de varias pessoas a falar ao mesmo tempo, que para tantos produz dores de cabeça e a mim só me inspira. É um verdadeiro dia de Primavera, talvez até melhor, o vento ainda não chegou e o calor é leve e confortável. Por isso prefiro a esplanada, de onde vejo o jardim com o pequeno lago. Aquele lago que conheço desde pequena, antes tinha patinhos pequenos e eu adorava vê-los, debruçada querendo-lhes tocar, os biquinhos de pés eram inevitáveis. A minha mãe ralhava-me, tinha medo que cai-se, naquela altura ainda olhava por mim .. Ainda éramos as duas alegres, agora sou apenas eu, ela já não é, já não está .. Passei folha a folha do caderno, sei que não é nem metade do que consigo dar ao mundo a ler; mas a mão não trabalha tão rápido como a cabeça, e as ideias acabam por se desvanecer atropeladas por outras mais chamativas. O meu foco visual é um grupo de idosos, mais senhoras que senhores. Imagino-me a mim com aquela idade, aqui, nesta mesma mesa que combina com o castanho escuro dos meus collans, a escrever. Ou então como agora, a olhar para uma criança e recordar-me de mim tão pequena debruçada na grade de metal que me sujava as mãos. Tirei a tampa da caneta e na vigésima folha do meu caderno de escrita cor-de-laranja, escrevi: "O tempo perdido é raro. Tempo é tempo, pode é ser aproveitado da melhor, ou da pior maneira." Respirei fundo, não por necessidade, apeteceu-me. Pedi um café ao empregado jovem e inexperiente, estava nervoso, notava-se. Após o pedido, sorri-lhe e ele sossegou, foi para dentro e num minuto trouxe-me o café. Fechei o caderno, hoje pelos vistos não estava para escrever. Apenas escutar, recordar, ver e saborear o quente do café.
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