domingo, 30 de agosto de 2009

« enquanto durar, é ir ás nuvens e voltar. »


É um clássico. Com todas as particularidades que lhe pertencem. Há drama, há paixão, risco, pecado, crime, há medo e muito, muito sabor. Pontos que cada vez mais se recolhem para as suas papilas gustativas. O sabor deste clássico tirado das telas de cinema sabe-lhe bem. Dançam noites foras, perdidos no luar que se sentou confortável na linha do horizonte. Toca o disco de vinil; nunca escutará antes este som. O amor pelo homem mais velho. Dois elementos que o mundo julga incompatíveis, como fogo e agua mergulhados numa bolha de sabão. Um enlouquecer de desejo mútuo. De primeiro grande amor a um e o apaixonar pela imaturidade doce de outro. Ainda está quente o sentimento, ainda não saiu do lume e há que ser cauteloso. O receio de perda é subconsciente. Ainda assim afirma felicidade. Porque tal como os desafinados também cantam, os clássicos também podem ser surpreendentes e tão, tão bons.

à Vera, que ainda que esteja receosa, estou contente por ela.

sábado, 29 de agosto de 2009

detalhes da tua ausência. X

Que venha a mudança auto destrutiva, que venha alguém capaz de resgatar o meu e o teu coração num embarque veloz pelo Sado. Que o areal do tempo na ampulheta escorra velozmente e o contacto termine como terminou a vida de Camões, que o conto de um seja preenchido por um amargo sufoco do veneno do fel, e que a do outro alcance o auge da harmonia translúcida das iguarias mais doces. Que o ódio surja determinado e cruel e nos afaste, que se aproxime a angustiante doença, a duradoura tristeza, e pior, que a mártir queda chamada morte embata forte como as sinfonias de Beethoven. Oh tanto faz. Jamais um simples abraço me saberá melhor que o nosso. Nunca, afirmo eu de cabeça levantada, um aconchego sincero que não o teu, me dará a exacta vontade de lacrimejar de felicidade e me fará sentir de novo tão menina.

sábado, 22 de agosto de 2009

(...)

«Promise yourself to be so strong that nothing can disturb your peace of mind. Look at the sunny side of everything and make your optimism come true. Think only of the best, work only for the best, and expect only the best. Forget the mistakes of the past and press on to the greater achievements of the future. Give so much time to the improvement of yourself that you have no time to criticizeothers.Live in the faith that the whole world is on your side so long as you are true to the best that is in you!»

Para a Diana

espaços vazios.

Tamborilou os dedos magros de unhas vermelhas na mesa de vidro transparente. Estava silêncio, não só no salão como em toda a casa. Um casarão daqueles não deveria ser só para duas pessoas, pensou. Sentiu um sabor amargo na boca. Era uma casa vazia por sua culpa. O amargo passou da garganta para o peito. Nunca nos darei um filho, ecoou-lhe na cabeça e deitou esta no tampo da mesa e brincou com um apanhado de cabelos. Uma gargalhada quebrou o silêncio e fê-la levantar a cabeça para procurar o rosto do marido que ria para o ecrã do portátil branco. Estava a ver pela câmara-web o seu mais recente sobrinho a fazer bolhinhas de saliva. Ela sorriu ao marido, mas este estava demasiado deliciado para reparar. Nunca o viria a dar aquela gargalhada para o seu filho ou filhos, herdeiros daquele casarão comprado sempre a pensar nas crianças que viriam um dia do ventre dela. Ainda não teriam eles tido conhecimento de que ela era estéril. Que por meio biológico nunca teriam nem uma criança sequer. O seu maior sonho sempre fora ter filhos, dois rapazes e uma rapariga - que seria a menina dos seus olhos. E agora isso seria impossível por a mulher que ama não conseguir engravidar.
Ela puxou a cadeira para mais perto dele, queria-lhe ver o rosto. Estavam casados à dois anos. Ainda somos umas crianças nisto, pensou, arrastou os pensamentos para as infinitas conversas ao longo de serões nocturnos no sofá em que ele lhe dissera que não estava triste por não puder ser pai, porque casara com a melhor criança que conhecera em toda a vida. Não era um insulto, muito menos uma deixa para originar discussão. Antes pelo contrario. Ela gostava de escuta-lo, e por isso enroscava-se mais no corpo do marido a procurava no peito o som do coração a bater. Era bastante irrequieta, perdia-se a ver desenhos animados de manhã e tinha um sorriso doce e juvenil. E era exactamente isso que mais o apaixonava nela. A fragrância da maturidade com a postura infantil.
Olhou em redor, meteu uma perna por debaixo do rabo na cadeira, estalou os dedos, murmurou aborrecida por se ter esquecido de meter a roupa a lavar, voltou a deitar a cabeça, cantou baixinho o refrão da Lost da Grace enquanto marcava o ritmo com um dedo a bater num cantinho do portátil. Ele olhou-a e arqueou uma sobrancelha, ela sorriu-lhe e continuou a cantar de tom baixo. Gostava de a ouvir cantar, lembrou-se a si mesmo, a voz dela é como mel. E sorriu em troca e voltou a colar os olhos na sua caixa de e-mails.
- Porque é que não adoptamos? sugeriu ela. Ele fez-se de despercebido – Um cão? - Não, uma criança. Temos condições financeiras para adoptar um orfanato inteiro. Temos uma relação estável e tanto a minha família como a tua se dão bem e nos apoiariam no processo. O rosto dele mudou de expressão. Tornou-se fechado e sem emoções. - Não quero um filho de outra pessoa. Se... se não podemos ter um do nosso sangue é porque é para ser assim. Só nos dois. Sentiu-se culpada e os olhos encheram-se de água. Mas ele estava demasiado magoado para naquele momento as lágrimas dela lhe tocarem. Desligou o computador e levantou-se, ela fungou, abriu a boca mas voltou a fecha-la. - Pega no cartão de crédito e compra um bicho de estimação qualquer. Voltou-se de costas para ela. - O que não falta é espaço.
Mas o seu peito é como esta casa, compreendeu, haveria sempre um espaço por preencher.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

