domingo, 27 de novembro de 2011

20:37

me me.

Preciso seriamente de calma na minha vida, de me rodear de coisas boas e bonitas, de pessoas inteligentes e com conteúdo. Afastar-me de toda esta onda negativa e desnecessária em que me insiro. Preciso de ser, quem sabe, mais eu. E não esta pele que visto todos os dias para ir estudar, para conseguir lidar com as pessoas que - infelizmente - tenho de conviver todos os dias. Julgar eu que o local que mais defendi, acreditei e me surpreendeu é o que agora me arrepia só de pensar em estar nele. Julgar que esse mesmo local onde tanto cresci profissionalmente é o ultimo em que quero estar, e faço jogos de cabeça e contas à vida para me escapar dele. E tudo por causa das pessoas. Devido, ironicamente, ao meu maior e mais antigo amor - as pessoas. Os seres que mais me intrigam, apaixonam e impressionam. Há maldade por este nosso (lindo) mundo a fora. Mas não deve ser por isso que o iremos seguir. Temos antes de ser melhores, para ao encostarmos a cabeça à almofada sabermos de coração quente que não contribuímos para essa maldade mundial. Podemos ter uma vida menos emocionante, menos lutada, mas fazemos a nossa parte e isso devia-nos satisfazer mais que qualquer outra coisa. E é assim que eu vivo. Nos cinco dias de semana em que acordo às sete da manhã e visto esta minha pele mais opaca que a verdadeira. Lembro-me bem de antigamente, quando era mais nova, mais livre, mais alegre, julgar que era com os meus amigos, colegas e conhecidos que poderia ser eu mesma. Rir alto, saltar, dançar, correr, dizer o que a minha pele necessitasse de expelir. Mas depois, como os mais velhos sempre me disseram, há pessoas que quer queiramos quer não desaparecem da nossa vida. Vemos que temos de abdicar do céu para ter uma mão cheia de coisas concretizadas. Porque sonhar é perfeito, mas só nos trás algo se fizermos por isso. E eu decidi fazer. Perdi o céu, porque quis, porque sim, porque não consegui impedir que isso acontecesse - não importa. Perdi-o e por substituição falsa encontrei uma bolha inquebrável de mentalidades distorcidas, estranhas e irreais. E não é com essas pessoas que sou eu, é comigo mesma. Ganhei muita insegurança, porque quando começamos a guardar tudo para nós perdemos também um pouco das nossas forças. Começamos a achar que não vale a pena, que é desnecessário, que não é oportuno, que não merece a importância. Mas se calhar vale, não tudo, mas há muita coisa que merece ser dita e realçada. Porque a vida são os sonhos e as palavras. E sonhos tenho-os aos montes, tal como às palavras. Mas todos refundidos em mim, e não no céu que outrora foi só meu.
A verdade é que me preocupo muito. Com todos e com tudo. Até com aqueles que são maus para mim. Tento agir sempre da melhor maneira. Não por medo mas porque quero acima de tudo saber para comigo mesma que não fui igual àquela pessoa. Então sou educada, choro por dentro - de raiva ou de tristeza - mas de mim terão sempre o mesmo, o melhor de mim que conseguir e que achar que merecem. Por vezes até escrever me preocupa. Porque nem aqui sou livre, nem aqui tenho aquele céu que tanta falta me faz. Escrever sobre mim é instintivo, mas expô-lo
não é. Porque me preocupa o quão aborrecido possa ser ler-me. Porque as pessoas não gostam de grandes textos a não ser os verdadeiros literários. Porque me podem interpretar mal, porque me podem julgar. E sabendo no meu intimo que não sou, nem ninguém é perfeito, não deixa de ser aquele tipo de ideia que não consigo aceitar. Porque eu preciso muito, muito de o ser. Porque cada vez que estou lá perto me sinto realmente feliz - como não o sou muitas vezes. Não as vezes suficientes para me apagar estas ideias da cabeça. Maioria da minha vida senti que as pessoas não davam valor ao que eu sou. Não que eu seja uma grande pessoa, uma grande mulher, um grande humano. Mas há tanta gente que admiramos na vida, e há tanta gente que eu admiro... Ou mesmo que não se vá por esses caminhos, apenas que oiçam os meus ideias, que pensem neles... O mundo está cheio de ideias estipuladas, de frases feitas e de ideias pré-concebidas mas isso não deve ser motivo para fecharmos os olhos a elas. Devemos mesmo assim escutá-las e perceber quais as mais acertadas, as que mais expõem a nossa própria maneira de pensar. E por vezes é isso que eu procuro na minha escrita. Que alguém se encontre aqui. Que haja uma alma no mundo parecida a mim. Que veja o mundo como eu. Com um amor triste - é certo - mas com muita esperança. Que saiba realçar o que de melhor há por aqui e o pior de tudo. Que veja a beleza como o agradável que é e não como uma futilidade. Que veja a educação como um bem essencial para a sobrevivência da espécie e não como falsidade. Talvez eu queira muita coisa, talvez eu me preocupe demasiado, talvez eu não consiga nunca ser perfeita realmente, mas isto são os meus ideais que espero um dia transformá-los nas minhas conquistas - com todo o meu amor e coração. E hoje, ao contrário de tantas centenas de textos que já escrevi e não os demonstrei ao céu, abro-me e aqui está - embrulhado em mágoa e confiança.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

ruga.

