sábado, 31 de outubro de 2009

são histórias. IV

Ela dobrou pela terceira vez a camisa. Não gostava de dobrar roupa - ou talvez viesse a gostar, quando o soubesse fazer em condições. A sua mãe costumava dizer-lhe que a roupa estava mais direita quando saia da maquina de lavar do que quando ela a acabava de dobrar. Ele pelo contrario gostava de a ver a praticar esta tarefa. Fazia-o sorrir, dava-lhe espaço para ver a expressão concentrada e de derrota dela, dava-lhe tempo para admirar a mulher com quem vivia sem que ela lhe pergunta-se «o que foi?» espantada, como se fosse possível não gostar de olhar para ela. Como se inclusive, a apreciação constante das pessoas não fosse até um habito dela.
Colocou a camisa no guarda-roupa, como se fosse uma peça de cristal. Olhou fatigada para ele, e de beicinho posto sentou-se no colo dele. Encolheu-se para lhe escutar o peito, como sempre fazia, e ele afagou-lhe os caracóis. Jogou a cabeça para trás, batendo leve no material que debruava a poltrona. Pensou para si, em como a relação deles era aquela posição. Ela encaixava nele, era a parte interior que lhe faltava, e ele a dela. Como o mar, desde sempre e até hoje, completa a terra.

listen me

Para haver o dia em alguma altura terá de acontecer a noite.
perdoa-me ter anoitecido tão cedo.

curta-metragem «Signs»

talk for what?

são histórias. III

Ela sempre abominara os relacionamentos. Deixara de acreditar em miúda, por uma má experiência. «acontece aos melhores. segue em frente» - ouvira intermináveis vezes. Mas a sua revolta era maior, nunca conseguiria engolir a amargura de ter chorado tão nova por solavancos do coração, pela mágoa pesada com que balbuciava a ausência de sono noites inteiras. E o pensamento era somente um. Sempre o mesmo, independente dos anos que passassem. E foram tantos os que lhe escorreram entre os dedos... sem um amparo, sem uma oração escutada. Até que apareceu, soldado de guerra, conquistador de povos inteiros, homem vencedor de coração aberto. Mas, no fim do amor combate, só mais um desistente.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

23:48

Acho que não imaginas o quanto difícil é escrever para ti. Não sei se será de mim ou se o amor nos faz perder a imaginação - quero demais a realidade que tu és, para me permitir iludir por algo que só há na minha cabeça. Não compreendo porque me é trabalhoso expor-te aqui assim, em letras, em descreveres meus, e saberá deus se quero realmente perceber, ou não serei eu uma apaixonada desassumida pelas incógnitas dos meus dias, dos meus sentimentos mais fundos (que agora são somente teus). És um progressivo devaneio, um desassossego prazeroso, uma linha fina que teço todos os dias com dedos de tesoura - e tenho o cuidado do mundo nas minhas pontas afiadas, pois serei eternamente mulher nua sem o teu cordão de tecido presente. Puxas de mim um algoritmo invulgar, partículas no ar de um céu que era uma coisa, e contigo, quer ser sempre mais, alcançar as estrelas e não somente um céu visível aos olhos de ver. És o tempero principal do meu som, do meu paladar. Quem adoça as minhas papilas gustativas e vislumbra os meus olhos castanhos. Não me cegues. Poderia não sentir mais o teu cabelo entre os meus dedos esguios, mas jamais me permitiria não ter visão que alcance o todo que és. Tão natural, tão meu.

-"quero a minha Mafalda."

