segunda-feira, 30 de agosto de 2010
domingo, 29 de agosto de 2010
amor também é... futuro.
Ele fechou a porta e saboreou, passando com a língua pelos lábios, o beijo de despedida que tinham trocado tão docemente. O coração dele encheu. Amanhã estariam novamente juntos, isso é verdade. Mas o amor dele crescia demasiado rápido para sequer aguentar tantas horas sem sentir o corpo dela novamente junto ao seu. De ouvir o som mais bonito de sempre, o da sua gargalhada, e de a olhar bem naqueles grandes olhos verdes e ver que ela realmente está bem, e acima de tudo, que é feliz consigo. Sentou-se na berma da cama quando já se encontrava no quarto. Sorriu. Queria uma vida a seu lado. E para ele era ainda um pouco estranho esse tipo de pensamentos, era jovem e independente. Como seria viver só ele e ela? Não sabia, mas queria-o muito. Queria acordar ao seu lado todos os dias, e adormecer com o corpo dela a parecer tão pequeno comparado com o dele. Queria afagar-lhe o cabelo arruivado sempre que ela não conseguisse adormecer e fazerem amor sempre que ambos tivessem tal vontade. Queria almoçar e jantar com ela, apreciando a forma cuidada como agarra nos talheres. Ela é vegetariana e isso seria um problema, mas nada que não se resolvesse. Sabe de cor cada gosto dela, cada detalhe do seu corpo e da sua personalidade. Sabe que embora seja bastante desorganizada odeia atrasos, que não gosta de muito calor e odeia o frio. Sabe que o seu cheiro preferido é o da hortelã e adora tons quentes e primavís. Sabe que a sua grande paixão é sem dúvida o fundo do mar, e fazer mergulho. Que se perde fascinada e nostálgica ao ver todas as espécies possíveis de peixes em seu redor enlaçando-a, e toda a imaginação lhe escorre pelos poros debaixo do fato de mergulho. E por vezes, o quanto isso o preocupa, quando ela demora mais tempo do que devia lá debaixo e o coração dele lhe cai nas mãos. Uma vez trouxera-lhe um grande búzio das profundezas, e ele comovido mas sem jeito como é habitual, aceitou aquilo como a melhor prenda que poderia ter recebido. Sabe que ela tem uma marca de nascença em forma de folha no antebraço, e que não consegue dormir com as janelas abertas porque tem medo - e ele queria tanto ser o homem que a protegeria desses pequenos medos... Conhece-a como ninguém, tal como a ama mais que qualquer outra pessoa no mundo. Amava-a a ponto de querer um filho seu. Logo ele que nunca quis ter filhos porque acha que não se entenderia com crianças pequenas. Mas ele por ela faria tudo, e sabe que ela igualmente daria tudo por ele. Então saiu de casa decidido, de sorriso largo no rosto e olhos firmes mas felizes, ganhara finalmente coragem. A sua postura fulminava nervosismo, ansiedade e muito muito amor... Iria pedi-la em casamento, de uma vez por todas.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
19:35
"(...) That's how much I feel,
feel for you baby.
How much I need,
I need your touch.
How much I live,
I live for your love. (...)"
feel for you baby.
How much I need,
I need your touch.
How much I live,
I live for your love. (...)"
cor e mais cor.
Unhas dos pés azuis escuras. Mãos também, gosto muito. Ultimo dia de código, que bom. Chatices em casa. Os piores dias para uma mulher. Horrível. Muita música. Ansiosa pelo mês que vem. Muito em que pensar. Ovos estrelados. Três aniversários importantes a caminho. O quarto continua por arrumar. Cansada do interior do roupeiro. Quero, quero muita coisa. Dores nos ossos. Novas leituras. "O recife". A inspiração voltou. Estou apaixonada. Estou mesmo apaixonada.
amor também é... escolhas.