auto-retrato. II

O soluçar dos sopros da revolta já se entranharam. Prendi os cabelos laterais com uma mola atrás e deixei a franja cair cair. Tapou-me o olho direito com um agrupar de fios de cabelo em forma de patas de estrela. Não é bem isto, mas não consigo explicar melhor. Tenho andado a pensar muito em cabelo ultimamente. Adoro línguas. Olhos e lábios grossos. São os meus três principais pontos fracos em relação a terceiros. As línguas são um bocado feias. Mas adoro a textura e as suas mais variadas funções. A língua dos gatos é perfeita. Adoro que as minhas gatas me lambam as mãos. São ásperas. Faziam-me cócegas se eu as tivesse. Há coisas que o mundo ainda vai ter de me explicar. Olá mundo! As cócegas não me fazem propriamente rir. Ou me dão comichão ou aleijam. E não são de todo dois factores que me façam rir à gargalhada. E se a vocês faz, meus queridos, têm graves problemas de humor. Gosto de rir. Sorriu imenso e riu-me a bom gosto. Faço barulhos idiotas quando solto gargalhadas incontroláveis. Não gosto de os fazer, sinceramente. Mas por media, os meus amigos adoram-nos. Também respiro fundo no fim, como a minha menina, são vícios que se apanha. E gostos há para tudo, afinal de contas. O verbo gostar e o seu lado prático tem dado muito que falar ultimamente. Ao que parece uniu-se aí um exército com a auto-missão de levantar suspeitas sobre a minha vida privada. Anda por aí tudo a vasculhar nas paredes dos pré-históricos figuras com boatos sobre a minha pessoa. Por isso, vamos por alguns pontos nos í's. Nunca me incomodou que falassem de mim. Vá, mentira. Há uns bons aninhos atrás incomodava-me como tudo. Depois passei de tal 8 para um extravagante 80 e estava-me pouco importando para o que quer coisa viva comentasse sobre mim. Agora considero-me normal, nesse aspecto. Ok. Não sou propriamente a pessoa mais discreta do mundo. Não me incomoda que olhem para mim, e já que estamos numa maré de total sinceridade, muitas vezes até acho piada. O meu agrupado de relações de amizade é maioritariamente constituído por criaturas do sexo masculino, segue-se a pergunta: e depois? Sou extremamente física. Com quem gosto. E é aqui que "a porca torce o rabo". A meu entender há variadas formas de gostar. E - tarararararamm - o facto desse contacto físico existir frequentemente com as pessoas com quem gosto não tem necessariamente que ter um autocolante de algo obsceno/perverso/porco/qualquer coisa inimaginável que passa na cabeça retrógrada de muita gente. Para aqueles a quem a carapuça serviu, vamos lá ver se a gente se entende: Arranjem uma vida, comprem um cão, vão trabalhar, mas ocupem o tempo a fazer algo que não seja inventar histórias sobre mim e sobre as pessoas com quem sou mais próxima. Tenho muita pena se não andei a seduzir os namorados das minhas melhores amigas, se não faço table dances para ganhar uns dinheiros extra ou se não sou maquiavélica o suficiente para andar aí entretida a estragar relações... Lamento de vos desiludi mas essa personagem horrível que vocês criaram não sou eu. Nem nunca, repito, nem nunca dei motivos a alguém para ter qualquer ideia idêntica de mim. Eu sei que ainda agora estão a entrar na adolescência, mas eu não tenho que levar com a vossa falta de maturidade. Criem um hi5, vão fazer comentários a dizer amo-tes e amigas4ever à pessoa que conheceram a semana passada, vão ver os morangos, vão ao shopping comprar roupa igual à de metade da população jovem, qualquer coisa de útil para a vossa vida. Ou então simplesmente falem comigo e digam-me onde está a graça e o prazer de me andarem a tentar magoar. Consciência e bom senso, está bem? Aqueles que não me conhecem pessoalmente e apenas me lêem, peço desculpa pelo uso deste espaço para falar de assuntos desprezíveis. E mesmo sendo escusado prenunciar, não posso deixar de dizer que tudo o aqui deixo à quase um ano é tudo sincero e autêntico. Merda, não sou má pessoa..

