É um clássico. Com todas as particularidades que lhe pertencem. Há drama, há paixão, risco, pecado, crime, há medo e muito, muito sabor. Pontos que cada vez mais se recolhem para as suas papilas gustativas. O sabor deste clássico tirado das telas de cinema sabe-lhe bem. Dançam noites foras, perdidos no luar que se sentou confortável na linha do horizonte. Toca o disco de vinil; nunca escutará antes este som. O amor pelo homem mais velho. Dois elementos que o mundo julga incompatíveis, como fogo e agua mergulhados numa bolha de sabão. Um enlouquecer de desejo mútuo. De primeiro grande amor a um e o apaixonar pela imaturidade doce de outro. Ainda está quente o sentimento, ainda não saiu do lume e há que ser cauteloso. O receio de perda é subconsciente. Ainda assim afirma felicidade. Porque tal como os desafinados também cantam, os clássicos também podem ser surpreendentes e tão, tão bons.
domingo, 30 de agosto de 2009
« enquanto durar, é ir ás nuvens e voltar. »
É um clássico. Com todas as particularidades que lhe pertencem. Há drama, há paixão, risco, pecado, crime, há medo e muito, muito sabor. Pontos que cada vez mais se recolhem para as suas papilas gustativas. O sabor deste clássico tirado das telas de cinema sabe-lhe bem. Dançam noites foras, perdidos no luar que se sentou confortável na linha do horizonte. Toca o disco de vinil; nunca escutará antes este som. O amor pelo homem mais velho. Dois elementos que o mundo julga incompatíveis, como fogo e agua mergulhados numa bolha de sabão. Um enlouquecer de desejo mútuo. De primeiro grande amor a um e o apaixonar pela imaturidade doce de outro. Ainda está quente o sentimento, ainda não saiu do lume e há que ser cauteloso. O receio de perda é subconsciente. Ainda assim afirma felicidade. Porque tal como os desafinados também cantam, os clássicos também podem ser surpreendentes e tão, tão bons.
sábado, 29 de agosto de 2009
detalhes da tua ausência. X
sábado, 22 de agosto de 2009
(...)
espaços vazios.
Ela puxou a cadeira para mais perto dele, queria-lhe ver o rosto. Estavam casados à dois anos. Ainda somos umas crianças nisto, pensou, arrastou os pensamentos para as infinitas conversas ao longo de serões nocturnos no sofá em que ele lhe dissera que não estava triste por não puder ser pai, porque casara com a melhor criança que conhecera em toda a vida. Não era um insulto, muito menos uma deixa para originar discussão. Antes pelo contrario. Ela gostava de escuta-lo, e por isso enroscava-se mais no corpo do marido a procurava no peito o som do coração a bater. Era bastante irrequieta, perdia-se a ver desenhos animados de manhã e tinha um sorriso doce e juvenil. E era exactamente isso que mais o apaixonava nela. A fragrância da maturidade com a postura infantil.
Olhou em redor, meteu uma perna por debaixo do rabo na cadeira, estalou os dedos, murmurou aborrecida por se ter esquecido de meter a roupa a lavar, voltou a deitar a cabeça, cantou baixinho o refrão da Lost da Grace enquanto marcava o ritmo com um dedo a bater num cantinho do portátil. Ele olhou-a e arqueou uma sobrancelha, ela sorriu-lhe e continuou a cantar de tom baixo. Gostava de a ouvir cantar, lembrou-se a si mesmo, a voz dela é como mel. E sorriu em troca e voltou a colar os olhos na sua caixa de e-mails. - Porque é que não adoptamos? sugeriu ela. Ele fez-se de despercebido – Um cão? - Não, uma criança. Temos condições financeiras para adoptar um orfanato inteiro. Temos uma relação estável e tanto a minha família como a tua se dão bem e nos apoiariam no processo. O rosto dele mudou de expressão. Tornou-se fechado e sem emoções. - Não quero um filho de outra pessoa. Se... se não podemos ter um do nosso sangue é porque é para ser assim. Só nos dois. Sentiu-se culpada e os olhos encheram-se de água. Mas ele estava demasiado magoado para naquele momento as lágrimas dela lhe tocarem. Desligou o computador e levantou-se, ela fungou, abriu a boca mas voltou a fecha-la. - Pega no cartão de crédito e compra um bicho de estimação qualquer. Voltou-se de costas para ela. - O que não falta é espaço.