Deram as mãos, e ela, ao sentir aquele arrepio desconfortável na alma, apertou-a com muita força. Era difícil de aceitar. Aquelas três noites seguidas a chorar de pouco ou nada lhe tinham servido. Tinha decidido sim. E já não havia nada a fazer. No fundo, era o seu sonho. Até que ponto se é capaz de escolher entre um grande amor e um grande sonho? Mas ela escolhera. Escolhera aceitar a proposta de trabalho e ingressar para os Estados Unidos da América. Iniciaria no estrangeiro a sua carreira como manequim, com o seu nome numa das agências internacionais de maior gabarito actualmente. Era impossível não aceitar. Lembrava-se agora da chamada, enquanto caminhavam pela calçada junto à praia, num silêncio cuidadoso. Berrara um sim imediato quando ligaram a convida-la, e os olhos brilharam com uma felicidade imensa. Mas ao desligar o telefone deixara-se cair no sofá e chorou como nunca antes tinha chorado. Era um sonho e um pesadelo numa fusão frenética e ela lá bem no meio, forçada a escolher.
«Odeio escolhas.» disse-lhe por fim, ainda de cabeça baixa. Ele olhou para ela, abriu a boca mas de imediato a fechou. Que poderia ele dizer? Também ele odiava que ela tivesse tido que escolher. Queria-a feliz, mas ao seu lado também. Chegaram ao fim da meta, e também a luz do sol chegava ao fim. A noite já era mais presente que o dia, ficando a temperatura um pouco fresca. Sentiu então a despedida aproximar-se. Abraçaram-se, e segredaram infinitas declarações de amor ao ouvido um do outro entre lágrimas dela e apertos revoltos no coração. Os olhos dele pareciam ocos, e o seu interior deveria estar exactamente igual. O corpo dela latejava, sentia-se quente e fria ao mesmo tempo. Amanhã, muito cedo, provavelmente ainda sem o sol florescer de novo, ela estaria nas escadarias do aeroporto com a mãe, numa outra despedida e por fim, pronta a voar. E o pior eram as incertezas de seu regresso. Sem datas, sem conhecimento da próxima vez que conseguiria comunicar com Portugal. Tudo isto só lhes aumentava a angustia. Disseram coisas que nunca tinham dito antes. Murmuraram palavras como "eternamente" e "nunca", palavras que ainda sendo o seu significado uma realidade incógnita, na altura era o que realmente sentiam e necessitavam de dizer. Trocaram beijos e ele passou-lhe os dedos desajeitados infinitas vezes pelos caracóis escuros dela. Adorava-os. As suas formas, o seu volume. O quanto lhe ficavam bem e a tornavam ainda mais maravilhosa. Ela encostou a cabeça no ombro dele e encostou o nariz ao seu pescoço, procurando sossegar um pouco. Como é que iria viver sem o cheiro dele? Sem aquela fragrância entre homem e amêndoas doces... Beijaram-se pela ultima vez. Os lábios termião, de saudade e de amor perpétuo, as línguas guerreavam entre a paz e o adeus. Ele afastou-se, num acto de racionalidade, não querendo continuar alimentar o aperto amargo que tinha nas entranhas. Mas ao levar a mão dela aos seus lábios, fechou os olhos e chorou por fim, pedindo-lhe quase ajoelhado que não fosse para longe dele. (...)
terça-feira, 24 de agosto de 2010
amor também é... preocupação.
Ele reparou de imediato no corte fundo na sua mão. Os olhos embaciaram-se de raiva e preocupação. Simplesmente não conseguia suportar a ideia de que alguém a magoasse, de que aquelas mãos brancas e frágeis tão bonitas estivessem marcadas daquela forma. O seu interior contorcia-se e levou-lhe as mãos ao rosto. Os olhos dela começaram a lacrimejar, como que um socorro calado saísse de dentro daquele castanho profundo. Era ele o seu amparo, e ela o dele. As palavras não saíam, sentia a garganta seca e um aperto doloroso no coração. Amava-la. Como poderia permitir que alguém lhe metesse as mãos em cima, lhe fizesse mal sequer? Abraçou-a com força contra o seu peito desnudado e por fim, ainda que a voz soasse fria e esganiçada, jurou-lhe que nunca mais ninguém a magoaria. Nunca mais. Ela correspondeu ao abraço e depois beijou-lhe o queixo. Engoliu um ou outro soluçar do nervoso miudinho e acalmou. Por vezes poderia parecer exagerado, mas toda aquela preocupação nele era sem dúvida deliciosa. Gostava de se sentir assim, mimada e protegida. Dentro do bom sentido. E também ela o amava e se perdia nos seus braços. Por fim conto-lhe o que aconteceu, e ele dentro dele, rasgado pela fúria e a dor, jurou vingança. Sentiu aquele golpe na mão dela como se fosse em si. Ou talvez custasse ainda mais, por ser logo no seu bem mais precioso. (...)
