quarta-feira, 9 de junho de 2010

paint.

Peguei no meu já antigo pincel nº 6 vindo da China de pêlo de marta. É maior que os outros, o cabo, é enorme e é por isso que gosto dele. E também por ser bem que passa de geração em geração. Curioso não? Um pincel... Não é coisa comum. Peguei ainda no frasco de vidro transparente e enchi-o por metade com agua da torneira, e no meu pano velhito outrora branco. Porque hoje em dia de branco tem muito pouco, tem mil cores esborratadas, cores que infelizmente consegui formar uma vez só, e elas perduram agarradas num pedaço de pano para nunca me esquecer que fiz tal cor perfeita. O pincel já tem pêlos espigados, tenho pena, tem a grossura ideal para um meio termo. Nem fino, nem grosso. É mediano, como a vida. Oh triste comparação. Auxiliei-me de 2 cores, magenta e azul, mais o preto. Queria pintar, independentemente do que fosse, do que saísse. Queria pintar, só pelo gosto sóbrio de demolhar o pincel na formula colorida da mistura de duas cores e percorrer papel limpo. Matar toda esta mancha branca que é uma folha sem graça quando nova. Não gosto da ausência. Não gosto da solidão. E é isso que para mim o branco é. Qual paz e serenidade... É vazio e perda. Também eu já fui branca como esta folha que cuidadosamente preencho com variadíssimas cores. Fiz de tudo para mudar isso. E agora sou vermelha. Qual estabilidade, audácia, charme e diversão.

1 comentário:

diana alba disse...

gostei muito mesmo (: