segunda-feira, 26 de abril de 2010
sábado, 24 de abril de 2010
domingo, 11 de abril de 2010
detalhes para os meus olhos.
Partiu. Mesmo entre as minhas mãos. Saltou e rasgou o braço. Espicaçou a pele como vidro. Vi sangue escorrer. Alastrou-se rápido, fazendo nódoa no chão. Não chorei, não gritei, não desmaiei. Simplesmente me permiti apreciar a imagem daquele vermelho vivo a deslizar pelo soalho. Achei lindo... O verdadeiro jogo de cores: Oh, o vermelho potente naquela madeira de vários tons de castanho quase idênticos. A câmara lenta das gotas a escorrerem pelos três degraus que uniam o palco ou chão que a plateia pisava. Era quase perfeito, e por ser um "quase", aí sim chorei. Houve em mim uma sede paranormal de querer ver aquilo para sempre... É diferente de entornar água no chão. Não tem cor, odor ou sabor. O sangue sim, e ainda tem a virtude de ser nosso. É um pouco de mim que mancha o soalho riscado do palco. Eu sorrio enquanto choro. Em silêncio, devagar, lenta para que os olhos não disturbem a visão. Senti que morria senão visse tudo. Todo o processo. Da queda de mais liquido vermelho ao coagular dele. Tornando-se num vermelho escuro, o cheiro a entrar-me finalmente pelas narinas e eu quase revirar os olhos de tanto prazer. A empregada achou-me louca, bem vi nos olhos dela (por segundos). Um certo terror à mistura da preocupação de me ver quase estendida no chão com um corte enorme do braço à mão. Olhei para o rasgão. Oh sim, é enorme! Bati com a cabeça. Um holofote aceso por cima de mim encadeou-me e em reflexo fechei os olhos. Não sei... Foi o auge da adrenalina. E aí sim, apagou-se tudo.
queima, não queima?
Que a chama branca me queime os cabelos e me arrepanhe a pele até ela desfigurar. Que a angustia sistemática de um pulmão negro me faça tossir sangue e respirar fumo tóxico. Que mãos sem dedos se esfreguem sexualmente em minhas pernas e eu nem pestaneje. Que nas feridas que tenho no peito seja esguichado álcool e a carne borbulhe com um tremor incontrolável. Que me esbofeteiem a cara com anéis pontiagudos nos dedos fechados em punhos serrados violentos. Que me lancem ao mar já morta e descomposta. Nua, magra, fria e branca e eu mesmo assim vos sorria com o sarcasmo que me ensinaram.
Dear city,
é incrível a facilidade com que o nosso próprio mundo nos consegue cair em cima e destruir tudo aquilo que somos, aquilo de que gostamos, aquilo por que lutamos. É um processo comprometedor este: a luta árdua para conseguir manter a linha da vida estável. Não a rasgar, não a desfiar, não a inclinar... É quase impossível, mas já ouvi histórias de quem o conseguisse. No inicio julgamos que o horizonte é o destino, quando crianças, quando inocentes. Mas a linha vai crescendo e nós descobrimos que já é uma sorte alcançar os primeiros grãos de areia e que o horizonte com o oceano lá ao fundo é destino impossível. Sempre me disseram que a verdade doí, mas a mim sempre me doeu mais o engano e a ilusão.
sábado, 10 de abril de 2010
sexta-feira, 9 de abril de 2010
quinta-feira, 1 de abril de 2010
Subscrever:
Mensagens (Atom)