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

real words

"so when the devil wants to dance with you, you better say never
because the dance with the devil might last you forever"

(eu nunca me esqueci de ti) - música.

«(...) É o riso é a lágrima, expressão incontrolada.
Não podia ser doutra maneira.
É a sorte, é a sina. Uma mão cheia de nada e o mundo à cabeceira.
Mas nunca me esqueci de ti. (...) Tudo muda, tudo parte. Tudo tem o seu avesso
Frágil a memoria da paixão. É a lua. Fim de tarde, é a brisa onde adormeço.
Quente como a tua mão. (...) Eu nunca me esqueci de ti. (...)»

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

auto-retrato. I


É como ver opostos a dançarem o fervor do enlouquecimento com o ideal da consciência. Sou complicada. Apanhei o cabelo num rabo-de-cavalo e com a minha espécie de franja fiz uma poupinha com ganchos no cimo da cabeça. Fica estranho, mas agora tenho usado muito. Adoro cores de cabelos. Por minha mais profunda vontade era loira. Gosto do dourado e o amarelo a guerrearem numa palavra tão parva como "loiro". Não é o nome que se dá aos papagaios nas anedotas? Mesmo assim gostava de ser loira. Há por aí muito cabelo castanho. Os latinos são assim. Não gosto de castanhos. É o usual e eu cá não sou dada a essas companhias. O castanho das outas pessoas não tem graça. O meu é giro. É da cor da madeira molhada. Não da lenha que metem na lareira. Aí já está demasiado escura. É pareçida à cor da madeira do tronco despido, mas molhada. Só porque lhe intensifica o tom e lhe dá brilho. E também porque sou muito complicada na definição de uma cor. Para mim, nada é simplesmente amarelo, azul, roxo ou vermelho, gosto dos variantes das cores, do salmão disfarçado, do roxo beringela e do preto chocolate, por exemplo. Cabelos pretos também são aceitáveis. Invejo o sensual da cor. O ruivo é o inesperado e a incógnita. Já viajei imenso e não me lembro de alguma vez ter visto alguém de cabelo cor-de-laranja natural! Vejo estupidamente bem. É uma particularidade de que me orgulho. Os meus oftalmologistas dizem sempre que vejo demasiado bem ao longe. Portanto sorri, a Mafalda está a ver-te. Gosto de falar como gente miúda. Com muitas paragens, sorrisinhos, fazer perguntas sem esperar pela resposta e mudar de assunto muitas vezes. Faço-o com pessoas intituladas de sérias. Não há nada mais fascinante que quebrar uns lábios serrados e um olhar de desprezo pela minha pessoa. Sou boa nisso. Muito boa. Acreditem ou não. Ser-se bom em algo é relativo. Eu cá não sou boa em muita coisa. Nem em gastar dinheiro, que é o mais fácil para a sociedade. Sou boa a escolher cósmeticos e livros. Livros para mim. Para os outros sou o desespero. Acabo a impingir uma montanha de papel e a pessoa não vai gostar nem de metade. As vezes sou chata. Tem graça ser-se melga. Eu adoro sê-lo propositadamente. Não gosto de selos, são feios. Sê-lo / selo, perceberam? Foi um trocadilho. Uma piada-à-mafalda como diriam os meus amigos. E ainda que os coleccionadores de selos não se riam por vingança mesquinha de eu não gostar, os outros podem rir-se se faz favor. Eu estou a ver, não se esqueçam. Já tenho idade para ter juízo, eu sei, mas como ultimamente me andam a dizer que não pareço ter a idade que tenho, olha aguentem-se com as consequências dos vossos actos.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

o sabor da carne.