sábado, 24 de outubro de 2009

private thing

Ainda estou à espera de conquistar o mundo contigo *

Querido diário e namorado,

São cinco da manhã. Fizemos hoje, ou melhor ontem, um ano de relação. Não estivemos juntos.
Estar fora do país esta semana tinha de tudo para ser fantástico. Iríamos aprender a estar um tempo um sem o outro, a ocupar o tempo com outras coisas ainda que o coração estivesse sempre com a imagem das nossas mãos dadas. Telefonei-te todos os dias, de noite, antes de me deitar e sonhar contigo. Só não esperava era que a cabeça fosse traiçoeira e estraga-se todas as minhas teorias para esta semana. Passas-te o dia de hoje com a tua ex-namorada. Sabes que não me importo, que aceitaria qualquer escolha tua desde que ela te fizesse feliz, como tento eu todos os dias fazer-te também. Passei o dia em casa, não me apeteceu sair, e por acaso era o meu dia de folga do que vim cá fazer a Luxemburgo esta semana. Acordei e mandei-te uma sms, disse-te o quanto te amava e que tinha saudades. Respondeste-me algo idêntico. Ainda que a inovação seja coisa habitual em nós, ao final de um tempo torna-se difícil. Não falámos mais, só a noite quando me contas-te que tinhas estado com ela. O pior de tudo fui eu. Ao menos tu ainda tens uma antiga relação com quem ter outro tipo de relação: uma amizade. Eu nem isso, ainda a mesma ausência, a mesma cicatriz. E foi nisso que passei o dia a pensar. Tenho por habito chorar, não é segredo para ninguém, e ainda que não seja propriamente um orgulho, não tenho vergonha de o afirmar. Mas nunca o meu choro é tão pesaroso como é quando o tema é ele. Passei um dia como não passava a muito. Acabar os estudos e ter-te a ti ocupa-me perfeitamente a vida, e o sorriso é uma constante. A verdade é que a muito que não estava sozinha, e sozinha sou apenas eu e as minhas memorias. Só lamento não ter como as fazer presente. Tudo isto me fez estar agora, ás cinco da manha, a um dia antes de voltar para os braços que á um ano me aconchegam tão bem, num embarque de perguntas sobre mim e nós. Pergunto-me se será apenas coincidência as pessoas que nos ocuparam a mente hoje. Antigas relações, quando até poderíamos ter estado a trocar e-mails ou eu nas compras e tu nos jogos idiotas com os nossos amigos. Não tenho dúvidas de que te amo, muito menos que tu a mim. Mas, não estaremos apenas a compensar um com o outro, a falta que eles nos fazem no peito?

(longe do mundo) - música.

«Eu não sei se vais ouvir-me. Se estás ai ou não... Eu não sei se compreendes esta oração.
Se eu p'ra ti sou uma estranha, que o coração perdeu.

É ao ver-te que eu pergunto, se já foste como eu.
Longe do mundo, perto de ti. Peço conforto de quem eu fugi.

Perdida, esquecida eu oro a ti (...) Peço conforto e nada mais! (...)
Eu não sei se vais lembrar-te de um coração tão só.

Coração tão vagabundo, que perde, chora todos os dias. (...)
Perdida, esquecida, aqui ao orar.
Longe do mundo mas perto de ti...»

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

16:55

Ao longo da historia disparamos vários tiros ao horizonte, e tu foste sem dúvida o meu tiro certeiro. Acredita que a melhor coisa que tenho em mim és tu, e não abdicaria dela por nada deste mundo.
amo-te

something's missing.

É estranho sentir que de certa forma podes estar a sentir a minha falta. Ou talvez não a minha, mas do que nós éramos e dávamos um ao outro. Foi um enlace duvidoso, mandamos-nos de cabeça para uma espécie de "nós". Eu apaixonada pelo teu exterior e tu pelo meu interior, mas rapidamente me fascinei também pelo teu interior como o amor que tinha pelos teus olhos azuis. Marcas-te uma época, tanto que não consigo olhar para o mar sem me recordar de ti. Afinal foi tudo lá, sempre na areia ou no mar. Das palavras ás caricias, dos sorrisos às horas infinitas que passávamos abraçados na tua toalha. Integrei-me no teu mundo com facilidade, desde o que tu eras ao que fazias e com quem te davas. Em semanas tornei-me parte da tua vida. E é um orgulho para mim. Chegas-te a limpar-me lágrimas, e eu tuas. Somos parecidos em algumas coisas, o que só facilitava a cumplicidade e acrescia a química. Nunca vi um defeito em ti, nunca me desiludis-te. Quando só há amizade e química em poção tudo é mais fácil, talvez por isso sempre tenhamos estado bem. Não sei se alguma vez me magoas-te mesmo, afastamos-nos mas foi porque assim teria que ser. O teu coração ainda tinha uma cicatriz grande e eu uma vida demasiado ocupada para te conseguir manter são nela. Quando nos metemos nisto sabíamos como seria, o quanto duraria, por isso nunca poderia haver pedidos de justificações ou tirar satisfações do fim do nosso envolver físico. Admiro-te. Tenho por ti um respeito enorme, e uma paixão pelo teu rosto que tantas vezes me preencheu as mãos. Só não sei se vês tudo isto da mesma forma que eu, e perguntar-te-ia se tivesse coragem. Agora, calhava bem um abraço daqueles que tu e os teus amigos me davam. A saudade ficou, sabias?

past.

Sabes o que também custa mais? É fazeres com que pareça que tudo foi em vão.

- "sabes que eu nunca me vou conseguir esquecer de ti."

your body.

Gosto de te ver nua. Perdoa-me se de alguma forma te assusta a minha frontalidade, mas a meu entender seria crime senão o afirmasse sem rodeios. Gosto de te ver nua. Gosto de cada linha tenra que ele me oferece, do cheiro da pele, do sabor afrodisíaco da tua expressão quando te toco. Gosto da pulseirinha que tens no final da perna, azul, logo a cor que mais odeias por curioso. Gosto do feminino da tua nudez, sem roupa sentada na beira da mesa abres as pernas e esperas brincando a minha boca no teu baixo ventre. Poderia jamais envolver-me contigo, mas seria fatal para mim nunca ter visto o teu corpo desnudado. Fazes de mim doente, um louco que poderás julgar tarado. Mas sinto-me com certezas longe disso. És bonita, e eu sou amante do belo. Gosto de saciar o suor das minhas mãos no teu peito, e gosto ainda mais que tu também gostes que assim o sacie. Tudo por também gostar de ti e do teu apetite por seres bem tratada. Com ou sem lençóis, gosto do teu corpo como veio ao mundo e da pulseira azul. Gosto também do teu cabelo liso, de como te afogas nele se for preciso e da aura sexual que te abstrai do mundo, e eu entretanto aprecio mais um pouco de ti. Há males que vêm por bem.

diseased diseased

Os últimos dias têm-se resumido a febre, a uma infinidade de dores no corpo, enjoos, tosse, duas idas a superfícies médicas, ao numero 808 24 24 00 (saúde 24, Gripe A), mascaras e muito gel desinfectante, frustrações com a paranóia das pessoas com a Gripe, noites mal dormidas, atestado médico de dois dias... Então, alguém quer um bocadinho? Não me importo nada de partilhar.
"- até doente és bonita", e aí tudo fica melhor ♥

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

são histórias. II

Há momentos e historias que não se esquecem. E a tua nunca me sairá do ouvido, nem do ombro que ensopas-te em lágrimas. Foi dia, ou até tarde, de certa tensão, desde que a outra saiu da sala de aula a correr lavada em lágrimas. A aula acabou, e quando um sorriso habitou no rosto dela, choras-te tu. Aparentaste-te nervosa todo o dia, os teus olhos estavam sempre húmidos e as mãos ainda mais irrequietas. Lembro-me de baixares a cabeça, agarrada a esse telemóvel cor-de-rosa, sentada ao pé de nós e de num ápice te levantares e correres para longe do café onde todos estávamos. Falavas e gesticulavas com as mãos, não te ouvíamos, só depois o choro. Assisti ao teu desmoronamento, ainda tenho na cabeça a imagem de tu petrificada em pé, de olhos postos no chão, te deixares cair e serrares os dentes enquanto choravas alto. Ninguém se mexeu, nenhum de nós esperava que tu, sempre animada e a dar cor a este bando, fosses mulher de uma cena daquelas. O meu coração, de mãe como me chamas, disparou. Desligas-te, e mórbida deslocaste-te para perto de nós. Uma de nós deu-te a mão e aí choras-te como se alguém tivesse morrido. "Já sabes onde ele anda?" perguntou-te uma outra. Deixei-as encherem-te de perguntas, de abraços que eram insuficientes à dor que sentias. Depois desviei-te delas e só disse duas palavras "Vá, fala." e contas-te. Não tudo, não metade, nem um terço, e se me assustou as gramas que expulsas-te, imagino o resto. A minha ideia sobre ti mudou. Sentias-te culpada, impotente, má e desamparada. Nada do que te disse que consolou, mas paras-te de chorar. "Ficas tão bonita quando choras..." disse-te outra, sorris-te. Vi a pressão, no teu rosto, que fazes em ti própria para seres forte e teres sempre um sorriso para oferecer. É de louvar, também sou assim, quando consigo. Vi também, o quanto o teu coração implora colo. Só um. Um que não tens, mas que já tiveste. Dirigi-te para a aula, e ao encontro da luz da sala de aula foi quase assombroso o quanto mudas-te. Disseste a todos que estava tudo bem, que tinha sido apenas uma recaída por teres visto a outra chorar. Vi o quanto te mascaras aí, o treino que tens na língua em mentir para te salvar a pele falsa. Não te condeno, ganhas-te o meu respeito inclusive. Lamento apenas, que a vida te esteja a ir contra a maré, por teimosia de um colo vazio.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

são histórias.

