sábado, 7 de julho de 2012

o pior dos inimigos

O maior inimigo da humanidade são as pessoas. O maior inimigo da insegurança é a solidão. O maior inimigo da perfeição é a ausência dela. E o meu maior inimigo sou eu própria. São as palavras que teimam em não sair, ou sou eu que já não procuro por elas. É esta pontuação contida, particular, justificada - é a letra bonita e a falta de conteúdo. São os espaços brancos entre as palavras, é a falta de agonia ou o afastamento dela, o seu encobrimento porque sempre foi mais forte que eu e nunca se há-de ir realmente embora. Eu não sei o que se passa. Se algum dia realizarei os meus sonhos, se estarei como todos a dizer que sonhou até certa idade e depois acordou para o mundo. Talvez eu nunca venha a escrever. Talvez eu continue a ligar às coisas bonitas mas materiais. Talvez eu adormeça, sem querer, o meu amor pelas letras, pela leitura, pela expressão. Todos estes fantasmas deveriam desaparecer, este meu interior que me puxa para o subsolo - que me torce os tornozelos e me faz não escrever. Talvez eu nunca tenha em mãos milhentas folhas com palavras que escrevi e chorei, que amei e odiei - mas que acima de tudo as senti. Talvez nunca ninguém me leia nem chore com o que de mais podre e doloroso há em mim, que é o que me faz escrever. Um cheiro nauseabundo, horrível aos olhos e limpo à alma, que me embala para uma ratoeira de emoções da qual me custa tantas vezes sair. Não gosto de dizer que é injusta a vida, porque acredito realmente que somos nós que a desenhamos. Mas queira o mundo que um dia eu encha uma prateleira do coração de alguém.

1 comentário:

N R disse...

A tua última frase é dos melhores desejos que se podem ter. :)

Beijo