quinta-feira, 2 de julho de 2009

letters. IV

Querido mar,
dá-me forças para esquecer. Mergulha em mim, no meu coração enfeitiçado e apaga-lhe o recheio. Já não me importa as consequências. Não me importa que desaprenda o que aprendi. Só quero partir de um zero. Mata-me, e faz-me nascer de tuas gotas que salpicam ferozmente ao embater nos rochedos. Dá-me existência selvagem, fria e sem consciência. Tira-me o que tenho a mais. Por favor, suplico-te. Tens tanto poder, tanta imensidão... seca-me para sempre as dores e os amores. Mete a minha pele da temperatura que tens lá bem no teu fundo. Eu não quero mais nada.
E que me afunde em ti, se voltar a colocar os pés pelas mãos.
ainda tua,
Mafalda

4 comentários:

José Silva disse...

Magnifico, e bastante emocionante, penso que retrataste um sentimento quase na perfeição,

Jojozinha disse...

parabens pela escrita! Optimo!

N R disse...

Como tu dizes, acho que precisas de mergulhar de cabeça. Mas ao partir outra vez do zero, podes acabar no mesmo ponto. O passado pode doer, mas aprende-se com ele.
Este texto está muito bem escrito, parabéns.

AF disse...

bela construção.
que o mar te ajude.