quarta-feira, 10 de setembro de 2014

da saga do medo. I

"Estava numa espiral, das piores, porque fui eu que saltei para lá. Ninguém me empurrou, me magoou ou me deixou. Eu deixei-me a mim mesmo."

Nunca nada vai conseguir reflectir a imensidão da espiral escura que tenho dentro de mim. As incertezas, as magoas, os arrependimentos, as reflexões, as lágrimas, a esperança, o amor... É possível um ser humano tão pequeno carregar tanta coisa dentro dele? A primeira conclusão que consegui tirar com clareza ao longo deste ano foi que não quero crescer. Acho que neste momento é a única coisa da qual tenho certeza, este medo de crescer que me consome, de tomar decisões e principalmente de ter de lidar com as consequências dessas mesmas decisões. Não quero carregar esta mochila pesada ás costas, mas não é justo partilhá-la com alguém. A segunda conclusão que embateu no peito foi que já não sei escrever, que perdi a minha essência, a minha alma que ama as palavras. Já não choro quando escrevo, porque choro tudo antes de escrever. Deixei de escrever por vergonha, por ser recriminada e posta em dúvida por aquilo que dizia aqui. Deixei de escrever porque escrever significava explorar os meus sentimentos e isso implica crescer, o meu maior medo neste momento. Então fui deixando, pouco a pouco. Se antes escrevia pouco e me sentia bem porque isso significava que era feliz, que não havia fantasmas atrás das minhas costas, agora entristece-me não escrever pois significa que não quero enfrentar esta minha infelicidade.



sábado, 26 de julho de 2014

passado e presente.

A máxima de que nós só damos valor às coisas quando as perdemos tem o seu lado de verdade mas também o seu lado de mentira. Porque quando estamos bem, sentimo-nos agradecidos e isso é uma forma de dar valor.
Eu nunca pensei que ser feliz me fizesse tanta falta... Mais do que aquele sitio em si, eu sinto saudade do cheiro do café do Miguel logo pela manhã a inundar o estúdio, das conversas disparatas com as minhas colegas, do cansaço e do stress. Nunca pensei que podia perder a vontade de me vestir e arranjar de manhã, quando eu sempre fui uma apaixonada por moda. Há muita coisa que mudou em mim, sinto que tenho vindo amargar e isso sempre foi algo que não quis para mim: ser uma daquelas pessoas que olham de lado para o futuro e perdem aos poucos a esperança. Mas é um mal silencioso, como um cancro maligno que só nos apercebemos da sua existência quando dói ou quando já é tarde demais. Também nunca esperei que as pessoas que por vezes mais me incomodavam fossem as que mais contribuíam para o meu bem estar... Sair presencialmente da vida delas é o que custa mais todos os dias. A saudade é um mal português, e é como portuguesa que me assombra todos os dias a vida. Tivesse eu previsto o futuro para aproveitar ainda mais cada pedacinho daquele trabalho e daquelas pessoas.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

À Carina

Falar de ti é muito estranho, por isso ainda bem que estou a escrever!
Porque tu não és amiga, não és irmã, não és parceira, tu és tudo numa só pessoa... Quão difícil de definir é isso? Quão sortuda sou eu por ter alguém na minha vida que é tudo isso? Por isso mesmo, mais do que te desejar boa sorte nesta nova etapa da tua vida, tenho antes de te AGRADECER por tudo o que me deste ao longo destes milhentos anos juntas. Dizer: obrigada com todas as letras por seres a melhor amiga possível e por lutares pela nossa amizade com unhas e dentes.
Ás vezes pergunto-me se alguma vez irei construir com alguém o mesmo que conseguimos juntas. E chego sempre à mesma conclusão: que não. Porque independentemente dos altos e baixos, o que temos é único. Tu foste a minha primeira amiga rapariga... E não é que acertei tão em cheio, que foste também a melhor?

Não te posso dizer que a partir de agora tudo vai correr bem, porque a vida ás vezes é uma merda Carina. Mas também é o melhor presente do mundo. E lidar com estes altos e baixos torna tudo tão apetecível e viciante que só posso desejar para ti muitas emoções fortes na tua vida e que eu lá esteja sempre para te abraçar ou sacudir conforme for preciso!

Sempre que estiveres triste pensa que algo de muito grande e bom espera por ti, e por isso ás vezes demora mais um pouco a vir. Nunca de esqueças de soltar o coração sempre que for preciso, não tem graça se for sempre e apenas nosso.
Adoro-te daqui até à lua,
a tua Mafalda


segunda-feira, 5 de maio de 2014

semana 1.