Ele encostou-a à parede, apoiando uma mão nesta e outra no seu pescoço. Sorriu maliciosamente e consumiu, contorcendo-se, a alma selvagem que ela transparecia do olhar. Era fome, muita fome de pele nua. Tocou-lhe com a língua nos lábios de seda vermelha, ela estremeceu e abriu a boca para morder e violar a dele. Havia ardor, intensidade, uma ansiedade frenética e erotismo. A mão deslizou e bruscamente desceu-lhe o vestido, sem ele era apenas mulher. Ela soltou um gemido abafado como uma explosão perigosa de excitação e perversidade, agarrou-lhe o cabelo e mergulhou mais fundo no beijo. Acariciou-lhe a perna elegante que num instante se enlaçou na dele, os corpos assumiram uma posição suficientemente boa para não se largarem mais e ela despir-lhe a camisa. No ar ficou uma mistura sedutora de odores misturados, whisky, perfume e transpiração sexual feminina. A respiração estremecia, a pulsação latejava, e a sensação de cabeça-à-roda tornou-se contínua e saborosa. Pegou nela em direcção à cama e concentrou-se em roçar os lábios no queixo definido e no pescoço, querendo descobrir cada milímetro fugaz dela. As costas do tronco magro embateram no colchão e rapidamente se arquearam, passou a língua nos lábios, bebendo o que restava dele e fechou os olhos quando ele se apoderou do peito pequeno e firme que ela portava. Sentiu vertigens, e a cabeça deixou de funcionar, enlouquecendo, pouco a pouco com a sensualidade dela e o apetite insustentável. Estava calor no quarto, um silêncio que eles não ouviam nem conseguiriam se quisessem. Cravou os dentes no pescoço e usou as mãos trémulas para lhe apimentar o sorriso deliciado dela. Os músculos tremiam descontroladamente e essa sensação fê-la ferrar-lhe as unhas nos ombros largos enquanto ele desceu os dedos até ao seu baixo-ventre. Gemeu o seu nome, e o desejo passou de fantasioso e sexual a primitivo. Deixou cair a cabeça para trás, como rendida aos prazeres da agilidade masculina e isso excitou-o mais. Procurou de olhar desfocado a boca dela. Estava faminta e molhada, colaram-se e perderam-se no emaranhado das línguas, na pressão dos lábios e das mãos curiosas dele no peito dela. Ele era um pouco rude, e o quanto que ela gostava disso. Fazia-la sentir vulnerável, sofredora de mais e mais prazer. Os corpos suados uniram-se, mergulhando nela a um ritmo quase descontrolado e vivo. O impacto fê-la abrir a boca, como se fosse gritar mas sem som. Sentiu-se poderoso e brincou com ela. Enchendo-se ainda mais de prazer e mimando-a como ela gostava. Tocou-lhe com as pontas dos dedos e com a boca no tronco, lambeu-a e sentiu-a quente, muito quente. As pernas dela vacilaram e a cabeça ficou zonza, e enrolou o braço do pescoço dele. O auge da excitação fê-la gritar, um gemido rápido e desenfreado, louco e intenso. Ele entrou mais fundo, mais devagar para que sentissem cada bocadinho do êxtase e grunhiu com a sua voz máscula e rouca. Ela arrepiou-se e voltou a dizer o seu nome, pedindo-lhe que não parasse. Havia ferocidade no rosto de ambos, como se quisessem matar um ao outro fazendo aquilo. O coração acelerou e ele sorriu. Chegou o rosto mais a ela. Agarrou-lhe as ancas com firmeza e ela mordeu-lhe o lábio com força, como um animal que não se alimente há semanas. Enterrou a cara nos cabelos volumosos dela e ela grata escutou-o desmoronar dentro dela.

in the last autumn.

Disseste-o tão confiantemente. Que me fizeste acreditar numa mentira.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

auto-incompetência.

