quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Sabem,
e volto a repeti-lo, que ainda hoje ao fim da tarde o disse ao meu namorado, gostava muito de viver em plena Lisboa. A minha terra é linda. Gosto do Marquês ao Chiado, Alfama, o Rossio, toda a Baixa, tudo. São as ruas muito largas, as muito estreitinhas, a floresta de betão a conjugar com o monte de árvores e arbustos, os parques, os jardins. E o que me fascina o misto entre a urbanização e os azulejos de cores esbatidas pelo sol que já lhes atingiu geração após geração. Parece que, se olharmos para tudo o que não pertence aqueles arredores lisboetas, não tem realmente vida, não é sinceramente agitado e vivo. Não há estradas no Marquês que tenham sido ali feitas ou construídas sobre pedra, elas fazem parte: sobem e descem, afundam, elevam-se de acordo com o solo. Com a terra firme e tenra que antepassados nossos já pisaram. Já aqui houve sangue, suor, animais em manada, crianças a nascer na terra que hoje mesmo pisámos. É uma admiração prematura, de ideais fixos, um amor-constante por uma cidade. My dear city. As pessoas são em demasia, mais bonitas, mais marcantes, mais poderosas. É como se cada olhar tivesse realmente uma vida própria, histórias mil para contar aqueles que sonham um dia morar nos mesmos prédios em que estes diariamente vivem e crescem, aprendem, reproduzem e se amam. Tem tudo uma leve brisa de romantismo e consciência a tempo e horas da realidade que atravessam. A cada janela aberta olho de esgueira, imagino a decoração, os tons, se os cheiros lá dentro serão iguais aos de cá de fora. Este cheiro carnal de perfume humano, com as castanhas e o fumo dos carros. São as luzes, fortes, garridas, penetrantes nos olhos dos seus admiradores, minha cidade. São os teus estendais nas janelas com roupa a esvoaçar, tão tipicamente nosso. As escadarias e rampas a qualquer esquina, a calçada pombalina, os monumentos, as antiguidades. Oh, tantas outras coisas... Aquela música abundante, os sonzinhos que me acrescentam brilho aos olhos. É um orgulho sistemático não só pelo teu exterior minha cidade, a minha terra, é também o teu interior fadista que nos faz ter garra portuguesa.

4 comentários:

N R disse...

Eu adoraria mesmo mesmo era viver no Chiado! Nem interessava ser mesmo na zona mais viva, só queria era mesmo um cantinho bem perto daquele pulmão de vitalidade e história únicos em toda a cidade. :P

Margarida disse...

tambem gostava mesmo de viver no coração da nossa cidade, chamar casa à magia que Lisboa respira. é tudo tão imponente e acolhedor, intemporal. é amor, aquele cheiro a sardinhas no verão e a castanhas no outono.

joana disse...

É tão linda a nossa cidade :) tenho mesmo saudades de lá ir

s disse...

é Lisboa