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
i can fly
Não há pior sensação do que aquela de quando nos tiram a liberdade. Quando a dão ás gaivotas que sobrevoam os céus marítimos. Para que o mundo aproveite um pouco dela, dos sedimentos promíscuos que caem nos areais. E ali fica perdida, enterrando-se pouco a pouco nas dunas, voando ao embale da maresia, no eco do vento, nos bicos de outras gaivotas. A liberdade é provavelmente o nosso maior bem, aquilo que nos coloca atrás das costas umas grandes asas brancas arqueadas e é aí que nós as colorimos. Ao sabor dos nossos mais puros sonhos, desejos e devaneios. É a nossa imaginação numa tela em branco. Tão grande ou pequena conforme o quão largas são essas nossas asas.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
apenas diferente.
Eu digo sempre o que quero e penso, e amanhã não sei o que direi. Guardei aquilo que queria e deitei fora tanta coisa em que acreditei. Fiz escolhas certas ou talvez erradas, mas quis fazer de conta que nunca errei. Eu nunca fui de ficar calada, e quando caí sempre me levantei. Eu não sou melhor nem pior que tu, sou apenas diferente. E vou fazer de tudo para não ser igual a toda a gente. Não querer ver o mal, sem o olhar de frente? Vivi aventuras com finais perdidos, mostrei o que estava por detrás do véu, não deixei sentimentos escondidos e voei tão alto que toquei no céu. Não quero ser igual, infeliz, alguém que não sente, apenas diferente.
música de Filipa Azevedo, adaptação minha em texto.
terça-feira, 17 de agosto de 2010
domingo, 15 de agosto de 2010
quem és tu?
De todas as hipóteses possíveis, de longe me surgiu aquela de que tu regressarias diferente. Nunca que a tenra melodia da flauta que expelias se perde-se. Se extinguiu-se. Estás aqui agora, mas não és a mesma. Aliás, eu mal te reconheço. O teu corpo está tal e qual, pacifico, simples, com essa pele clara digna das princesas dos contos de fadas. Mas o teu interior já não. Essa alma toda que outrora foi característica principal tua, já não transmite harmonia e luz. Agora pareces mais uma farsa, a boa actriz que mente e disfarça. Queres muito que volte a ser como antes, mas já não o consegues. Tens bagagem. Que te pesa muito nos ombros e no coração que decerto te partiram. Aposto que já nem te lembras do quanto eras doce e ingénua. Agora pouco falas e quase nada escutas. Perdeste no horizonte, como quem tem muito para digerir e aceitar. Pareces-me tão cansada, velha por dentro quando ainda és tão rainha por fora...
museum museum
Depois da queimadura grave da minha mãe nas mãos e peito, a praia foi cancelada e hoje foi dia de visita ao Museu Berardo. Vi exposições como "Andy Warhol Tv", "Algumas obras a ler", "Tudo o que é sólido dissolve-se no ar", "Photo Espãna 2010" e "OsGemeos - Pra quem mora lá, o céu é lá", sendo que a última aconselho vivamente. Embora pequena é muito criativa e original. Gostei bastante!
