Eu nunca pensei que as marés pudessem naufragar. Pensei que era igual a dizer que a agua se tinha molhado. Mas afinal não é. Aquilo que te embala, que te faz deslizar pela correnteza dos sonhos, pode falhar e entrar em erupção. Numa euforia tal, transformando-se em lava. Ás vezes sinto que a minha maré naufraga. Se vai abaixo, e não quer de todo continuar em sintonia comigo. Só não percebo os motivos. A razão para o breve afastamento, o real porquê da fraqueza mundana ser mais forte do que a razão pela qual ela existe. Ou talvez o meu erro seja exactamente esse, acreditar - no todo da minha ignorância e ingenuidade - que ela vive para mim.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
terça-feira, 28 de setembro de 2010
a ti B, de mim M.
Se vasculhar lá no fundo do meu coração tenho que admitir que tenho orgulho em ti. Não é que não sejas merecedor de tal sentimento, mas sim porque mo é difícil de admitir. Faz-me sentir de coração demasiado largo. Há sentimentos em mim que os gosto de ter escassos, e apenas os dirigir a quem realmente os merece. E o orgulho é, sem dúvida, um deles. Mas olhando para ti agora, para o homem que te estás a tornar, é impossível não apreciar estas gotículas de paixão e orgulho a fervilhar por ti. Tu sempre foste a luz ao fundo do túnel. Não eras de todo influenciável, mas quando a maré não te era nem favorável nem desfavorável, tu seguia-la, independentemente do sítio para onde ela te levasse. Muitas vezes te engoliu para o fundo do oceano, e outras te agarraste às bóias que te surgiam pela frente. Tenho realmente pena que poucas pessoas saibam realmente como és. À primeira vista tens uma aparência de excelência que combina perfeitamente com essa tua aura rebelde e atrevida. Gostas da imagem que dás, e isso não deixa de ser bom. Porque não mentes, não és falso ao mostrar aquilo que não és. Tu és assim. Mas não és de todo só isso. És muito, muito mais. Tens um coração tão grande que não te cabe no peito, mas que guerreia com esse teu orgulho miudinho e teimosia. Tens muitos medos. E isso é simplesmente delicioso, principalmente para mim, que foram precisos todos estes anos para os descobrir. És um cofre fechado com uma chave, que no fundo, é muito difícil de encontrar. Só há um exemplar, e és tu próprio quem a tem. Fazes questão disso. De não a deixares perdida à espera que alguém a encontre e te resgate. És tu que a ofereces, como uma dádiva, como uma prenda que vale mais do que ouro. Também fizeste as tuas asneiras, aliás, asneiras grandes porque em certa altura foste miúdo e desististe fugindo da melhor bóia de salvamento que o teu mar alguma vez viu - na minha opinião. Mas como sempre te disse é com os erros que se aprende. Só ainda não percebi se aprendeste algo com este, ou se apenas te deu mais trovões assustadores de noite. És uma caixa de surpresas. Guardas segredos como ninguém. Soubeste dos meus mais ínfimos devaneios, segredos e crimes promíscuos. E ainda que numa situação me tenhas falhado com o teu sigilo, eu voltaria a contar-te tudo de novo. És de poucas palavras e não sabes lidar comigo quando choro. Mas isso dá-te graça e acredito que apaixone muita rapariga. Essa tua falta de jeito natural. És uma alma audaz e viciante. Que como qualquer se humano faz escolhas certas e escolhas erradas, e eu tenho muito orgulho nessa tua alma, por agora estar na estrada certa. Ainda que longe um do outro, eu estarei sempre contigo, como ser omnipresente, a torcer pelo teu sucesso e pela felicidade que teimas em ter receio.
