Ele fechou a porta e saboreou, passando com a língua pelos lábios, o beijo de despedida que tinham trocado tão docemente. O coração dele encheu. Amanhã estariam novamente juntos, isso é verdade. Mas o amor dele crescia demasiado rápido para sequer aguentar tantas horas sem sentir o corpo dela novamente junto ao seu. De ouvir o som mais bonito de sempre, o da sua gargalhada, e de a olhar bem naqueles grandes olhos verdes e ver que ela realmente está bem, e acima de tudo, que é feliz consigo. Sentou-se na berma da cama quando já se encontrava no quarto. Sorriu. Queria uma vida a seu lado. E para ele era ainda um pouco estranho esse tipo de pensamentos, era jovem e independente. Como seria viver só ele e ela? Não sabia, mas queria-o muito. Queria acordar ao seu lado todos os dias, e adormecer com o corpo dela a parecer tão pequeno comparado com o dele. Queria afagar-lhe o cabelo arruivado sempre que ela não conseguisse adormecer e fazerem amor sempre que ambos tivessem tal vontade. Queria almoçar e jantar com ela, apreciando a forma cuidada como agarra nos talheres. Ela é vegetariana e isso seria um problema, mas nada que não se resolvesse. Sabe de cor cada gosto dela, cada detalhe do seu corpo e da sua personalidade. Sabe que embora seja bastante desorganizada odeia atrasos, que não gosta de muito calor e odeia o frio. Sabe que o seu cheiro preferido é o da hortelã e adora tons quentes e primavís. Sabe que a sua grande paixão é sem dúvida o fundo do mar, e fazer mergulho. Que se perde fascinada e nostálgica ao ver todas as espécies possíveis de peixes em seu redor enlaçando-a, e toda a imaginação lhe escorre pelos poros debaixo do fato de mergulho. E por vezes, o quanto isso o preocupa, quando ela demora mais tempo do que devia lá debaixo e o coração dele lhe cai nas mãos. Uma vez trouxera-lhe um grande búzio das profundezas, e ele comovido mas sem jeito como é habitual, aceitou aquilo como a melhor prenda que poderia ter recebido. Sabe que ela tem uma marca de nascença em forma de folha no antebraço, e que não consegue dormir com as janelas abertas porque tem medo - e ele queria tanto ser o homem que a protegeria desses pequenos medos... Conhece-a como ninguém, tal como a ama mais que qualquer outra pessoa no mundo. Amava-a a ponto de querer um filho seu. Logo ele que nunca quis ter filhos porque acha que não se entenderia com crianças pequenas. Mas ele por ela faria tudo, e sabe que ela igualmente daria tudo por ele. Então saiu de casa decidido, de sorriso largo no rosto e olhos firmes mas felizes, ganhara finalmente coragem. A sua postura fulminava nervosismo, ansiedade e muito muito amor... Iria pedi-la em casamento, de uma vez por todas.
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