domingo, 27 de março de 2011

da autoria de Margarida Rebelo Pinto.

«O meu suposto amor por ele há muito que não era amor, era um misto de saudade, de frustração por tudo se ter perdido, de pena de mim própria, de raiva, de orgulho ferido e, sobretudo, de muita teimosia

deste meu amor à escrita.

Tenho medo de um dia perder esta capacidade de escrever e, mais que isso, perder este amor imenso de o fazer. De deixar de chorar tantas e tantas vezes enquanto escolho frases, histórias, pensamentos... de deixar de sentir realmente tudo o que aqui coloco - seja unicamente da minha mente ou situações que vivo ou assisto de camarote. No outro dia vi na televisão uma senhora que apenas aos oitenta e muitos anos é que conseguiu publicar os seus dois livros, quando que já escrevia desde muito jovem (como eu). E eu tenho medo disso mesmo: que a vida se navegue por outros lados e eu, aos poucos, me afaste sem notar deste meu hábito da expressão. E que um dia, daqui a muitos anos, olhe para trás e lamente não o ter alimentado mais e não ter feito dele mais do que um hábito.

sábado, 26 de março de 2011

circulando.

A vida é um círculo perfeito. O segredo é passar-lhe sempre o fio rente às curvas, mas sem nunca lhes tocar. Saborear o que ele nos trás e o que lutamos por ter. É saber apreciar o que conquistamos e ter a capacidade de deixar ir aquilo que já passou. Aquecer bem o presente na concha das mãos, deixar o passado ir ao suave sabor do vento e caminhar firmes em destino ao futuro. É precioso saber também aceitar as nossas próprias decisões, não viver face ao arrependimento e à amargura. Não deixar jamais o circulo encolher, emergindo numa penumbra para onde ambos caem. As lamentações ficam para o final da vida. Para quando se sabe que não há mais futuro, e mesmo assim, evitar as lágrimas salgadas que derretem nos lábios mas sim fazer este sorrir - porque a vida é um círculo perfeito que nos foi entregue enquanto dádiva. Mas o problema é não esquecer que, infelizmente, é apenas um só.

sexta-feira, 25 de março de 2011

(re)encontro.

Ela olhou-o com o mesmo olhar de sempre. Como que se sorrisse mas sem esboçar um sorriso no rosto. Entrelaçou um pedaço de cabelo nos dedos e respirou fundo - esperava que ele desse o primeiro passo, como esperava sempre, por ele ser muito mais determinado que ela.
Os olhos dele semi-serraram, era difícil concentrar-se, era difícil falar quando se tem algo tão belo para observar. Não a via faz tempo. Estava um pouco diferente, ainda que com os traços que sempre conheceu. Antes conhecia-lhe cada linha que desenhava o seu rosto tão feminino - adorava a sua estrutura óssea, e agora surpreendentemente, passado tanto tempo, ainda gostava mais. O cabelo pareceu-lhe um pouco mais escuro, mais longo, e menos ondulado. Era quase liso, e isso foi-lhe uma pontada no peito. Parecia tão adulta. E o problema é que já o era. Não pudera ver os seus últimos anos de adolescente. Era agora uma jovem adulta, mais bonita, mais confiante, mas mais desconhecida para si. E só deus sabia quantas noites isso o atormentou o sono. O tempo parecia parar quando a olhava nos olhos, ainda que doesse muito - eram tão seus, e em tempos gritavam o seu nome e todo um conjunto de palavras bonitas. Tinham a cor da madeira molhada, do tronco do pinheiro de Natal. Eram quentes e envolventes, tal como ela, quando se conheceram.
Ela mordiscou o lábio rosado e decidiu dar um passo em frente pegando-lhe numa mão. Afagou-a com todo o cuidado do mundo, sentiu-lhe a textura da pele, apertou-a com força e levou-a ao seu rosto. Fechou os olhos e chorou. Chorou pela saudade, pelo cheiro que era o mesmo, pela textura mais rígida de mãos de homem, pela ausência de todo este tempo, pela falta inconfundível que lhe fez ao coração. Chorou e fê-lo a ele chorar também.
Abraçaram-se por fim como um só corpo e, por segundos, foi como se o tempo nunca tivesse passado por eles. (...)

a arte da pantomina.

Tenho medo de te falar. Por mil e um motivos, dos mais seguros aos mais ridículos. Antes de tudo tenho medo que me trates mal - que me abomines como a terra abomina o mar -, tenho medo de estar a errar, que voltar só me magoe mais - porque enquanto tu estás zangado e revoltado, eu estou triste e num beco sem saída, daqueles sem luz alguma, ar puro ou uma breve sinfonia. Tenho também receio de estar a cometer um erro. Porque esta situação é mais difícil para mim do que imaginas, e tu não ajudas, de todo. Preferiste a pantomina como porto seguro, enquanto eu fiquei com as mãos carregadas de nada.

entrelinhas.