É esta sensação de não saber o que fazer. Como uma incompetência nata sobre os meus próprios pensamentos. Uma agreste vibração de deficiência mental aguda que me embate, um embalar sonolento do acumular de assuntos intermináveis e cansativos. Mergulho horas a fio no vazio, uma corrida desesperada ás responsabilidades. Que se consequência com o impasse da aprendizagem remota e indispensável. A que se enriquece com as navegações em mares vermelhos de agua espessa, nunca transparente, nunca fácil. O vagão de finais de dia avisam, sentimentos nunca são demais, mas forço-me tanto a tê-los que com o decorrer acelerado da construção da estrada, que daqui a segundos o gritos já não serão novidade. Só comum, sem brilho do picante que é o desconheçido.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

summer love. #2

Irrita-me a tua beleza. Enerva-me a perfeita constituição estética que tens, de cada pormenor uma surpresa, e nunca desagradável. Porque é que és assim? Facilitavas-me mais a vida se fosses apenas mais... comum. Mas não, és lindo e orgulho-me tanto da tua embalagem a caminhar ao meu lado que até eleva o ego e baixa-me a auto-estima. E só para piorar a situação, tens um coração de perder de vista. Já me passaram tantas pessoas pelas emoções mais intimas, defeitos estéticos compensados pelas divinas virtudes do interior, ou defeitos interiores salvos pelo esplendoroso estético. E tu, que direito tens de ser tão estúpidamente perfeito? Só me confundes a cabeça. É como comer chocolate dias inteiros e não me fazer mal à pele. Torna-se viciante e intrigante, frustrante por não estar de acordo com o suposto. Um dia ainda te agarro nos ombros e sacudo até me explicares porque é que és tão interessante. Olha que merecias o abanão. Porque isto não se faz a ninguém.


"-Estou morta por sair daqui. Sinto-me longe do resto do mundo..
-Queres que te vá buscar?
-Humhum. Por acaso, até que já me fazes falta."

autoria de Júlio Machado Vaz.

"Ao longo da vida só existe um «amor-das-nossas-vidas» para cada um de nós. Se o encontrarmos ou reencontrarmos tudo bem, senão, ficaremos sozinhos para sempre."

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

de autoria desconheçida.

"O tempo não arruma as coisas dentro de nós. Pode cobri-las de poeira, mas não as muda de sítio"

letters. VII

Querido mar,
não sei como te sentes mas prevejo uma tempestade agreste para este final de tarde. Ele voltará com ela.
(Ainda) não sei até que ponto estará disposto a intervir no sal que me cobre a pele, mas só o seu re-aparecimento destabilizou a minha atmosfera envolvente. Eu sabia que ele viria, no seu avontade natural. Como peixe a nadar dentro de agua até mim, procurar a sereia de quem o coração nunca parte. Sabe a estrela mais bonita que te cobre com a noite em como ele não se apercebe de meus sentimentos. Sinto-me vulnerável, saturada destas marés de peixe podre a dar à costa. Anseio por um tornado no teu centro, que se alonga-se até ao mais fundo local do oceano, e que ele fosse sugado para lá. Está apoderar-se de mim um sentimento de vingança insustentável - eu que nunca fui dessas coisas. Como num filme, como num mar revolto em dias de calor, ando abrir caminho com o inimigo, apenas para o pressionar. É cruel, mas não mais do quanto fui usada. Coloquei-me numa encruzilhada sem saída, nadei demais e agora estou sem forças para nadar de regresso... e é fundo demais para meter os pés no chão e correr.
ainda que sem barbatanas,
Mafalda

domingo, 2 de agosto de 2009

Também é bom ouvir.

Numa maré menos boa, de tanta desilusão em mim e nos meus, com uma auto-estima por vezes furada, é tão bom escutar ânimos sinceros. Sem formalidades, dito assim, naturalmente vindo do interior.

"- A Mafalda é das pessoas mais puras que conheço." Gui
"-És mesmo querida, sempre toda fofinha e assim... Queria ter uma Mafalda sempre comigo, tipo no bolso. Ele nem sabe a sorte que tem." Fonseca

Sweet friendship.

Quero matar saudades. E saberá bem. Como uma doce dança, uma valsa confortável, descontraída e descoordenada. É a isso que me sabes, à mais pura da naturalidade das coisas boas da vida. A um sorriso largo e um olhar irresistível. Uma melodia muda, como o silêncio acolhedor que por vezes se instala entre o meu corpo e o teu. Aprecio a ausência de maldade que te ocupa as mãos de rapaz, a fragrância fina da tua respiração alegre quando estamos juntos e as gargalhadas que são do mais intimo que posso escutar.

"-olha, obrigada.
-pelo quê..?
-por tudo."