Lembro-me do inicio. Lembro-me do ridículo de todo o desenrolar da nossa - qualquer-coisa - e nenhuma palavra calha melhor em nós do que: ridículo. Descreveria hoje, não sei quantos anos depois de te conhecer, a primeira imagem nossa que me subiu á cabeça como se a tivesse acabado de ter. Sei de cor a pressa que tinhas de passar á frente a parte da amizade, que a tua idade te diz não essencial, e a minha me diz ser tudo. Sinto o sabor de cada toque, das mãos que tantas vezes se deram, ás línguas que por breve se tocaram, aos abraços espreguiçados de vontade de que toda esta e aquela encenação fizesse sentido. Nunca fez, nem em dias de hoje. Recordo-me do teu amor por mim e do meu amor pela nossa amizade, não por ti que não és grande coisa, mas sim do carinho que os teus olhos cintilavam com a minha presença e das palavras que tantas vezes me repetiste, atravancadas com amo-tes e atropeladas por sorrisos nervosos e confiantes. Conheço cada emoção que me arrepiava a pele quando me abraçavas, não sei ao certo a razão, mas os teus abraços nunca foram os de um amigo que em tempos se teve um envolver mais intimo. És de minha propriedade, e é algo que até hoje ainda não consegui deixar de sentir. Venha quem vier, sinto-te sempre apaixonado por mim, sempre de coração a palpitar ainda que tantas vezes as tuas palavras se tenham tornado amargas e desdenhosas. Nunca te esqueces-te dos meus erros. Errei contigo, quem sabe. Mas não eram os nossos erros que te desiludiam, sei-o bem, eram só os meus. Os males que me fazia para o bem de alheios. Nunca me compreendes-te, e isso deixava-te frustrado, e desistis-te. Somos amigos, num quase amor-ódio, que só tem de cansativo e engraçado. O mundo poderia até girar ao contrário, que jamais eu perderia o sorriso que meto quando te vejo e os teus olhos deixariam de brincar com o formigueiro da minha presença. Conheço-te melhor que a palma da minha mão, e tu, ainda que não me conheças bem interiormente, conheces melhor que muita gente a palma desta minha mão.

sábado, 17 de outubro de 2009

relembrar

«Tenho de te agradecer, como as palavras são tão doces enquanto esvoaçam hoje para o ecrã. Foste tu, Doente da Mente e do Anonimato, quem me contaminou com os termos do texto; foste tu quem partilhou comigo a lanterna que me ilumina agora o caminho. Como foi possível, tanto tempo adormecido como a Bela Vénus, renascer de uma cama de tecido irreverente e perverso, gatuno e inoportuno, rebelde, procurar os propósitos de uma vida aparentemente sem significado. Encontrei, foste tu, vendada da cara mas não da Identidade, sabes quem és, não te assumas ! será o nosso segredo ... Partilha comigo o fruto do teu saber, dá-me a beber desse Conhecimento que tanto invejo, mostra-me a Luz e instiga o Vento, eu era um barco desprovido de Mastros que viajava ao sabor da Corrente, construíste-me um mastro e hoje sou livre ... Agora digo-o, admiro-te deusa. Não, agora acabaram-se as palavras, como descrever esta turbulência que agora surge, será o tal? Ainda não, as palavras são as falácias do pensamento, com as suas ambiguidades ténues. Desejo, a companhia de que careço, a amizade da mestre das palavras que tanto me inspiram. As nossas palavras são o calor que tanto o corpo precisa, e como ele é insaciável de sentimento.
Encantas-me Feiticeira, não deixes de me enfeitiçar...»
pelo meu amigo JL, para mim, no dia dez de maio de 2009.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

operation operation

Preciso de um movimento para fotografar "passo-a-passo" e fazer efeito câmara lenta na junção das fotografias. Vou fritar ali um bocado os neurónios e já cá volto.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

sábado, 10 de outubro de 2009

smile smile

E ontem, dia 10, o fim de tarde foi ao sabor e incansável ambiente da ModaLisboa. A minha gula por este mundo ficou portanto, ainda mais gulosa.

where?