O relógio tilintou mais do que o normal hoje. Ele balançou de um lado para o outro, rápido e ágil, freneticamente quente. Esquentou a madeira que o envolve e define, derreteu o metal dos ponteiros. Coalhou a cor e manipulou o tempo. O tempo. Esse maldito inimigo da espécie. Tolo é aquele que o ama. Que o anseia, que o espera, sentado de olhos postos no nada. O tempo quebrou-me o amor. Tirou-me a avidez de viver porque, agora, sinto-me no final da recta. Estou só, quando em tempos me senti - ironicamente - cheia de gente. Com muitos afazeres - sem tempo. E agora sou só eu e este relógio que emigra comigo todos os dias. Que me lamenta as dores, a doença e a mágoa constante da perda. O tempo deu-me as maiores alegrias, mas também mas tirou de novo um dia. Levou-me o amor, a saúde, o trabalho, a ânsia de ser. Deixou-me aqui, assim, como se abandona um cão: com nó da garganta mas sem se olhar para trás.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

espera.

Hoje o meu coração pede-me o que não lhe posso dar. Pede-me desesperadamente paz, e não está de todo ao meu alcance. Pede-me palavras sinceras, que me venham do fundo do oceano interno, aquelas quentes de café. E isso eu tento dar-lhe. Porque enquanto houver palavras à esperança. E enquanto eu tiver esperança, eu esperarei por ti. Deste lado da estrada. Junto à casa que nunca tive, sobre o chão que nunca quis. Ansiosa e magoada, numa fusão térmica instável. Do amor e do desespero, de um dia teres sido meu e agora seres de quem te levar. E se assim for, então peço-te que vás com o vento - ele saberá cuidar de ti. Saber-te-á embalar nas noites tristes e levantar nas noites mais calorosas. Ele sabe o teu nome, o teu cheiro, o teu sabor. Não tanto como eu, mas sabe-o também, porque fui eu que lhe contei. Para que te guiasse e para que, quando te sentisses pronto, ele te trouxesse de volta até mim. De memórias apagadas, para que fosse como se nunca tivesses partido.

linhas paralelas.

Não posso fechar mais os olhos a esta realidade que é a minha. À concretização dessa maldição que me lançaste faz tempo, que julguei impossível e que tu bem me avisas-te que seria real - um dia e para sempre. Verdade é que ela se deu, sem eu o esperar, sem eu dar conta. Veio tão suave até mim... Disseste-me um dia que, quando me deixasses de amar, nunca mais pensarias em mim. E que eu, pelo contrário, iria pensar em ti para sempre. Mesmo quando afirmei que já não te amava tanto. Rogaste-me a tua praga, de uma memoria viva a tempo inteiro, e ficaste tu em paz. Eu não acreditei. Porque a minha mente sempre me disse que tu me amavas mais do que eu a ti. Mas não era verdade. Passou tempo, passou muito tempo e eu penso em ti. Não todos os dias mas quase. E se tiver sozinha, de coração cheio e cabeça limpa, ainda choro. Choro porque sei que para ti já não sou nada - e esse sempre foi sem sombra de duvida o meu maior medo. O dia em que me esquecerias, o dia em que a minha terra natal deixaria de ser o teu coração. Tens uma força demasiado grande sobre mim, e daí o meu enorme medo em um dia nos voltarmos a cruzar. Porque eu não sei viver sem ti, mas também não sei viver contigo. Ainda que devesse, porque às vezes olho para mim e vejo o quanto perdi muitos dos ensinamentos que me deste. Ligo demasiadas vezes às pessoas, ao que elas pensam, ao que elas consideram o certo e o errado. Vejo-me a lidar e a envolver com pessoas que não devia, que não trazem nada de produtivo e emocionante para a minha vida - um critério que sempre foi essencial para mim. Mas, no fundo, essa pessoa que me trazia algo de produtivo e emocionante, eras tu. Só tu. E dói dizê-lo. Porque ainda que esteja feliz, estou perdida. Mais perdida talvez do que alguma vez tive. Não és o meu barco, mas serás sempre o meu leme. Espero que um dia voltes a falar comigo e me digas que és feliz, que não me amas mais mas que nunca, nunca me esqueceste.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

da autoria de Tiago Rebelo.