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
- 12 Letter To Someone That Changed Your Life
Querida S,
Tenho a te confessar que me foi complicado escolher o destinatário desta carta. Porque se formos a ver, quantas são as pessoas que nos marcam? Que nos fazem mudar, pouco a pouco? Mas depois pensei em mim, naquilo que realmente me tornei e sou, desde o momento em que te conheci. Há cerca de 6/7 anos, e tu lembraste muito bem desse ano. Eramos da mesma turma, tu eras linda, com esse meu cabelo de sonho e uns lábios grossos. Não me lembro ao certo de como a nossa amizade surgiu. Sei que te admirava, tu eras tudo aquilo que eu queria ser, mas que guardava para mim. Contigo eu sai da minha concha. Tiraste-me os complexos, as complicações, a timidez, e o meu perpetuo silêncio. Puxas-te pelo meu lado mais espontâneo, mais extrovertido e criativo. Fizeste com que deixasse de me preocupar com o que os outros pensam e me divertisse mais. Porque era um direito meu. Meu e de toda a gente. Não se fechem, riam-se o mais alto que puderem. Aconselharias tu.
A vida afastou-nos, tu mudas-te de casa, eu mudei de escola e afastei-me um pouco do nosso círculo de amigos comuns. Agora é somente umas breves conversas que temos pelas redes sociais - como agora lhes chamam - e pouco mais. Mas não se perdeu o carinho, muito menos a lembrança. Ainda há pouco tempo perguntas-te por mim a uma amiga, e eu também procuro sempre saber como tu estás. Se continuas a derramar energia em todas as direcções. E beleza. Que tu, és do mais bonita que há.
Sempre desconfias-te deste meu jeito e "queda" para a escrita. Mas não que eu o exercitasse, ou muito menos que tenho um blog. São tão raras as pessoas que sabem deste meu amor. Mas é assim que gosto que seja. Sabes, se há coisa que aprendi foi que o conhecimento alheio nos tira a liberdade.
A vida afastou-nos, tu mudas-te de casa, eu mudei de escola e afastei-me um pouco do nosso círculo de amigos comuns. Agora é somente umas breves conversas que temos pelas redes sociais - como agora lhes chamam - e pouco mais. Mas não se perdeu o carinho, muito menos a lembrança. Ainda há pouco tempo perguntas-te por mim a uma amiga, e eu também procuro sempre saber como tu estás. Se continuas a derramar energia em todas as direcções. E beleza. Que tu, és do mais bonita que há.
Sempre desconfias-te deste meu jeito e "queda" para a escrita. Mas não que eu o exercitasse, ou muito menos que tenho um blog. São tão raras as pessoas que sabem deste meu amor. Mas é assim que gosto que seja. Sabes, se há coisa que aprendi foi que o conhecimento alheio nos tira a liberdade.
Com saudades,
Mafalda
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
o mais desejado dos animais.
Muitas vezes lamento que a felicidade seja animal de perninhas curtas. Que rasteje pelo chão, silenciosa, tentando ao máximo passar despercebida. Nem todos a vêem, e muitos os que a avistam mesmo debaixo do seus narizes, não são capazes de a alcançar. Têm receios a navegar-lhes na mente, antepassados cruéis e injustos. Acreditam piamente que a felicidade seja impossível de regressar. Este animal é esguio, passa entre as gotas da chuva. É magricela e escorregadio. É preciso muita força, muita fé para o manter nas mãos. A felicidade é um bicho forte, ela faz de tudo para nos escapar. É presunçosa, não se acha digna de qualquer ser. Acha que é preciso ser merecida. E talvez até tenha razão. Mas por vezes foge, e ficamos destroçados a vê-la partir, porque achamos que não a voltaremos a ver. A sentir o seu odor único e inconfundível. É um animal selvagem, bastante difícil de domesticar. É por vezes pontiaguda, com picos difíceis de retirar. Mas quando finalmente dominada, é do mais adorável e viciante. Aconchega-nos, enrola-nos num círculo de borboletas no estômago. Dá-nos a melhor das sensações, e fica connosco. Fica sempre, até lhe voltarmos a tratar mal e ao nosso coração, que não vive sem ela.