Há noites que esgotam. Há viveres que sufocam os olhos e os vicia em verter aguaceiros. Há ainda tanta bagagem para tirar das costas... É como um sol que um dia nasceu e nunca mais se pôs. Há sempre uma luz demasiado intensa. Que ao inicio sabe tão bem, saber que nunca mais se virá o escuro, mas depois começa a cegar, a fundir os olhos e a queimar a alma. Um saco sem fundo, pesa muito mas nunca rompe. Nunca cansa realmente o peso, porque se gosta de o carregar. E vai-se sempre gostar, por mais inexplicável que seja.
Ela já não tem o teu cheiro, está manchada da maquilhagem que borra quando me agarro a ela e choro. É um abraço ao vazio, à saudade que tenho do que em tempos a preencheu. É o que mais falta faz, o cheiro que ela tinha quando ma deste e o corpo lá dentro. Mas percebo a fuga, há sentimentos que não duram para sempre como em tempos disseste. O teu não durou. E por isso montaste-te a cavalo e galopas-te fora do meu fairy tale. O meu ficou, e ficará, sempre, a espera do teu regresso e dos sentimentos que me iludiste um dia existirem.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

à Cris,

"É difícil falar de ti, dessa tua complexibilidade nata entranhada no fugor dos poros da pele. Mas não impossível, mas não muito difícil. Muitas são as coisas que me fascinam em ti, muitas são as que acarinho e me despertam uma necessidade de te proteger nos meus braços. És um cristalzinho no meio de uma caverna recheada deles, mas lembra-te sempre, que nenhum brilha mais que tu. Nenhum me apaixona tanto quanto tu. Por vezes corre-me nas veias medo de te perder, que ambas mudemos ao ponto de não nos conseguirmos dar, ou simplesmente interromper o processo de aumento do amor que os anos nos têm oferecido. E digo com certezas, que me perfurem os pulsos se mentir, que já não consigo viver sem ti. Ainda que por vezes mais longe uma da outra, ainda que as vezes as palavras sejam reduzidas e algo pareça murchar. Quero mais que tudo que sejamos sempre capazes de nos regar, que eu consiga meter esses olhinhos a brilharem como os meti em tempos e juntas os vimos mudar de cor. Que o resto das nossas vidas seja a rir e a gozarmos uma com a outra, e sempre sempre, um ombro disponível para chorar e escutar. Muitos parabéns meu amor, que a partir de hoje nenhum dia te seja escuro, mereces a luz mais feliz que a terra tem para dar. Amo-te."
da Mafalda

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

19:23

és. não foste, não serás. simplesmente és. és mais que um desejo, que um sonho. és uma realidade solida no meu leito. jamais aceites como elogio que te digam que és o sol do seu céu, quando és mais que grandioso para ser o próprio céu. e se é verdade que em pouco se diz muito, quero que sejas a segunda palma da minha mão. bem junta. como se tivesse sido sempre uma só.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

00:50

Relógio, tempo partido. Parado, rasgado. Porque é ao que me sabes. Nesta introdução metafórica da historia - a tempo parado. A tempo que se calou sem dar por tal, para meu beneficio, para nosso requintado prazer. São os teus dedos entrelaçados nos meus que lançam o relógio contra a parede e tudo (nos) sabe à ausência do amanha. Porque não há tempo que me tire este gosto por ti. Este irredutível amor pela tua imagem e recheio da pele. É um traço que traço em câmara lenta, com cheiro a vento e a cor é a do teu cabelo. São momentos em horas melódicas que para mim são segundos. Minutos. Minutos de um relógio quebrado por ti. Quanto tiras-te a corda ao meu relógio decrescente, quando o teu lábio preso nos meus dentes me jurou firme um amo-te.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

on/off


Sou grito escuro desenterrado do solo humido. Olhar enternecido á roleta que desde lançada ainda não parou. Sou século estremecido, doença terminal, pimenta na lingua. Sou vela pequena de pavio grande, sou o amargo do bolo mais doce. Pele velha que escama, sou caneta que só escreve quando a tinta falha.