«Os nossos sentimentos pela pessoa que amamos são sempre egoístas porque só tratam da nossa felicidade, mesmo se lhe oferecemos incondicionalmente o nosso mundo inteiro e vivermos para ela enquanto estamos apaixonados: um dia, se deixamos de sentir esse amor, se deixamos de precisar dela nesse exacto instante partimos com pressa e sem olhar para trás. Partimos sem dor – sem a nossa dor, pelo menos – como se não houvesse uma história, como senão lhe tivéssemos jurado o nosso amor (…).»

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

pede-me que fale.

Nem sempre quem cala consente. Às vezes cala por medo, por receio. E às vezes preferia que fosses tu a calar-te, e não eu. Talvez assim não me magoasses tanto, não me fizesses sentir esta frustração e sensação de que não sou assim tão importante. Madalena viveu em segredos quase toda a vida, não me faças ter segredos de mim própria, daquilo que sou. Eu morro cada vez que não escutas aquilo que não te digo.

chegada?

Não estivemos contigo neste momento mais doloroso - é verdade. Mas verdade também é que, lá no fundo, nós já não sabemos estar contigo. Por mais que doa, por mais memórias conjuntas que tenhamos tido, a realidade é que já não nos conhecemos umas às outras. Tu foste, tal como Camões "para mares nunca antes navegados" e nós ficamos em porto, a ver-te afastares-te sem uma palavra de despedida. Mas também não fomos os teus velhos do Restelo. Nós calámos magoadas as nossas almas e não levantamos suposições quanto às tuas acções (ou talvez ao inicio o tenhamos feito um pouco - porque a verdade é que nos custou bastante perceber o porquê. Porque é que nos deixas-te, porquê a nós que sempre te demos tudo o que podíamos e o que não podíamos). Chorámos cada uma para si as suas lágrimas em Belém, com sentimentos revoltosos naquela Praia das Lágrimas que outrora foi história na vida de alguém - tal como tu. Porque nós éramos nós, e tu não eras mais um navegador português, tu eras o nosso Vasco da Gama. O barco não se afundou, porque também não deixámos que nos perdêssemos da mira. Lutámos contra o Adamastor e contra Baco e procurámos a nossa salva Ilha dos Amores. O sebastianismo ficou até ao dia, em que perdemos a fé. Dói tanto dizer, mas devias ter chegado mais cedo, com o nevoeiro.

sábado, 5 de novembro de 2011

Artigo de opinião

Tirado daqui.
"Na semana passada li um artigo sobre uma tendência que começa agora a ganhar relevo na sociedade portuguesa – o LAT, ou seja, Living Apart Together. Parece que os casais, quer tenham contraído o belo do matrimónio ou sejam apenas namorados, preferem morar em casas separadas. Amam-se, adoram-se, mas cada um tem o seu apartamento.Tenho a dizer que concordo! Há dias em que o membro feminino do casal vai querer vestir um pijama XXL de ursinhos, fazer uma máscara facial verde com as tradicionais rodelas de pepino nos olhos, comer chocolates e ver filmes lamechas. E também há alturas em que o macho quer beber minis enquanto vê jogos de futebol com os broncos dos amigos…e algumas madrugadas em quererá ver porno. Sim, sei que devemos aceitar o outro com todas as suas qualidades e defeitos. Sim, que o amor é cego (NOT). Sim, que ser casal é isso mesmo. A verdade é que acho que esta história de viver junto mas separado é uma grande ideia.
Obviamente, na maior parte das noites, ela vai dormir a casa dele ou ele a casa dela. A diferença é que quando cada um dos membros do casal precisar de fazer alguma coisa ridícula ou extremamente irritante não tem de ter o outro a assistir. E parece que há menos riscos de que a vida sexual se torne monótona. O que é uma grande vantagem, diga-se. As possíveis separações também são mais fáceis. Assim acabam os dramas do “sais tu/saio eu”e até mesmo o “esquece, o bonsai é meu!”. Caso a coisa corra mal cada um tem o seu cantinho, a sua independência. O grande senão desta nova forma de vida é o facto de cada um dos apaixonados ter de pagar a sua renda ou prestação da casa e em tempos de crise isto conta, ou melhor, desconta e muito.
Conclusão pessoal: Podem dizer que o LAT gera relações pouco profundas e comodistas. A minha opinião? O LAT ajuda a manter relações profundas e a torná-las mais divertidas. Acho que se mais casais adoptassem este sistema haveria menos divórcios. E melhor sexo."

de autoria desconhecida.

«As relações tornam-se monótonas porque a pessoa que te "tem",
deixa de fazer o que fez para te ter.»