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
- 7 Letter To Your Ex-boyfriend
D,Quantas cartas já te escrevi? Nestes três anos, quantas "cartas" trocámos? Quantas vezes nos despedimos, quantas vezes tu regressaste...? Quantas vezes o nosso coração quebrou precisamente por causa destas malditas cartas? Eu perdi-lhes a conta. São decerto infinitas. E esta, inevitavelmente, será apenas mais uma no meio dessas tantas. Não é esta a primeira, nem será a última. Porque escrever para ti é instintivo. Como os animais nascem a saber procurar alimento, eu muitas vezes sinto que nasci a ter de escrever para ti. "Ter" talvez seja um mau verbo, porque não é uma obrigação, e, infelizmente com o tempo, deixou também de ser uma vontade. É sim uma necessidade. Daquelas que se controla, mal, mas com o tempo se aprende a controlar. E o quão inevitável é ao falar de ti, não falar também no tempo. Nesse inimigo nosso, que nos arrastou tanto neste mar negro de correntes descontroladas. O tempo não é amigo de grupos. Ele somente auxilia os individuais. Pessoa por pessoa. E as pessoas é que se ajudam entre si. E talvez tenha sido isso que nós não conseguimos fazer. Aprendemos muita coisa, mas não fomos capazes de trocar esses ensinamentos. De abdicar deles, ou diria até, dar o braço a torcer e lutar por um amor que valia pena. E valia, até essa altura, mais que qualquer amor à face da terra.
É no entanto estranho escrever-te assim, tão directamente e sem meias palavras - se é que me entendes. Habituei-me aos disfarces, à ocultação de informação aos outros para ao máximo me tentar dedicar a ti. E sei bem que nesta parte já tu não acreditas. Tal como sei o quanto contrariado e magoado me estás a ler. A fome voraz que tens de não querer estar a ler isto. Mas mesmo assim não o deixas de fazer, porque tal como é uma necessidade minha escrever para ou sobre ti, também é uma necessidade tua ler-me. Palavra por palavra, muitas vezes mais que uma vez. Foste tu que me acentuaste esta minúcia pelas palavras. A querer elabora-las e a meter-lhes o drama, o exagero. Brincar com elas afogando-as em sangue. É uma característica tua, daquelas que qualquer um repara, e que para uns é estranho e para outros do mais dócil que há. Eu apaixonei-me pelas tuas palavras. Pela verdade delas até a uns tempos. Mas disso doem-te os ouvidos de tanto eu te obrigar a me escutares, e eu não o quero mais. De nada serve, e em toda a minha vida, se houve coisa que eu desejei mais do que tudo, era nunca te magoar. Falhei, redondamente. A minha maior falha provavelmente. Porque quanto mais o desejei evitar, mais o fiz, mais grossa foi a agulha que te enfiei na pele. Mas esta agulha era, literalmente, um pau de dois bicos. E quanto mais te penetrava, igualmente ou até mais eu sofria. Mais do que metade de mim, tu eras a minha vida. Disse-te coisas que nunca disse a ninguém, que ainda hoje não disse. Ás vezes custa, porque a vida ás vezes é assim, mas há significados que quero guardar só para nós. Mas não to prometo. Porque sabemos muito bem o quão difíceis são as promessas de cumprir. Eu meti-as na categoria de coisas impossíveis. E duvido que algum dia as tire de lá.
Tenho tanta e tão pouca coisa para te dizer. Porque se formos a ver bem... O que é que eu já não te disse? O que é que nos falta dizer um ao outro? Para ti nada, porque tens o coração a transbordar de raiva, de uma amargura tão dura que me quebra o coração. A última vez que falamos não foi das melhores, trocamos mais destas cartas, sinceras mas afiadas. E tu isso não perdoas. Não perdoas a dor que sentes. Nunca perdoas-te. Vinda de mim ou desse teu passado.
Mas queria que acima de tudo, mais que qualquer coisa neste momento, que tu estivesses a ler esta carta com o coração. Com aquele que eu conheci. Com aquele que eu amei e que tanto orgulho me deu. Eu nunca tive orgulho em ninguém a não ser em ti. É daqueles sentimentos dificílimos de eu sentir. Quem me conhece sabê-lo. E tu ainda me conheces. Ainda que o negues, que o recuses, tu conheces cada linha daquilo que sou. Por mais mascaras que eu eventualmente tenha vestido, por mais desvios da verdade pura, tu eras o meu manual de instruções.
O que me descansa também, é saber que a probabilidade de alguém ler isto para além de nós os dois é mínima. Ninguém lê textos grandes. Só os que vêm nos livros. Não é que tenha vergonha de ti, de me expor assim. Eu contava a nossa história ao mundo se ele a quisesse ouvir. Aprende-se tanta coisa ao escutar, também foste tu me ensinaste isto. Ainda que, julgo agora, tu já não tenhas os mesmos ideais. Mudas-te de filosofias, de ideias. Mudas-te. Mas não tudo, eu sei. E acredita nisso. Que de longe me és um estranho.
Eu sabia que ia chorar ao escrever para ti, porque há anos que o ritual é o mesmo. É uma dor tremenda que embate no meu peito, se o teu nome vem ou vai. É comum, é pequenino, mas é teu. E eu não conheço ninguém igual a ti. Para o bem ou para o mal, tu és único. Mas não és perfeito como eu julgava, tens defeitos. Mas todos os temos. Só não os descobri na altura certa. Descobri sim um amor arrebatador, que ainda hoje permanece. Sem lume que o esquente, mas aceso, como ditou em poemas Camões.
É no entanto estranho escrever-te assim, tão directamente e sem meias palavras - se é que me entendes. Habituei-me aos disfarces, à ocultação de informação aos outros para ao máximo me tentar dedicar a ti. E sei bem que nesta parte já tu não acreditas. Tal como sei o quanto contrariado e magoado me estás a ler. A fome voraz que tens de não querer estar a ler isto. Mas mesmo assim não o deixas de fazer, porque tal como é uma necessidade minha escrever para ou sobre ti, também é uma necessidade tua ler-me. Palavra por palavra, muitas vezes mais que uma vez. Foste tu que me acentuaste esta minúcia pelas palavras. A querer elabora-las e a meter-lhes o drama, o exagero. Brincar com elas afogando-as em sangue. É uma característica tua, daquelas que qualquer um repara, e que para uns é estranho e para outros do mais dócil que há. Eu apaixonei-me pelas tuas palavras. Pela verdade delas até a uns tempos. Mas disso doem-te os ouvidos de tanto eu te obrigar a me escutares, e eu não o quero mais. De nada serve, e em toda a minha vida, se houve coisa que eu desejei mais do que tudo, era nunca te magoar. Falhei, redondamente. A minha maior falha provavelmente. Porque quanto mais o desejei evitar, mais o fiz, mais grossa foi a agulha que te enfiei na pele. Mas esta agulha era, literalmente, um pau de dois bicos. E quanto mais te penetrava, igualmente ou até mais eu sofria. Mais do que metade de mim, tu eras a minha vida. Disse-te coisas que nunca disse a ninguém, que ainda hoje não disse. Ás vezes custa, porque a vida ás vezes é assim, mas há significados que quero guardar só para nós. Mas não to prometo. Porque sabemos muito bem o quão difíceis são as promessas de cumprir. Eu meti-as na categoria de coisas impossíveis. E duvido que algum dia as tire de lá.
Tenho tanta e tão pouca coisa para te dizer. Porque se formos a ver bem... O que é que eu já não te disse? O que é que nos falta dizer um ao outro? Para ti nada, porque tens o coração a transbordar de raiva, de uma amargura tão dura que me quebra o coração. A última vez que falamos não foi das melhores, trocamos mais destas cartas, sinceras mas afiadas. E tu isso não perdoas. Não perdoas a dor que sentes. Nunca perdoas-te. Vinda de mim ou desse teu passado.
Mas queria que acima de tudo, mais que qualquer coisa neste momento, que tu estivesses a ler esta carta com o coração. Com aquele que eu conheci. Com aquele que eu amei e que tanto orgulho me deu. Eu nunca tive orgulho em ninguém a não ser em ti. É daqueles sentimentos dificílimos de eu sentir. Quem me conhece sabê-lo. E tu ainda me conheces. Ainda que o negues, que o recuses, tu conheces cada linha daquilo que sou. Por mais mascaras que eu eventualmente tenha vestido, por mais desvios da verdade pura, tu eras o meu manual de instruções.
O que me descansa também, é saber que a probabilidade de alguém ler isto para além de nós os dois é mínima. Ninguém lê textos grandes. Só os que vêm nos livros. Não é que tenha vergonha de ti, de me expor assim. Eu contava a nossa história ao mundo se ele a quisesse ouvir. Aprende-se tanta coisa ao escutar, também foste tu me ensinaste isto. Ainda que, julgo agora, tu já não tenhas os mesmos ideais. Mudas-te de filosofias, de ideias. Mudas-te. Mas não tudo, eu sei. E acredita nisso. Que de longe me és um estranho.
Eu sabia que ia chorar ao escrever para ti, porque há anos que o ritual é o mesmo. É uma dor tremenda que embate no meu peito, se o teu nome vem ou vai. É comum, é pequenino, mas é teu. E eu não conheço ninguém igual a ti. Para o bem ou para o mal, tu és único. Mas não és perfeito como eu julgava, tens defeitos. Mas todos os temos. Só não os descobri na altura certa. Descobri sim um amor arrebatador, que ainda hoje permanece. Sem lume que o esquente, mas aceso, como ditou em poemas Camões.
cansada de despedidas,
Mafalda
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
branco e mais branco.
Um vagão de brancura. Unhas vermelhas cuidadas. Gomas morango com muito açúcar. Os malévolos transportes públicos. Um certo receio das palavras. Demasiado calor. Poucas horas de sono. Pouca roupa para vestir & muita para lavar. Coisas por fazer antes do retorno estudantil. Saudades ainda por afogar. Uma óptima leitura O Dia Em Que Te Esqueci, da Margarida. Quarto por arrumar. Leves interesses novos & velhos. Falta de inspiração. Subida dos custos & descida de valores no meu cartão. Ódios musicais a transformarem-se em amor. Porém...
Uma branca repentina para a escrita, que já não acontecia a um bom tempo.
E agora?
domingo, 8 de agosto de 2010
return return
- 1 letter to your best friend
Querido melhor amigo,
é curioso este "rotulo" o de o melhor amigo de todos os amigos que temos. É também um lugar injusto, porque tantas vezes é difícil destacar alguém a esse ponto, amando nós de maneiras tão diferentes cada um dos membros do nosso circulo de amigos. Mas decidir a quem escrever esta carta foi-me fácil. Ainda que nunca nos tenhamos chamado um ao outro de melhor amigo, curiosamente sabemo-lo tão bem que o somos. Eu cresci contigo. Melhor, eu nasci contigo. As nossas mães eram amigas, engravidaram na mesma altura, e na hora de dar a luz eu nasci primeiro - como não poderia deixar de ser, ou não seria um apetite meu em miúda fazer tudo primeiro que tu - e uma semaninha depois, nasces-te tu. Portanto conheço-te desde sempre, e é esta uma frase tão dita mas que tão poucos a podem realmente utilizar. Nós podemos.
Temos uma relação curiosa, somos como irmãos. Não de sangue, de afecto e vivência. E por isso mesmo, como dois autênticos irmãos, não somos de contacto físico um com o outro. Eu não me lembro da última vez que te dei um beijinho na cara, muito menos um abraço. Mas sabes, isso não importa nada, e tu decerto concordarás comigo. É como se tivéssemos saltado essa fase, a necessidade de carinho para aguentar uma relação. Nós somos amigos, mesmo que um dia um de nós parta e nunca mais nos abracemos. Crescemos juntos, em todo o sentido das duas palavras. Em miúdos passávamos férias juntos, e aos nossos 4/5 anos vieste morar para o meu prédio. Primeiro andar, eu esquerdo e tu direito.
O que é também irónico nisto, é saber que mesmo assim, morando um ao lado do outro, que tu nunca lerás esta carta. Porque de longe desconfias que tenho um blog, ou conheces o meu lado mais melodramático e apaixonado. Conheces sim e acho que melhor que ninguém o meu sentido de humor, que é tão parecido ao teu. Os nossos gostos & as nossas cusquices, e toda uma extensa lista por aí adiante que não vale a pena depositar aqui. Ás vezes parece que quanto mais convivemos com as pessoas, mais temos para descobrir, não é?
é curioso este "rotulo" o de o melhor amigo de todos os amigos que temos. É também um lugar injusto, porque tantas vezes é difícil destacar alguém a esse ponto, amando nós de maneiras tão diferentes cada um dos membros do nosso circulo de amigos. Mas decidir a quem escrever esta carta foi-me fácil. Ainda que nunca nos tenhamos chamado um ao outro de melhor amigo, curiosamente sabemo-lo tão bem que o somos. Eu cresci contigo. Melhor, eu nasci contigo. As nossas mães eram amigas, engravidaram na mesma altura, e na hora de dar a luz eu nasci primeiro - como não poderia deixar de ser, ou não seria um apetite meu em miúda fazer tudo primeiro que tu - e uma semaninha depois, nasces-te tu. Portanto conheço-te desde sempre, e é esta uma frase tão dita mas que tão poucos a podem realmente utilizar. Nós podemos.
Temos uma relação curiosa, somos como irmãos. Não de sangue, de afecto e vivência. E por isso mesmo, como dois autênticos irmãos, não somos de contacto físico um com o outro. Eu não me lembro da última vez que te dei um beijinho na cara, muito menos um abraço. Mas sabes, isso não importa nada, e tu decerto concordarás comigo. É como se tivéssemos saltado essa fase, a necessidade de carinho para aguentar uma relação. Nós somos amigos, mesmo que um dia um de nós parta e nunca mais nos abracemos. Crescemos juntos, em todo o sentido das duas palavras. Em miúdos passávamos férias juntos, e aos nossos 4/5 anos vieste morar para o meu prédio. Primeiro andar, eu esquerdo e tu direito.
O que é também irónico nisto, é saber que mesmo assim, morando um ao lado do outro, que tu nunca lerás esta carta. Porque de longe desconfias que tenho um blog, ou conheces o meu lado mais melodramático e apaixonado. Conheces sim e acho que melhor que ninguém o meu sentido de humor, que é tão parecido ao teu. Os nossos gostos & as nossas cusquices, e toda uma extensa lista por aí adiante que não vale a pena depositar aqui. Ás vezes parece que quanto mais convivemos com as pessoas, mais temos para descobrir, não é?
Até daqui apouco,
Mafalda Luísa*
*não é o meu nome real, era o que ele me chamava quando eramos crianças.
O desafio das 13 cartas (versão curta)
- 1 Letter To Your Best Friend
- 2 Letter To Your Crush
- 3 Letter To Your Parents
- 4 Letter To Your Sibling
- 5 Letter To Your Dreams
- 6 Letter To A Stranger
- 7 Letter To Your Ex-boyfriend
- 8 Letter To Your Favourite Internet-friend
- 9 Letter To Someone You Don't Talk As Much As You'de Like To
- 10 Letter To Someone That's Not In Your City/Country
- 2 Letter To Your Crush
- 3 Letter To Your Parents
- 4 Letter To Your Sibling
- 5 Letter To Your Dreams
- 6 Letter To A Stranger
- 7 Letter To Your Ex-boyfriend
- 8 Letter To Your Favourite Internet-friend
- 9 Letter To Someone You Don't Talk As Much As You'de Like To
- 10 Letter To Someone That's Not In Your City/Country
- 11 Letter To The Person You Miss The Most
- 12 Letter To Someone That Changed Your Life
- 13 Letter To Your Reflection In The Mirror
- 12 Letter To Someone That Changed Your Life
- 13 Letter To Your Reflection In The Mirror
Quem quiser fazer está à vontade!
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