Mas o seu peito é como esta casa, compreendeu, haveria sempre um espaço por preencher.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
auto-retrato. II
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
real words
(eu nunca me esqueci de ti) - música.
Não podia ser doutra maneira.
É a sorte, é a sina. Uma mão cheia de nada e o mundo à cabeceira.
Mas nunca me esqueci de ti. (...) Tudo muda, tudo parte. Tudo tem o seu avesso
Frágil a memoria da paixão. É a lua. Fim de tarde, é a brisa onde adormeço.
Quente como a tua mão. (...) Eu nunca me esqueci de ti. (...)»
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
auto-retrato. I
É como ver opostos a dançarem o fervor do enlouquecimento com o ideal da consciência. Sou complicada. Apanhei o cabelo num rabo-de-cavalo e com a minha espécie de franja fiz uma poupinha com ganchos no cimo da cabeça. Fica estranho, mas agora tenho usado muito. Adoro cores de cabelos. Por minha mais profunda vontade era loira. Gosto do dourado e o amarelo a guerrearem numa palavra tão parva como "loiro". Não é o nome que se dá aos papagaios nas anedotas? Mesmo assim gostava de ser loira. Há por aí muito cabelo castanho. Os latinos são assim. Não gosto de castanhos. É o usual e eu cá não sou dada a essas companhias. O castanho das outas pessoas não tem graça. O meu é giro. É da cor da madeira molhada. Não da lenha que metem na lareira. Aí já está demasiado escura. É pareçida à cor da madeira do tronco despido, mas molhada. Só porque lhe intensifica o tom e lhe dá brilho. E também porque sou muito complicada na definição de uma cor. Para mim, nada é simplesmente amarelo, azul, roxo ou vermelho, gosto dos variantes das cores, do salmão disfarçado, do roxo beringela e do preto chocolate, por exemplo. Cabelos pretos também são aceitáveis. Invejo o sensual da cor. O ruivo é o inesperado e a incógnita. Já viajei imenso e não me lembro de alguma vez ter visto alguém de cabelo cor-de-laranja natural! Vejo estupidamente bem. É uma particularidade de que me orgulho. Os meus oftalmologistas dizem sempre que vejo demasiado bem ao longe. Portanto sorri, a Mafalda está a ver-te. Gosto de falar como gente miúda. Com muitas paragens, sorrisinhos, fazer perguntas sem esperar pela resposta e mudar de assunto muitas vezes. Faço-o com pessoas intituladas de sérias. Não há nada mais fascinante que quebrar uns lábios serrados e um olhar de desprezo pela minha pessoa. Sou boa nisso. Muito boa. Acreditem ou não. Ser-se bom em algo é relativo. Eu cá não sou boa em muita coisa. Nem em gastar dinheiro, que é o mais fácil para a sociedade. Sou boa a escolher cósmeticos e livros. Livros para mim. Para os outros sou o desespero. Acabo a impingir uma montanha de papel e a pessoa não vai gostar nem de metade. As vezes sou chata. Tem graça ser-se melga. Eu adoro sê-lo propositadamente. Não gosto de selos, são feios. Sê-lo / selo, perceberam? Foi um trocadilho. Uma piada-à-mafalda como diriam os meus amigos. E ainda que os coleccionadores de selos não se riam por vingança mesquinha de eu não gostar, os outros podem rir-se se faz favor. Eu estou a ver, não se esqueçam. Já tenho idade para ter juízo, eu sei, mas como ultimamente me andam a dizer que não pareço ter a idade que tenho, olha aguentem-se com as consequências dos vossos actos.
segunda-feira, 17 de agosto de 2009
o sabor da carne.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
auto-incompetência.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
summer love. #2
"-Estou morta por sair daqui. Sinto-me longe do resto do mundo..
-Queres que te vá buscar?
-Humhum. Por acaso, até que já me fazes falta."
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
letters. VII
domingo, 2 de agosto de 2009
Também é bom ouvir.
Sweet friendship.
"-olha, obrigada.
-pelo quê..?
-por tudo."