working working
Ainda que as aulas estejam a ser um pouco dolorosas, admito que já tinha saudades dos trabalhos. Hoje praticamente finalizei uma proposta de design para um folheto promocional, falta-me só o orçamento que ainda vou ter que tratar com a gráfica. Espanta-me que um designer tenha que entregar um documento unicamente teórico com o "plano" do que futuramente vai ser estético. É difícil imaginar a capa de um livro através de informações escassas como o tamanho do papel, o acabamento, se as cores são pantones ou não, etc. Mas pelos vistos é assim que funciona e é sempre bom aprender, ainda que não seja especificamente a minha área, nunca se sabe o dia de amanhã.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Sun Set Party Rádio FM
Ora então que, dia 1 de Outubro (sexta-feira) vai dar-se a primeira Sun Set Party no Castelo de São Jorge por volta das 19h. Vem descontrair e assistir ao mais bonito pôr-de-sol ao som dos melhores Dj's da RFM. A entrada é grátis para quem mora em Lisboa e o maior grupo de amigos que aparecer na festa ganha um fim-de-semana numa Pousada de Portugal. Espero-vos lá!
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
direitos de autor.
Sabem o que é que acho muito bonito? A originalidade pura. Aquela que nos surge do intimo, de dentro de nós. Não o que se copia e se altera por gramas ou pior, a desculpa do «basearmos-nos em algo». Uma fonte de inspiração não é um livro do qual nós retiramos frases e mudamos duas palavras. A inspiração é como uma brisa marítima que te embale a mente e o ego. Conjugando tudo o que há de melhor ou de pior em ti e junta-se uma pitada de imaginação. Isso é ser original naquilo que se faz. É o que - no caso da escrita - escrevemos vindo de dentro de nós, e não de sítios que frequentamos e a mente retrógrada acha-se de valor para ter de escolher alternativas por não ser capaz de fazer por si. É nesses casos - para quem não sabe - que há que ser inteligente e justo, e desistir do barquinho ridículo onde pensávamos ter lugar. Porque nem todos podemos ser pescadores.
Comprar peixe e prendê-lo no isco é batota.
terça-feira, 21 de setembro de 2010
divisão.
Eu só queria que o lume que me esquenta diminuísse.
Antes reconhecia-te a metros de distância. Estivesses de costas ou com algo entre nós que me dificultasse a visão. Eu identificava-te num piscar de olhos. Como um navio encontra sempre o seu farol. Não havia nenhum traço teu que eu desconhecesse, nenhuma expressão, nenhuma gargalhada sumida, nenhum local que frequentasses, nenhum dos teus amigos. E mais do que isso, eu podia nem sequer te ver no momento, e saber que ali estavas. Como um pressentimento irracional e meio louco, mas real. E depois aí sim, os meus olhos alcançavam-te e o meu coração mergulhava na fogueira em chamas e labaredas e eu sentia-me quente, muito quente por dentro. Era certa uma sensação de conforto misturada com a euforia do êxtase. Soava um tambor poderoso em mim, e eu ganhava todas as certezas de que eras realmente tu. Mesmo que outrem jurasse que era impressão minha. Mas agora a qualquer minúsculo sinal ou sintoma de ti o meu coração dispara. Esta baralhado, e a minha mente também. Já não te reconhecem lá ao longe, e quem sabe, nem de perto - mas queriam-no imenso. Porque sentem que perderam parte de si. Que lhes caiu penas e agora não têm coragem para levantar voo. Então enlouquecem de desgosto, de raiva de já não serem capazes de tal proeza que outrora lhes era habitual. Eu já não sei por onde andas, que tipo de amigos tens ou de que tamanho é o teu cabelo. Não sei. E é estranho, muitas vezes desconfortável e frustrante. Mas talvez o melhor seja mesmo que tudo se mantenha assim. Numa divisão sim, mas em que os pratos da balança sem sempre estão regulados.