Estranha é esta pequena sensação de solidão em mim. Há muito que não vagueava por cá, tão solene e insólita, fraca para me quebrar o coração mas forte o suficiente para o amachucar deixando-o meio disforme. É a primeira vez que nos afastamos e sinto que tu não te importas. E isso corrói-me o pensamento e tudo aquilo que ainda nutro por ti. Não foste capaz de esperar, e quer o queiras quer não - mesmo que estejas coberto de razão - essa tua facilidade aparente em desistir quer dizer muita coisa... Coisas tais que a mente já me tinha alertado em segredo, e o meu coração palerma se recusava a ouvir.

quarta-feira, 23 de março de 2011

PR PR

Ontem foi, então, aquela dita "reunião" com os psicólogos... Nunca fui tão enganada na minha vida! Primeiro aquilo era um conjunto de actividades sobre cada curso. Cada curso tinha a sua bancada com trabalhos e informações sobre o mesmo. E eu, e as minhas colegas onde estávamos? Na entrada, a fazer de Relações Publicas. Estavam duas colegas à porta a receber as pessoas e tínhamos duas secretárias distintas cada uma com duas colegas: uma com a lista de psicólogos convidados onde confirmava-mos nomes, pedíamos e-mails e passávamos certificados de presença, e outra como espécie de merchandising em que oferecíamos uma mala com um pack de informação sobre a nossa escola. Tínhamos também connosco quatro alunos do último ano do curso que faziam uma visita guiada aos convidados pela escola e que depois os levava ao auditório. Aquilo supostamente começava ás três, mas eram 14.35 já estava tudo a chegar e ao mesmo tempo. Eram quatro e tal da tarde, ainda lá estávamos nós, em pé, desgraçadas, a olhar umas para as outras. Eram cerca de 30 psicólogos e não compareceram 12 - mas nós tínhamos que esperar. Estávamos a perder as actividades que supostamente deveríamos fazer parte, como estarmos na nossa banca e falar com os ditos psicólogos e tirar-lhes dúvidas sobre os cursos. Então eu desci para ir ver, e para minha surpresa: praticamente toda a nossa banca (de Marketing e Publicidade) tinha trabalhos meus: o meu mind mapping, uma produção fotográfica que fiz sobre viagens e natureza, etc etc. A minha coordenadora pediu-me que ali ficasse e estava-me sempre a impingir pessoas para lhes explicar os objectivos do curso. Foi intimidador, mas até acho que me safei. Cheguei a casa ás cinco e meia, e caí para o lado, literalmente, porque ainda não me tinha sentado desde as duas.

segunda-feira, 21 de março de 2011

de autoria desconhecida.

"Os sonhos nunca desapareçem enquanto as pessoas não os abandonarem."

62.

61.

da monotonia.

A espera é algo que me cansa. Umas vezes mais, outras menos. Mas agora sinto que tudo anda a passar muito devagar - e por isso a minha vida não corre. Eu sou das que gosta de saborear, de acreditar que cada momento nos trás algo de bom e de mau e à que entendê-lo para que tudo faça um certo sentido. Mas a verdade é que neste actual tempo/espaço não há nada que degustar. Mantêm-se um interminável tempo ameno, e ainda que os extremos não sejam propriamente saudáveis, eu prefiro chorar e sorrir muito, a simplesmente manter o rosto sem uma expressão real.

domingo, 20 de março de 2011

fazemos a cama onde nos deitamos.

A verdade é que desististe depressa. E talvez eu, lá no fundo, o soubesse. Neste momento pedes-me o impossível: que acredite na tua inocência, face a milhares de dizeres contrários. Talvez no fundo não esteja desiludida mas sim com medo, porque estás a mudar à velocidade da luz e cada vez mais te tornas num ponto luminoso, fraco e longínquo da minha visão. Ainda assim não soubeste aguardar. Não soubeste esperar que toda esta informação fosse digerida e eu conseguisse falar contigo pelo menos mais uma vez. E quanto a isso não posso fazer nada. Talvez seja injusto para ti agora, mas já o foi tantas e tantas vezes para mim, que não vou correr atrás de ti outra vez. Ainda dói, e se não queres, não sou eu quem vai querer por ti.

Marketing Marketing

Estou um pouco nervosa quanto à chegada desta terça-feira. Eu e mais quatro colegas fomos convocadas pela minha coordenadora de curso para uma reunião com um grupo de psicólogos do Ministério da Educação habituados a lidar com o ensino regular, e nós teremos a função de lhes falar um pouco sobre o nosso tipo de ensino. Penso que o objectivo é demonstrar trabalhos nossos e acima de tudo, expor o quão mais trabalhoso é o que fazemos e estudamos ao contrário do que se pensa. Eu fui especialmente chamada por ser quem actualmente tem melhores notas do meu ano e particularmente por um trabalho de mind mapping que fiz à pouco tempo em que tive 20 valores. Vamos lá ver como é que corre!

sexta-feira, 18 de março de 2011

dinner dinner

Hoje a noite vai ser passada fora, num jantar de amigas, que por sinal se espera fantástico.
Boa sexta-feira!

sexta-feira, 11 de março de 2011

21:38

A tristeza é um pau de dois bicos. Preocupamo-nos com ela, com a sua intensidade e bravura, mas esquece-mos que a principal preocupação deveria ser enterrá-la o mais rapidamente possível. Porque ela só nos desassossega a paz interior e nos escurece os dias que podiam ser luminosos. E é que aí que o amor entra. O amor translúcido, memorável e quente. Dos que nos coloca no colo enquanto dormimos e nos afaga com os dedos a transbordar de apreço e paixão. Então abro os olhos, e és tu quem lá está - sempre presente - e, por isso mesmo, não te podia agradecer mais. Hoje o dia não foi risonho, pairou por cima de mim uma nuvem cinzenta e tu, que nem cavaleiro andante, afastaste-a o mais possível de mim como só tu sabes fazer.

segunda-feira, 7 de março de 2011

de um lado da muralha.

Eu sempre fui sereia das que se agarram ao rochedo. Que olham, sonham, mas que não têm a ousadia de arriscar e alcançar a areia seca. Eu sempre aceitei a salgada agua marítima como o meu único elemento, de hoje e do resto da minha vida. Sempre houve a pequena curiosidade de saber como é o mundo fora da imensidão azul, mas o receio e o medo sempre foram os meus (maiores e piores) aliados. E eu aceitei-os. Porque me ensinaram que o desconhecido é imprivisível e pode falhar nas nossas expectativas. Quanto que aquilo que conhecemos é precisamente aquilo com que podemos contar. Está assente debaixo dos nossos pés, debaixo das escamas, e não nos surpreende à última da hora. Quem sabe se não perco um pequeno mundo por ser assim, mas não prefiro a aventura para ver o meu coração rasgado, ardente e magoado pelo sal que o entranha. (...)
Lamento a ausência mas o meu blog está com problemas de publicação.
Voltarei assim que possível, queridos leitores.

sexta-feira, 4 de março de 2011

o lento desabrochar.

Talvez por vergonha de o dizer em voz alta apenas o consiga escrever. É nas letras que me transparece os reais e verdadeiros sentimentos. Sei que irá parecer cruel, e talvez o que direi até te faça duvidar do sofrimento por que estou a realmente a passar - mas a verdade é que embora as noites em que choro por falta do teu calor, há em mim uma ínfima sensação nova de liberdade. Eras quem sabe o homem com quem quereria um dia casar, mas ambos sabemos quantos pontos finais colocavas nas minhas ambições, gostos e projectos futuros - e agora sinto que posso fazer tudo. Sinto-me capaz de, enquanto a ferida sara, de conquistar o mundo e mostrar-lhe que eu existo e que o aproveitarei sem a menor dúvida. Com todas as suas maravilhas e surpresas escondidas. Agora tenho tempo e disponibilidade para o que quiser, e não o vou desperdiçar com pequenas e insignificantes coisas. Não te vou dar o "gosto" de te fazer acreditar que sou alguém que não vale a pena. Não vou andar por aí a sair e beber, voltar a fumar e gastar nisso o meu dinheiro. Vou crescer, ter novos objectivos e ser feliz e realizada. Acredites ou não ainda sofro muito por ti, foste o meu primeiro e grande amor, mas se para me aperceber que afinal sou gigante tive que te perder, então quem sabe, se não valeu realmente a pena o rasgão no peito. Criarei um novo coração, mais puro e mais sábio do que aquele que conheceste e destruíste.

terça-feira, 1 de março de 2011

da autoria de Margarida Rebelo Pinto

«Quando não souberes que caminho deves seguir, descansa por um momento e pede o que
queres ver, ouvir e sentir.Vais ver que consegues, se o mundo te ouvir.»