Faz hoje uma semana que estamos nesta nova luta pela nossa relação. Faz hoje uma semana que experimentei pela primeira vez em 4 anos e meio, o que era não te ter. Provei o veneno mais amargo quando olhaste para mim com uns olhos indescritíveis de raiva e desilusão. Quantos dias demorarei para apagar esse sabor da nossa boca?
Voltar para casa naquela noite sem ter certezas do dia de amanhã foi das maiores dores que testemunhei, saber que arruinei anos de amor numas poucas horas deu cabo de mim. Eu sei viver sem amor, sei que o amor tanto vem como vai, como uma brisa aguada que nós não controlamos. Mas não era o caso, pois eu tenho o coração cheio de ti.

Quando tu disseste que não havia mais nós foi uma sensação estranha, entre a dor e o incrédulo. Se te amo tanto e tu a mim, porque não lutar? Quão magoado estavas para achar que vivias melhor sem mim? Quão irritado estavas para achar realmente que eu ia conseguir ser feliz sem ti, viver com esta culpa toda entranhada no meu peito? Quão louco estavas tu para acreditares em tudo isso?

Já me feriram muito o coração, e ás vezes tenho certezas que tu não tens noção disso. Porque como só me amas-te a mim não sabes o que é ter uma imagem maravilhosa de alguém, e depois ela ir sendo queimada aos poucos, demasiado lento para a dor que provoca. Mas agora sabes... Porque deves ter sentido o mesmo quando te menti. É incrível como alguém pode arruinar a sua própria imagem em segundos, não é...? Mas a diferença é que eu acreditei sempre na pessoa que me magoou. Por mais socos que sentisse no estômago e o meu coração doesse, eu sabia que ás más ações não definiam alguém que sempre foi a melhor pessoa do mundo. Que há sempre um motivo ou uma intenção para as nossas ações... Se um ato tiver um coração por detrás, nós temos de ouvir o coração. E eu gostava muito que tu pensasses desse modo. Nunca fizeste algo que não querias para proteger algo? Nunca choraste por algo que foste obrigado a fazer? Nunca estiveste tão desesperado que usaste todas as tuas armas, mesmo as menos corretas? E tu perguntas... até que ponto é isso justificável? Bem, depende do quão tu acreditas em alguém. De quem ela é para ti, do que sentes por ela e até que ponto a conheces... Tu preenches estes requisitos todos, e por isso, se a situação fosse inversa, eu acreditaria sempre em ti.

Viver é difícil. E amar é a nossa maior missão na terra. E eu agradeço todos os dias por essa aventura ser do teu lado. Desculpa, o amor faz-nos fazer coisas idiotas. Mudava muita coisa se pudesse voltar atrás, ou não fosse a minha vida uma coleção de arrependimentos. Quando é que se começa a deixar de falhar e passamos aprender?

No meio disto tudo tive de olhar para mim, e não posso deixar de dizer que o que mais me magoou foi, sendo eu a mulher das palavras, tu não acreditares mais nas minhas. Eu não sou nada sem elas, sem isto, e sem ti. Custa-me que não confies em mim, mesmo antes de teres provas que a tua desconfiança era certa. Custa muito que o que te digo tenha uma cotação tão baixa... Custa-me não saber o que fazer para que acredites em mim, custa-me não saber o que podia ter feito ao longo destes anos juntos para que tu confiasses em mim. Porque eu acredito em ti e nunca duvidaria... Será a minha entrega maior, ou é apenas ingenuidade como todos me dizem?

sábado, 26 de abril de 2014

um coração esburacado, ou um buraco com um pouco de coração II

Tu dás-me um conforto inigualável, uma segurança e uma proteção que são características tuas. Não me tires isso... Não me faças ficar nervosa com as tuas chamadas, não me faças sentir miserável por não ser suficiente tudo aquilo que te dou e digo. É mais um penso rápido colado neste coração esburacado, ou neste buraco com um pouco de coração...