Antes reconhecia-te a metros de distância. Estivesses de costas ou com algo entre nós que me dificultasse a visão. Eu identificava-te num piscar de olhos. Como um navio encontra sempre o seu farol. Não havia nenhum traço teu que eu desconhecesse, nenhuma expressão, nenhuma gargalhada sumida, nenhum local que frequentasses, nenhum dos teus amigos. E mais do que isso, eu podia nem sequer te ver no momento, e saber que ali estavas. Como um pressentimento irracional e meio louco, mas real. E depois aí sim, os meus olhos alcançavam-te e o meu coração mergulhava na fogueira em chamas e labaredas e eu sentia-me quente, muito quente por dentro. Era certa uma sensação de conforto misturada com a euforia do êxtase. Soava um tambor poderoso em mim, e eu ganhava todas as certezas de que eras realmente tu. Mesmo que outrem jurasse que era impressão minha. Mas agora a qualquer minúsculo sinal ou sintoma de ti o meu coração dispara. Esta baralhado, e a minha mente também. Já não te reconhecem lá ao longe, e quem sabe, nem de perto - mas queriam-no imenso. Porque sentem que perderam parte de si. Que lhes caiu penas e agora não têm coragem para levantar voo. Então enlouquecem de desgosto, de raiva de já não serem capazes de tal proeza que outrora lhes era habitual. Eu já não sei por onde andas, que tipo de amigos tens ou de que tamanho é o teu cabelo. Não sei. E é estranho, muitas vezes desconfortável e frustrante. Mas talvez o melhor seja mesmo que tudo se mantenha assim. Numa divisão sim, mas em que os pratos da balança sem sempre estão regulados.
domingo, 19 de setembro de 2010
quando tudo morre.
A vingança é uma faca que se afia, mesmo por cima do sangue que por ela escorre. É o planeamento prematuro e minucioso que se elabora, quando o coração morre e os olhos cegam. A mente torna-se desvairada e corroída. Como uma balada fúnebre que nos soa a satisfação e a regalias. Mas mais do que tudo isto, foi uma desilusão ao meu peito. A imagem que, ainda pouco sólida, era porém lisonjeadora, desvaneceu como nevoeiro ao chegar do sol. Eu daria tudo pela tua integridade e ao quanto és fiel a ti mesmo. Mas ao colocar as mãos no fogo, queimei-me. Uma queimadura que atravessou pele e carne. Como um furo perfeito de um lado ao outro.
hoje é o dia.
O espanta-espíritos tilintou ao soar da brisa matinal. Acorda-me. Ao início resmungo baixinho, e luto por abrir os olhos que parecem colar, e com a visão ainda turva esforço-me para focar o melhor possível o meu espanta-espíritos pendurado na janela escancarada. Esboço um sorriso. É arroxeado e com laivos de branco pérola. Tem formas em meias luas e estranhas estrelas. Disformes e trabalhadas com a perícia a que as maquinas – na minha opinião - não são capazes, só as mãos humanas. Daquelas rugosas e ásperas – as mãos trabalhadoras. Tinha chegado o dia. Não importavam as horas, nem sequer metera despertador antes de adormecer ontem à noite. Sabia que o meu cérebro despertaria automaticamente cedo, tal é a minha ânsia a balbuciar-me sangue nas veias. Eram precisamente seis minutos para as oito da manhã. Teria tempo para tomar banho, perder alguns momentos no meu entulho de roupa disperso pelo roupeiro e ainda, com sorte, tomar o pequeno-almoço. Ainda que goste da calma sou uma rapariga despachada. E hoje faria de tudo para ir o mais rápido possível para a estação de comboios e apanhar o primeiro comboio que aparecesse com direcção ao meu destino de eleição. O grande Porto, e aí sim puder contrabalançar esta minha pressa natural com a paz com que me inundas o coração todos os Verões.
sábado, 18 de setembro de 2010
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
formspring formspring
terça-feira, 14 de setembro de 2010
a saudade.
A saudade é uma frota inteira em naufrágio. Em mergulho silencioso e pavoroso no oceano profundo. Não é mais que a certeza de que o regresso pode nunca surgir no horizonte. Uma tempestade que descamba lentamente sobre os destroços dos navios, das madeiras, das cordas, das bóias com corpos fracos mal pendurados mas com uma esperança abominável a esquentar-lhes o sangue.
Eu nunca pensei que não voltaria para ti. Quando parti jurei-te uma chegada breve e saudosa, transbordante de todo o amor que ainda sentia tão imenso por ti. Que cairia de novo nos teus braços, que me embalaria novamente contigo na mesma cama, que passaríamos muitas mais horas perdidas no tempo a conversar. Sobre tudo e sobre nada, com todo o irresistível prazer que isso nos dava. Mas não aconteceu. Eu parti e voltei. E nem me apercebi que perdera o coração pelo caminho, que ao chegar, estava desprovida de sentimentos... O meu barco naufragara penosamente, tão sereno e calmo que nem me apercebera. Os ventos sábios sempre me disseram que a distância trás as saudades sofredoras e apaixonadas. E eu acreditei. Sorri-lhes. Carente e necessitada de que o nosso relacionamento subisse mais um degrau do convés do nosso enorme navio. Porém todas essas crenças regrediram nesse dia, quando me apercebi que a sabedoria dos ventos eram montanhas ás quais não via o cume. Eles foram invejosos e calculistas, e ao ver tamanha amor verdadeiro e genuíno que eu irradiava por ti, mo roubaram e nos deixaram só um ao outro, sem o que nos alimentasse. Então desculpa todo o tempo que demorei a decidir e aperceber-me das minhas fragilidades relativamente a ti. És de facto muito difícil de abdicar, quanto mais de aceitar que te perderei para sempre.
Eu nunca pensei que não voltaria para ti. Quando parti jurei-te uma chegada breve e saudosa, transbordante de todo o amor que ainda sentia tão imenso por ti. Que cairia de novo nos teus braços, que me embalaria novamente contigo na mesma cama, que passaríamos muitas mais horas perdidas no tempo a conversar. Sobre tudo e sobre nada, com todo o irresistível prazer que isso nos dava. Mas não aconteceu. Eu parti e voltei. E nem me apercebi que perdera o coração pelo caminho, que ao chegar, estava desprovida de sentimentos... O meu barco naufragara penosamente, tão sereno e calmo que nem me apercebera. Os ventos sábios sempre me disseram que a distância trás as saudades sofredoras e apaixonadas. E eu acreditei. Sorri-lhes. Carente e necessitada de que o nosso relacionamento subisse mais um degrau do convés do nosso enorme navio. Porém todas essas crenças regrediram nesse dia, quando me apercebi que a sabedoria dos ventos eram montanhas ás quais não via o cume. Eles foram invejosos e calculistas, e ao ver tamanha amor verdadeiro e genuíno que eu irradiava por ti, mo roubaram e nos deixaram só um ao outro, sem o que nos alimentasse. Então desculpa todo o tempo que demorei a decidir e aperceber-me das minhas fragilidades relativamente a ti. És de facto muito difícil de abdicar, quanto mais de aceitar que te perderei para sempre.
Modalisboa In The Market
Meninos e meninas, é já no próximo mês de Outubro nos dias 7, 8, 9 e 10 no Cais do Sodré - no conhecidíssimo Mercado da Ribeira - que puderam encontrar um cheirinho das colecções mais recentes de Primavera/Verão 2011 dos nossos principais estilistas num evento fabuloso e ao le naturel da Modalisboa in the Market. C'est fantastique!
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
nunca digas nunca.
Não se deve dizer que nunca faremos qualquer coisa. Impormos valores austeros e repreensíveis a nós próprios, sedentos de que o correcto decidido pela sociedade seja de facto sempre a melhor solução. Porque nós não sabemos o dia de amanhã, as vivências e situações que nos esperam. As nossas mudanças, as nossas experiências... Também eu já disse alguns nuncas. Que «nunca faria determinada coisa». E, sinceramente, quebrei-as a todas. E admito-o sem qualquer tipo de repulsa ou arrependimento. Porque o que pensamos hoje, talvez nem seja eterno - Quem sabe? E eu não me arrependi de nenhuma dessas vezes, só aprendi com elas. Talvez até, depois de tudo se ter passado, o que trazes nos bolsos ao regresso, seja absolutamente nada ou apenas coisas más. Mas talvez também a sua duração tenha valido a pena, tenha compensado esses bolsos manchados e vazios. O que nos satisfaz hoje, não nos satisfará para sempre. E todas essas minhas experiências contribuíram para aquilo que sou agora. Aprendi que não devemos, nunca, julgar os outros. Que não se aponta o dedo repreendedor, quando nós poderíamos ter feito exactamente a mesma coisa. Ou até não. Talvez não o faríamos, mas não seremos jamais um exemplo, porque ninguém tem esse poder de perfeição. E ainda bem. É feio julgar. A carta tem sempre duas faces, o que nós vemos e a que os outros vêem. E raras são as vezes em que elas são sequer parecidas. Por mais que o outro diga compreender. Há loucuras que se fazem das quais nós nos arrependemos vivamente. E elas só nos fazem crescer, aprender com os erros ou, pelo contrário, descobrir novas paixões. Temos uma vida de dois segundos – que ninguém se esqueça – e é esse o tempo ridículo em que temos de batalhar para sermos melhores pessoas. Indo contra o moralmente correcto ou não.
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
não te conheço.
Tento com todas as minhas forças fugir, ignorar o teu perfume no meu quarto, e pior, na minha almofada. Enoja-me, doí-me mais que vinagre puro vertido nos olhos. Sinto-me como o principe da Rapunzel: que estava cego quando te salvei da torre alta e austera que era a tua vida. De princesa tens muito pouco, só essa graciosidade que esconde o teu coração de pedra. (...)
chamemos-lhe frustração.
Sinto-me traída e assaltada. Sinto que tomaram decisões por mim, que ignoraram o patamar do admissível e a maldade foi mais forte que o bom-senso. Até que ponto temos direito sobre a vida de outrem? Que gozo demoníaco é este de perfurar a pele, onde mais dói, para abrir uma ferida profunda? Talvez este meu amor pelas pessoas me ajude melhor a percebe-las. É assustador a facilidade com que se desculpam os ignorantes. Ou melhor, os que se fazem passar por tal. Já que no seu mais intimo "eu", tudo foi na expectativa de fazer mossa. De causar danos. Chamemos-lhe um aviso, um daqueles avisos que se diz de amigo, mas nas costas riem-se maliciosamente, de lábios molhados em saliva vilã. Como quem possui finalmente a formula para a conquista do mundo, ao fim de uma vida inteira de tentativas. Nada vem ao acaso. No que trata a palavras, a confissões, a segredos revelados. Há duas situações apenas, o descuido por distracção e o "descuido" por malícia. E isso revolta-me até ao mais mísero fio de cabelo. A minha compreensão estagnou. Também eu em tempos defendia os que se auto-intitulam de «bons amigos». Quando que foram esses que sempre me magoaram e prejudicaram. Indirectamente, já que desses aí eu não tenho nem nunca tive. Arrecado com os dos outros, que de todo é ainda pior. Porque talvez, e infelizmente, seja impossível controlar aquilo que não é nosso.
nada vale realmente a pena.