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Temos uma liberdade que não é liberdade nenhuma

Ontem li este texto do Bruno Pinho:
"(...) Vejo tantos homens e mulheres a falar do 25 de Abril, a dizer que é muito importante porque nos trouxe liberdade. Estão sempre para aí a gritar "25 de abril sempre!" Mas quando passam por um casal de homossexuais começam logo a olhar de lado e a criticar. Não estou a dizer toda gente é assim. Mas no fim de contas não é ser hipócrita? Celebrar a liberdade mas depois criticar um por gostar de homens, por ter muitas tatuagens ou um penteado diferente? Sim têm a liberdade de criticar. Mas deviam ter o dever de aceitar também. Vejo pais a deixarem de falar aos filhos por gostarem de alguém do mesmo sexo. Vejo mães a chorar por filho aparecer com uma tatuagem no braço. Cada um sabe de si meus amigos, Não julguem um livro pela sua capa. É estúpido isto, realmente estúpido. Querem ser homossexuais, que sejam. Querem casar-se que casem. Querem adoptar uma criança? Adoptem! Mas não! É preferível a criança ficar num orfanato até à idade de não puder continuar lá e viver na rua. Se uma pessoa que fazer uma tatuagem que faça! É o corpo dela. O mundo seria tão melhor se as pessoas deixassem de ser ocas e parassem de decidir o que os outros deviam fazer com a vida. Muito gosta esta gente de ser igual ao próximo e de decidir o que o outro deve ser ou não."

Nos últimos dias as minhas lutas interiores têm andado muito à volta deste assunto. Tem me doido muito saber que aqueles que amo têm em si também este lado discriminatório que quase nos é cravado na pele à nascença. Porque é que nos incomoda tanto a felicidade do outro? O que é que nos faz sentir que podemos realmente criticar alguém por ser diferente de nós? De onde surgiu este ponto de comparação?
Eu anseio por um mundo igual. Espero que os meus filhos ainda vivam nele.

domingo, 30 de março de 2014

a tua louca.

Jamais esquecerei a combinação do teu sabor salgado com as palavras doces que te saem da boca. Estar contigo é morrer aos poucos, uma morte lenta, entusiasmante, viciante e a melhor que poderia pedir para mim. És como uma droga quando juntas o teu corpo ao meu, és fantasia quando me dás a mão e juras ser para sempre. Que poderia eu pedir de melhor? Que poderia eu sonhar para além do que tenho à minha frente? És tudo o que consigo ver, mesmo quando as luzes se desligam. A minha pulsação acelera e o meu coração dispara só de imaginar a próxima vez que te vou ver. Quem diria que um amor novo poderia surgir em semanas, como se nos conhecêssemos desde sempre e fosse realmente para toda a eternidade.

Será bom demais? Desta vez não vou ter precaução, pois todo o meu corpo e mente me pede este frenesim que só um coração novo e cheio é capaz de produzir no ser humano. Percebe, meu amor, que ansiei por ti a vida toda e que só dizer o teu nome me faz sorrir como uma louca. Serei tua até me quereres, espero que querias mesmo muito. Eu quero-te demais.
Obrigada por me fazeres dançar na chuva.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

o (teu) coração.

Tenho a garganta seca de tanto amar. A fadiga caiu em mim como granizo sobre o solo: com força, mas frágil ao toque... Como era a minha vida antes de ti? Não me lembro do meu coração antes de tu o envolveres com os teus cobertores quentes. Talvez se me esforçar lembre, mas prefiro fingir que esqueci ao recordar quão pequenino e dorido ele era. Aquele amendoim que carregava ao peito. Aquele mesmo amendoim que tu estranhaste mas depois entranhaste. Não é sempre assim o amor quando surge? Um teste de força onde cada um agarra na sua ponta da corda, e puxam até caírem nos braços um do outro.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

sina.

Vai ser sempre assim? Um desacordo constante, uma maresia demasiado salgada para os meus olhos.

sábado, 18 de janeiro de 2014

9 segundos.

Tem sido mais difícil lidar com isto do que estava a espera. O meu amor por ti está numa guerra feroz contra a desilusão e a mágoa que sinto neste momento. Porque não entendes que as tuas acções malignas, podem ter tido em ti consequências físicas, mas em mim deixaram-me uma gigante cicatriz emocional. A tua dor física curar-se-á daqui a uns meses, e eu terei de viver com o meu coração magoado para o resto da vida.
Um dia tu esquecerás tudo, e eu viverei com medo.

Pela primeira vez na minha vida, senti que não sou suficiente.
Uma relação é mais do que a partilha de um amor e felicidade, é também uma responsabilidade - pois quando entregamos o nosso coração alguém, esquecemo-nos que também vamos receber outro em troca. E a partir do momento em que recebemos tamanha dádiva a atenção às coisas tem de mudar, porque já não somos um, mas sim dois enfiados no mesmo saco.