Eu julguei realmente que as palavras me serviriam sempre de auxílio. Que mesmo quando o mundo me virasse costas, elas me acalmariam, e me trariam a paz de novo ao reinado do meu coração. Mas enganei-me. Depositei todas as minhas últimas esperanças nas palavras, que elas acalmassem ânimos, que tivessem significado e valor. Mas não têm afinal. Para certos ouvidos tornaram-se ocas e desprovidas de vitalidade. Tal como esperei religiosamente que ao escrever este sentimento horrível que me embate cá dentro acalmasse, e eu conseguisse voltar a dormir e a comer. Mas, repito, enganei-me. Ás vezes sinto esta minha admiração pelas palavras algo sem sentido e em vão. O que nos importa ter certezas de algo, se somos os únicos do mundo a pensar dessa forma? Poderão achar que isso é que é bom, a mentalidade aberta e os ideais diferentes e puros. Mas enganam-se, no final das contas só seremos os loucos imaturos a quem os outros reviram os olhos e desprezam. Pela primeira vez deparei-me com a realidade de que as palavras de nada me consolam. Que embora já o tenham feito tantas vezes, neste momento a situação é diferente e em nada elas me acalmam o peito aos soluços. Já não consigo chorar, e a garganta arranha sempre que tento falar. Tenho pânico do silêncio, logo a mim que sempre o adorei. Agora dou por mim a ter de ligar a televisão, mesmo que sem prestar atenção, só para que haja ruído em meu redor, e assim, eu me sinta menos sozinha. De pouco ou nada serve. Mas verdade seja dita, não tenho coragem de a desligar.
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
amor também é... amizade.
Senti o meu coração parar repentinamente, e em seguida quebrar-se em mil pedaços. O meu corpo fraquejou e senti-me desmoronar como a acrópole em Atenas um dia ruiu. Ele amparou-me a queda, erguendo-me com força pelos braços, que mais tarde vim a descobrir uma nódoa negra em cada um deles. Olhou-me nos olhos, numa mista de preocupação e revolta. Gritou o meu nome, e as lágrimas sem medo do olhar dele deslizaram-me pela cara como se fosse a ultima vez que teriam oportunidade de o fazer. Voltei a sentir força nos pés e assim equilibrar-me e soltar-me dos seus braços firmes. Os dentes dele estavam cerrados, e olhava sistematicamente para o local e para a pessoa que me tinha provocado aquela reacção. Abraçou-me, com o coração a transbordar de compaixão e apertos de inutilidade. Não sabia o que fazer. E isso deixava-o doente, ainda mais sendo eu o assunto. Então olhou-me nos olhos à procura de respostas, mas eu via tudo embaciado devido ao tremor do choro que expelia. Os meus lábios tremiam, como tremem tantas vezes no Inverno. Mas agora era do nervosismo e da angústia. Eu não estava preparada para encontrar novamente determinada pessoa, e a tristeza e a desilusão foram maiores que a boa disposição com que estava até à altura. Agarrou-me o rosto que cambaleava com as mãos, e enquanto me limpava as lágrimas intermináveis tentou acalmar-me. Disse que por vezes as pessoas têm que fazer escolhas. Ainda que nós muitas vezes não entendêssemos essas necessidades, mas a verdade é que elas existem e são realmente feitas. Exigiu-me que fosse forte, que aceitasse que o tempo não voltava atrás, e que as pessoas que realmente nos amam nunca nos abandonam. Que tudo pode ter sido maravilhoso num dia, mas no dia a seguir a escuridão pode muito bem invadir relações e provocar um fim. Gritou-me que eu não me sentisse culpada, que eu não podia fazer nada quando aquela pessoa decidiu mudar de vida, e infelizmente, não me incluir nela. Abraçou-me, e eu consegui finalmente regular a respiração e parar de chorar. Mas o meu coração ainda estava partido, e ainda hoje está. E eu sabia isso, já naquela altura, tal como ele. Beijou-me ao de leve nos lábios e os olhos dele ficaram inconscientemente húmidos. Odeia ver-me chorar, ainda mais quando acontece porque alguém me magoou. Afastou-se de mim e finalizou. Disse-me que me amava e que eu tinha de ser corajosa e aguentar tudo isto, ultrapassar a situação de cabeça erguida. Apagar as saudades e desistir. Porque nada iria voltar a ser como antes, por mais que eu o desejasse com todas as minhas forças...
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